As ViagensLuxemburgo, o Cenário da Memória de Infância

Luxemburgo, o Cenário da Memória de Infância

Dentro da ótica de continuar visitando os principais microestados da Europa, chegou a hora de conhecer Luxemburgo. Só para esclarecer, Luxemburgo é um Grão-Ducado, sendo governado por um Grão-Duque, desde 1815. Os demais microestados, em sua maioria, são Principados, territórios governados por um Príncipe. São distintos de um Reino, seja porque são microestados propriamente ditos, ou porque não têm soberania total. Luxemburgo ocupa o sétimo lugar na lista dos menores países da Europa. Sua superfície total é de 2.586 km2 e mede 82 km de comprimento e 57 km de largura. O país tem três línguas oficiais: luxemburguês, alemão e francês, mas o inglês é amplamente falado e em torno de 20% da população também fala português. Fomos em abril de 2019, feriadão de Páscoa, para uma viagem de 6 dias e 5 noites. Na Inglaterra, o Feriado de Easter (Páscoa) é o maior do ano, são quase duas semanas de férias escolares. Todos os colégios, algumas empresas e faculdades fazem umas miniférias. Saímos de manhã para a estação de trem de Nottingham, mas foi uma confusão daquelas e perdemos o trem das 9 horas com destino a Londres. Trocamos o ticket e pegamos o das 10h15min, mediante pagamento da diferença de tarifa. Duas horas depois, chegamos em Londres na estação St Pancras Internacional. Aliás, é uma estação fácil de se locomover porque dela se anda por toda a cidade, com a integração por metrô e outros trens para os aeroportos, outras cidades e países, além de, nas cercanias, estarem disponíveis táxis e ônibus.

O Eurotúnel

Considerado uma das sete maravilhas do mundo em termos de engenharia, o Eurotúnel é a “ligação por terra”, entre o Reino Unido e o restante da Europa. Antigamente, vale reforçar, na época em que não existiam as companhias aéreas de “baixo custo” e nem o Eurotúnel sob o canal da Mancha, ir de Londres para qualquer lugar no continente europeu, para quem não podia pagar as altas tarifas aéreas, era uma aventura. Para ir para Paris, uma das opções era ir de trem de Londres para Dover, no sul da Inglaterra, e de lá pegar um ferry-boat que fazia a travessia. Na França, o porto de destino era Calais, onde havia troca para o trem novamente. No total, considerando as trocas e as esperas, o tempo total de viagem era superior a 9 horas.


Da janela do TGV se via uma paisagem em alta velocidade.

Nosso destino era Luxemburgo, mas queríamos experimentar a tal travessia do Eurotúnel (túnel ferroviário de 50,5 quilômetros de extensão que liga a cidade de Folkestone, Kent, na Inglaterra a Coquelles em Pas-de Calais no norte da França, sob o Canal da Mancha, no Estreito de Dove). Tivemos que fazer a imigração na própria Estação de St Pancras, antes de entrar no trem com destino a Paris. Igualzinho a um aeroporto normal, com exceção dos líquidos, que são livres, passando pelo controle de malas e o reconhecimento facial do passaporte. A viagem entre Londres e Paris leva 2 horas e meia, aproximadamente. Pegamos um trem da Eurostar (a única companhia de trem que faz o Eurotúnel, uma das maiores da Europa especializada em TGVs, os famosos “trens-bala”). O trecho da travessia do Eurotúnel leva em torno de 35 minutos. Com os “olhos que nem uma pepita” olhávamos por todos os lados, para ver o que se via de diferente. A paisagem começa a ficar diferenciada com a aproximação do túnel; pela janela do trem se percebe um maior número de postes e cercas de proteção e logo se entra no corredor que escurece a visão através das janelas. Por pouco mais de meia hora se tem a sensação de estar passando por um “buraconegro”. Surgem na memória várias informações já lidas anteriormente. Uma delas é que o Eurotúnel é considerado, atualmente, o segundo maior túnel ferroviário do mundo, inferior apenas ao túnel de Seikan, que liga as ilhas de Hokkaido e Honshu no Japão. Que o mesmo tem 57 km de comprimento, mas que se anda por baixo da água em torno de 51 km a uma profundidade de 75 metros e a travessia dura 35 minutos. A  obra é composta por três túneis localizados entre 40 a 70 metros abaixo do nível do mar. Dois dos seus túneis são utilizados para o transporte de carros, caminhões e passageiros. Também se sabe que existe uma empresa chamada “Eurotúnel Le Shuttle” que transporta veículos de passageiros (carros, motocicletas, veículos com reboque, caravanas e ônibus de passageiros) através de um dos corredores de acesso. E o terceiro túnel é destinado para ventilação.


