As ViagensMalta, uma Ilha no meio do Mar Mediterrâneo

Malta, uma Ilha no meio do Mar Mediterrâneo

Sabe aquela ilha no meio do Mar Mediterrâneo que quase ninguém conhece porque é um ponto perdido no meio da Europa? Isso é Malta! A primeira vez que visitamos a ilha foi em 2009, quando passamos três semanas por lá com a nossa família, visitando cada praia, cada cidade histórica, cada lugar paradisíaco, e tudo isso encantou nossos olhos. Malta é um pequeno país arquipélago localizado no Mediterrâneo e que se divide em três ilhas principais: Malta, a maior delas, Gozo e Comino.

Dessa vez fomos atender a um convite de negócios e tínhamos 2 noites e 3 dias para passarmos na fantástica ilha. Na realidade, emendamos uma viagem na outra, tínhamos acabado de chegar da Finlândia, descansamos um dia e lá fomos nós de novo para o aeroporto de East Midlands para pegar um voo em torno de 3 horas e meia até Malta. Em 2009, quando estivemos por lá, aconteceu um fato interessante, viemos da Suíça, fizemos uma conexão em Frankfurt (Alemanha) e ao entrarmos na imigração não passamos por nenhum controle aduaneiro, ou seja, não tinha um “fiscal” sequer para carimbar o passaporte. Muito preocupada com a possibilidade de que quando fosse sair não estivesse de acordo com a legalidade, corri pelos corredores do aeroporto de Malta, mas, ao falar com um fiscal ele simplesmente me disse assim: “- Você não é europeia? Está tudo bem, entra e sai a hora que quiser desta ilha”. Estivemos em setembro de 2009, retornamos em julho de 2018, quase 9 anos depois. O Aeroporto Internacional de Malta continua pequeno, com algumas pequenas reformas, mas, desta vez, passamos pela imigração (todos muito risonhos).


Passamos pela imigração, situação que não havia em 2009.

Lembrava muito da ilha, da vista do avião, do bege da região costeira em contraste com o verde do Mar Mediterrâneo, do calor de 40 graus e das longas subidas para chegar em todos os lugares. A ilha não mudou muito, o povo maltês não é muito organizado, uma mistura de italiano com turco e sei lá mais que raça, mas o povo não tem muita vontade de trabalhar depois de uma certa hora da tarde. O fato é que, dependendo do interlocutor, você poderá se comunicar em maltês, inglês ou italiano.


O povo maltês é católico e preserva as suas tradições
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Tive uma amiga maltesa que me contou que não gostava de namorar com homens malteses porque não tinha muitos desafios, a maioria tinha um único trabalho durante a vida inteira, tinha as mesmas rotinas e ganhavam o mesmo salário e isso a incomodava muito. Não sei se esta “reclamação” procede, mas por diversas vezes, nesta viagem de negócios, tive essa sensação. Ou seja, “vamos nos reunir amanhã, aproveite hoje”. E foi isso o que fizemos.


Malta é um dos arquipélagos mais lindos do mundo

Só para lembrar que Malta é um arquipélago, a 90 km ao sul da Itália, a 285 km da Tunísia e a 300 km do norte da Líbia e, por causa disso, pela posição estratégica, foi bombardeada na primeira e na segunda guerras mundiais. Atualmente tem em torno 455 mil habitantes que convivem com mais ou menos 500 mil turistas por ano e, aproximadamente, 100 mil estudantes que procuram suas escolas de inglês e universidades para dar um “up” na sua carreira profissional. Andando pela ilha se encontra um universo de idiomas e de cidadãos italianos, russos, turcos, africanos, brasileiros, espanhóis, húngaros e por aí vai. Malta é densamente povoada e o trânsito em determinados horários é caótico. Andar de táxi é um luxo e ônibus, até que circula, mas o esquema é um tanto desorganizado. Dependendo do lugar que você está e para onde você vai, o negócio é andar a pé, pelas ruas de Malta.


As ruas são semelhantes, fácil de se perder na ilha. Tem que saber até o nome da casa.

Ah, e tem mais um detalhe: praticamente todas as casas do país são iguais, todas foram construídas com uma pedra amarelada, quase bege, que, olhando superficialmente, parece que você não saiu do lugar, algo parecido com a Grécia.