Transporte feito com a maior segurança.

Paris – Estação Gare du Nord

Chegamos em Paris na Estação Gare du Nord, e tivemos que trocar de estação de trem. Dali andamos por 10 minutos a pé e chegamos na Estação Gare de L’est, de onde saía o trem para Luxemburgo. Andamos pelas ruas de Paris, cruzamos poucas quadras, mas com certo receio, muitos imigrantes, zona um tanto “perigosa” para furtos ou roubos. A Estação Gare de L’est é bem segura e conta com uma boa estrutura de banheiros e lanchonetes. Um lanche com “quiches” (tortinhas salgadas tipicamente francesas) e com os refrigerantes custou aproximadamente 11 euros. Pegamos mais um trem TGV até Luxemburgo, pagamos 49 euros (cada) e a viagem durou aproximadamente 3 horas, foi rápido. Tanto o trem de Londres para Paris como o trem de Paris até Luxemburgo eram bons, mas não tinham muito conforto para esticar as pernas, segunda classe né!!


Luxembourg é o nome do país e da capital.

A pequena história de Luxemburgo

No ano de 963, um conde chamado Siegfried – um carolíngio de sangue – e descendente de Carlos Magno, por parte de sua mãe, adquiriu da abadia de São Maximino, em Trier, um promontório rochoso que se estendia sobre o vale do rio Alzette. De acordo com a escritura que registrou a transação, um pequeno reduto chamado “Lucilinburhuc” estava ali localizado na época. Provavelmente foi de origem romana. Foi lá que o nome de Luxemburgo apareceu pela primeira vez na história. O nome passaria para a cidade que tomava forma e depois seria entregue ao país que se desenvolvia em torno daquela cidade. Hoje em dia, a cidade principal (capital) e o país têm o mesmo nome. Segundo a lenda, o Conde Siegfried seria casado com Melusina, uma sereia que se tornou parte do folclore europeu e que desapareceria sob as ondas do Rio Alzette.

A chegada na cidade…

Chegamos na cidade de Luxemburgo (mesmo nome do país), quase 9 horas da noite e fomos para o Restaurante Vapiano (em frente à Estação Férrea, na 28-32 Place de La Gare 1616).


Restaurante Vapiano, comida farta no estilo alemão e preço bom.

Nosso jantar, uma salada caesar e uma cerveja para cada um, totalizou 30 euros. Deu para perceber que a gastronomia local tinha muito a influência da Alemanha, pelo tamanho do prato (fartura). Bem no final, tocou o celular, e uma voz do outro lado “- Vocês já chegaram na cidade…” Era a dona do hotel!! Pegamos um táxi (carro super luxo, o motorista mais parecia um “playboy” de academia) e em poucos minutos estávamos no hotel; a corrida custou caro, para andarmos menos de 10 minutos. O Hotel-Restaurant Chez Anna et Jean (248 Route de Thionville, Quartier Bonnevoie) era antigo, e a dona estava nos esperando. Só para ilustrar, pagamos 380 euros para ficarmos 5 noites. A mulher tinha uns 50 anos, baixinha, vestida com roupas dos anos 1930, cabelo desgrenhado, anotou todos os nossos dados em um caderninho. Aff, parecia uma cena de filme da década de 1950 (nada de preenchimento de formulário, celular ou qualquer tipo de controle hoteleiro on line). Após ela nos dar algumas instruções entramos no nosso quarto todo vermelho. O mesmo tinha móveis antigos, mas tudo muito limpo. Achamos uma delicadeza da dona (não sei o nome), quando nos avisou que, se não acordássemos no horário, ela traria uma bandeja para tomarmos o café no quarto. São pequenos atos como esses que fazem a diferença na hotelaria.

Luxemburgo e a sua “sacada” do mundo

No nosso segundo dia, acordamos doloridos de tanto levarmos as mochilas nas costas. O café da manhã no hotel foi simples, muito parecido com o servido nos hotéis franceses, muitos pães diferentes, geléias, patês, manteigas, requeijões e outros tipos. Pegamos a linha 192 em frente ao nosso hotel e pagamos 2 euros por pessoa para circular o dia inteiro. Descemos no Centro Histórico (Place D’Armes) e um vento gelado tomou conta do corpo; bem que haviam me falado que o vento frio de Luxemburgo era de doer. Em pleno abril, o frio cortava pelas ruelas do centro da cidade. Andamos pelo centro histórico e gostamos do que vimos. Lugar limpo (a maioria dos centros históricos das cidades são descuidados). Circulamos pela “Place D’Armes” e paramos em uma loja para pegar um mapa turístico. Como sempre, não seguimos um padrão de roteiro, gostamos de circular pela cidade e descobrir recantos e ruelas diferentes, preferimos o inusitado.


Place de La Constitution e estátua da “Gëlle Fra”.

Fomos parar na Place de La Constitution, onde está localizado o símbolo da cidade, um obelisco com uma estátua de uma mulher dourada, construído em memória dos luxemburgueses que morreram em serviço voluntário com as Forças Aliadas na Primeira Guerra Mundial. O monumento é encimado por uma estátua de bronze dourada segurando uma coroa de louros – a “Gëlle Fra” – representando que ela está amparando toda a nação luxemburguesa. A estátua foi criada por Claus Cito e é um dos símbolos nacionais de Luxemburgo. A segunda é a incrível visão que oferece sobre o vale inferior e os altos distritos da capital. Vimos também a ponte Adolphe, um dos cartões postais da cidade. 


A Pont Adolphe é a ponte mais famosa do país.

Tem arco duplo e possui 153 metros de comprimento. Os moradores locais não chamam essa ponte de “Pont Adolphe”, mas sim de “d’Nei Bre’ck”. Foi construída em 1903, e é uma ponte muito bonita na sua arquitetura, em forma de arcos gigantes. Debaixo da ponte está o maravilhoso Vale do Pétrusse. A vista rende boas fotos. Fomos visitar a “Casemates du Bock”, mas estava fechada. Dali seguimos em direção à Catedral “Notre-Dame” do Luxemburgo (Roosevelt Bulevard), igreja católica romana. É uma igreja absurdamente linda, construída entre 1613 e 1621 pelos jesuítas para servir de igreja ao seu colégio (agora é a Biblioteca Nacional). Para aqueles que curtem arquitetura, a igreja tem estilo gótico, e, no final do século XVIII, recebeu a imagem da Maria Consolatrix Afflororum, padroeira da cidade de Luxemburgo.



Catedral de Notre Dame, uma das igrejas mais lindas da Europa.