No nosso primeiro dia ficamos perdidos (estávamos hospedados em uma residência Triq it Tiben, bairro bem próximo ao centro da cidade), um calor infernal de 40 graus na cabeça, e resolvemos dar uma em passada em Paceville (centrinho de St Julian’s Bay). Andamos 20 minutos a pé, noite mal iluminada e acabamos em um autêntico pub inglês chamado The Drayton (Triq Elia Zammit em St Julians) e tomamos duas cervejas. Malta é um destino de férias menos movimentado do que as populares praias portuguesas e espanholas. No entanto, esta pequena ilha é pitoresca e ensolarada como qualquer outro destino de praia popular no Mediterrâneo. Mesmo à noite, Malta não oferece perigo algum.


Paceville é uma rua de entretenimento bem no meio de St Julians

Paceville é uma pequena área central perto da praia, onde tem numerosos clubes de dança (“strip dance”), bares e restaurantes estilo “dance clubs”, cheios de grandes grupos de jovens andando de um lado para o outro. Esse é o coração de entretenimento de Malta. Durante as semanas de verão de julho e agosto, Paceville fica aberta por cerca de 20 horas por dia. Nos finais de semana, a festa quase sempre vai até às 5 ou 6 da madrugada. A maioria dos bares e clubes está localizada em uma quadra, praticamente uma rua longa, a maior parte com entrada franca. Os clubes estão todos um ao lado do outro ou em frente ao outro, poucos metros de distância entre eles. Então, se você está nessa área não precisará utilizar meios de transporte. A diferença que sentimos em Paceville, entre 2009 e 2018, foi exatamente o que está acontecendo no mundo inteiro, a maioria das empresas (principalmente de entretenimento noturno) fecha com muita rapidez (com raras exceções) e foi isso o que aconteceu em Paceville. Algumas boates viraram bares de petiscos, muitas pizzarias e bares de “cocktails” (esses que estão super na moda).


A irreverência dos turistas faz parte das praias maltesas.

Lembramos que, em 2009, tinha muitas casas de “striptease”, mas diminuíram drasticamente, e vimos muitas mulheres atacando literalmente os homens no meio de Paceville (e isto não repercutiu muito bem). Na realidade, aquelas festas jovens continuam, mas de uma forma mais “pesada” em todos os sentidos. Chegamos a andar pela St George´s Bay, naquela noite com uma brisa muito gostosa.



A brisa de St George´s Bay acalmou a noite de 40 graus.

No outro dia retornamos para olhar a paisagem de St Julians e vimos o edifício mais alto de Malta, a Torre Portomaso, que tem 98 metros de altura. St Julians tem uma população de cerca de 8.000 habitantes (durante o ano, mas passa a quase 80.000 no verão). A extensão de areia é pequena e o espaço é disputadíssimo. Antes do ano 1800, St Julians era apenas uma pequena vila de pescadores em torno das baías de Balluta e Spinola, com pouquíssimos edifícios, exceto o Palácio Spinola, a antiga igreja paroquial, algumas cabanas de pescadores e algumas casas de fazenda no campo. Parece que a área de St Julians permaneceu rural por tanto tempo por causa da preocupação com os ataques dos muçulmanos. Mas, a partir do crescimento da atividade turística, pelos anos 1970, com a invasão dos italianos e de outros europeus, a pequena praia ficou muito badalada.


Paceville revitalizada com prédios e ruas estruturadas para receber turistas.

Almoçamos por duas vezes no mesmo lugar em Paceville, em uma lanchonete chamada Corner Food Stores (Triq), bem próxima à St George’s Bay e comemos o melhor sanduíche de salmão da Europa, com verduras orgânicas e pães frescos, acompanhado de sucos super bem criativos.


O melhor lanche com produtos orgânicos de Malta.

Como tínhamos tempo de sobra, foi-nos oferecido um passeio para a capital de Malta, a cidade de Valletta. É a menor capital nacional de um país da União Europeia, com apenas 0,8 km2. Sua maior cidade é Birkirkara, enquanto seu principal centro econômico é Sliema.


Valletta totalmente revitalizada como Capital Cultural da União Europeia.

Da outra vez que estivemos por lá achamos Valletta muito descuidada, prédios antigos e mal cuidados, mas foi outro cenário que encontramos desta vez. Fomos de ônibus para Valletta, com uma excursão de estudantes russos, e ficamos “boquiabertos” positivamente. Em 2012, Valletta recebeu o convite da Comunidade Europeia para ser a Capital Europeia da Cultura em 2018. A Comissão da União Europeia, com a aprovação do Parlamento Europeu, somente concede esse título a cidades que são ricas em história e com potencial para fortalecer ainda mais seus setores culturais e socioeconômicos. De 2012 até 2014 Valletta virou um “canteiro de obras” e se tornou um dos lugares mais bonitos do mundo, em termos de beleza histórica e cultural. Valletta é uma pequena e antiga cidade murada, com ruas de pedra e edifícios históricos. Poucas pessoas realmente moram na cidade, talvez porque receba na alta temporada um número gigante de navios de cruzeiros, onde multidões de turistas bloqueiam as ruas estreitas, pois param a cada segundo para comprar nas lojinhas de souvenirs, passear e fotografar. Estima-se que o Porto de Valletta receba mais de meio milhão de passageiros de cruzeiros por ano.


As fachadas dos prédios antigos foram remodeladas

Lembrando um pouco a história, Malta é um país religioso e os Cavaleiros Católicos Romanos de São João foram os que construíram a muralha que fica em torno da cidade de Valletta. Os Cavaleiros governaram Malta de 1530 a 1798, o que deixa a cidade com um ar misterioso, tipo “Cavaleiros do Templário” e outras lendas. Tem muito dos hábitos dos ingleses, como as cabines telefônicas vermelhas por toda parte, além de uma estátua da rainha Victória. Por onde se circula, atualmente vê-se várias estátuas de santos, o que dá um colorido especial às ruas da cidade. A arquitetura barroca presente nos prédios, temperada pelo calcário das pedras de cor bege, faz Valletta parecer surreal. Varandas de madeira fechadas são uma característica particular, situação essa que encontramos muito em 2009.

Nossa surpresa positiva começou quando entramos em Valletta. Antigamente era um portão de acesso às muralhas, cercado por carruagens antigas que os turistas utilizavam para dar um passeio. Hoje, bem na entrada da cidade, tem um monumento que dá um design novo ao portão de entrada da cidade com a criação da Piazza de Valette (em homenagem aos soldados da Segunda Guerra Mundial).


Piazza de Valette, a reestruturação dos monumentos de Valletta.

Foi reformado, também, o teatro histórico que tinha sido abandonado desde a sua devastação na Segunda Guerra Mundial. O tema difundido em Valletta como a Capital da Cultura da Comunidade Europeia está baseado em quatro elementos temáticos: Gerações, Rotas, Cidades e Ilhas. Mas, além das reformas nos prédios antigos, durante o ano de 2018, Valletta está apresentando uma série de eventos que servirão de inspiração para outras cidades com base nestes mesmos temas. Esses eventos são festas religiosas (tem 366 igrejas no arquipélago), festivais de música jovem, além das tradicionais que compõem as festividades de cada comunidade (cidades). Caminhamos com o grupo e nos deparamos com a vista mais linda de Malta, o Grand Harbour.


A vista panorâmica mais fotografada na Ilha.

O Grande Porto (Il-Port Il-Kbir) em Malta é considerado o maior patrimônio geográfico e um atrativo cultural histórico da ilha. O Grand Harbour tem o seu valor também dentro da arquitetura militar. Malta sempre teve um significado comercial e político extremo, um fato refletido na longa e tumultuada história da ilha. O Grande Porto de Valletta também desempenhou um papel enorme nessa história como o maior e certamente o porto mais dramático do Mediterrâneo, devido às grandes guerras que por lá aconteceram. Todos os que vão a Malta tem que tirar esta foto tradicional, bem como apreciar o jardim da área de entorno.


O jardim mais famoso de Malta, Il-Port Il-Kbir

Assistimos a um espetáculo com canhões de guerra junto ao Porto, uma espécie de teatralização dos tempos de guerra, com direito a tiros de canhão e tudo o mais. Acabamos lanchando no Caffe Cordina (244, Republic Street Valletta), a famosa rosca de laranja chamada Honey Ring acompanhada de uma cerveja maltesa Cisk.


A famosa rosca de laranja chamada Honey Ring acompanhada de uma cerveja maltesa Cisk.

Andamos pelas ruas de Valletta, fizemos compras nas lojas e comemos um delicioso lanche. Aliás, Malta é famosa pelas pizzas com a base feita com batatas, vendidas em diversas bancas espalhadas por todos os lugares, inclusive na cidade de Valletta.

Voltamos loucos de fome e fomos comer em um restaurante italiano chamado Vago (Triq Tal – Ibrag), que ficava a uns 5 minutos da nossa casa onde estávamos hospedados.


O “mushroom risotto” (risoto de cogumelos) estava uma delícia.

Era um daqueles restaurantes que você “não acredita” muito, mas por causa do visual, por ter uma fachada comum. Fomos super bem atendidos e comemos um “mushroom risotto” que custou 25,00 euros para duas pessoas (preço muito bom), tomamos um vinho branco chamado Corvo (italiano), excelente, e pagamos 8 euros. Uma delícia e muito bem servido.


Revitalização dos prédios em St Julians.

Os ingleses preferem passar as férias em Malta porque é menos movimentada do que as populares praias portuguesas e espanholas. E esse número vem aumentando em muito a cada ano, devido aos inúmeros resorts que foram construídos nestes últimos anos no país.


O número de resorts em Malta foi multiplicado em 9 anos.

Minha opinião sobre Malta de 2018 em relação a 2009: continua a mesma em alguns aspectos, mas apesar do pouco tempo que tivemos desta vez, conseguimos perceber pequenas alterações.

Mas, afinal, qual a mudança real de Malta?! Desde 1964, quando criou a sua independência da Inglaterra, Malta vem mudando em muitos sentidos. Antes, Malta era uma ilha colonizada e passou a ser um país independente. Muitas mudanças vieram, hoje Malta pertence à Comunidade Europeia, à Organização das Nações Unidas, e começou a ser reconhecida como nação por outros países.  Em 2009, por exemplo, vimos a dificuldade dos malteses em fazer a conversão da libra maltesa (que tinha um valor superior ao euro na época), e vimos muitos cardápios nos restaurantes com as duas moedas e alguns erros, onde, muitas vezes, o empreendedor tinha prejuízos.

O desenvolvimento do turismo e a criação da própria linha aérea Air Malta, significou que os malteses tiveram um aumento nos seus horizontes em termos de intelecto, com a vinda de inúmeros estudantes estrangeiros para aprender inglês na ilha, além de ter ampliado exponencialmente a economia de Malta.


O país virou um ícone no aprendizado da língua inglesa para jovens estrangeiros.

Muitos filmes tiveram como cenário a Ilha de Malta, o que realmente alavancou a economia local, dentre os quais: 13 Horas, Os Soldados Secretos de Benghazi, By the Sea (2015, o último filme de Brad Pitt e Angelina Jolie), Capitão Phillips, Expresso da Meia Noite, o Gladiador, Popeye, Conde de Monte Cristo e o famoso World War Z, com Brad Pitt. E tantos outros que não cabe descrever aqui.

Deu para perceber nessa última visita que teve um leve aumento de trabalhadores estrangeiros nos bares e restaurantes. Tem muitos russos, eslovenos, italianos e até mesmo ingleses trabalhando no país, até porque Malta está inclusa na União Europeia.

Em 2005, o governo de Malta reformou o sistema educacional, saiu do sistema britânico e criou colégios regionais particulares, consistindo em escolas primárias e secundárias, e ampliou o número de faculdades.

Ah, nossa reunião de negócios saiu, mas quase na hora de pegarmos o voo para a Inglaterra, o que confirmou a tese da minha amiga maltesa de que o povo era tranquilo demais por essas terras.

Dicas de Malta

O sistema público de transporte melhorou muito. Os ônibus, antes conhecidos por serem coloridos e charmosos, são, desde 2011, funcionais veículos de empresa privada. Os valores dos bilhetes são relativamente baixos se comparados com o resto da Europa, mas os ônibus também são um pouco menos pontuais do que no restante do continente (não conseguimos pegar um sequer, porque não deu tempo).


Em 2009 não tinha linha de ônibus regular.

As ruas maltesas são muito parecidas e perder-se é muito comum. Portanto, ao sair pela cidade a pé tem que levar o nome da casa (casa lá tem nome), além do nome da rua. Ah, tem que anotar os pontos e lugares que você julga diferentes, porque senão se perde mesmo. Desde 2009, a sinalização continua a mesma, a gente continua se perdendo muito nas ruas de Malta.

Tem ônibus que leva até o aeroporto, isso é novidade. Os ônibus que fazem esse caminho são identificados com a letra X antes do número e em geral têm um espaço maior para os passageiros colocarem sua bagagem.

Outra novidade é que tem uma balsa entre Valletta e Sliema, o que ajuda muito a ver Malta por outro ângulo panorâmico.

Mas a “careza” dos táxis continua a mesma, em caso de alguma emergência e se tiver que pegar um táxi, procure pelos carros pretos, que cobram uma tarifa acordada, a qual vai depender de que cidade e para qual cidade você está indo (lembre-se que Malta é pequena e Sliema, Valletta, Buggiba, etc. são cidadesdiferentes, e não bairros, como a maioria dos turistas costuma pensar).

Desta vez não tivemos tempo de visitar os maiores atrativos turísticos de Malta, como a Lagoa Azul, a Ilha de Gozo, as igrejas e os museus com seus tesouros milenares e, até mesmo, a Vila do Popeye. Mas esperamos, em breve, voltar a curtir esta ilha maravilhosa.

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