O que chama a atenção na igreja são os portões, as colunas decoradas com arabescos, os belíssimos vitrais dos séculos XIX e XX, os confessionários de madeira estilo neogótico, as esculturas modernas em baixo-relevo, os portões de bronze Auguste Trémont, sendo todos dignos deste esplêndido santuário. Fomos até a Cripta, o lugar de descanso de João, o Cego, Rei da Boêmia e Conde de Luxemburgo, bem como de membros falecidos da família Grão-Ducal. A catedral tem 3 torres, a oeste contém os sinos e a leste e a central são magníficas. A magnitude do órgão central da catedral também chama a atenção e deve ter um som espetacular em dias de apresentação. Continuamos andando pela cidade e fomos parar em uma lanchonete chamada “Brasserie Café Greco” (5 Plateau du St Esprit 1475), onde comemos dois hambúrgueres com fritas e dois refrigerantes, a 26 euros. Muito ruim o lanche, não recomendamos o mesmo. Aliás, mania que a gente tem de cair nestas armadilhas de lanchonetes localizadas em centros turísticos, pois na maioria das vezes a qualidade é ruim. Seguimos em frente e passamos pela Place Clairefontaine, onde tem a estátua em homenagem à Grã-Duquesa Charlotte.


Estátua da Grã-Duquesa Charlotte na Place Clairefontaine.

A Place Clairefontaine (em frente à Catedral de “Notre Dame”) é o lugar das famosas estátuas de Luxemburgo, começando pela Grã-Duquesa Charlotte. Do outro lado da praça está uma escultura menos convencional de um homem, que à primeira vista parece ter sido esculpida em madeira, mas chegando mais próximo se vê que é de metal. A Grã-Duquesa Charlotte teve importância na política de Luxemburgo porque precisou lidar com a parte revolucionária do país. Num referendo sobre a nova constituição de 28 de setembro de 1919, 77,8% do povo luxemburguês votou pela continuação de uma monarquia Grão-Ducal, tendo Charlotte como chefe de Estado. Nessa constituição, o poder do monarca foi severamente restringido, mas devido a sua grande capacidade política, conseguiu permanecer no poder. Durante a ocupação alemã do país, na Segunda Guerra Mundial, Charlotte ficou exilada em Londres e tornou-se um símbolo importante para a unidade nacional do país.

Continuando o passeio, nosso objetivo era encontrar a tal “Sacada do Mundo”, a Chemin de La Corniche, e adoramos o lugar.


Uma das vistas da sacada do mundo – Chemin de La Corniche.

A caminhada é super cênica até a Cidadela do Espírito Santo, seguindo as antigas muralhasA caminhada é de cerca de apenas 500 metros de comprimento e, definitivamente, é uma das coisas mais legais de se ver na cidade de Luxemburgo. Inúmeros turistas circulam de um lado para o outro na muralha e têm muitos pontos para tirar fotos. O lugar parece um cartão postal, ou melhor, aquela foto de calendário antigo, aquelas paisagens que você sabe que se situam na Europa, não sabe bem onde estão, mas sabe que são lindas.  É considerada a “sacada” mais bonita da Europa. O passeio se dá por cima das antigas muralhas, construídas pelos franceses e espanhóis. A vista que se tem lá de cima é para o vale que fica abaixo e, do outro lado do Rio Alzette, se vê o Distrito de Ground (considerada a parte de baixo da sacada) com casas antigas, aquelas paisagens que só se vê em filmes da Disney, com a sensação de um “conto de fadas”.

Seguimos adiante, um frio cortante, e entramos na Casamata Pétrusse, pois a Casamata Bock estava fechada. Falamos com um músico que estava de porteiro, o qual disse que um disco de um músico brasileiro especializado em soul, de 1972, vale 2500 euros em Luxemburgo. E citou mais alguns nomes desconhecidos para nós. Não é a primeira vez que nos deparamos com uma situação dessas, ou seja, os músicos que fazem sucesso no exterior não são os mesmos que estão tocando nas rádios brasileiras.


Casamatas são um complexo de galerias localizadas em um rochedo.

Falando em casamatas, são um complexo de galerias localizadas em um rochedo que serviram de abrigo para os moradores de Luxemburgo durante as duas guerras mundiais. Desde 1950 estão abertas para os turistas. Dos 23 km, só restam 17 km, com 40 metros de profundidade.


Vista interna da Casamata Pétrusse.

A visita não é recomendada para quem tem claustrofobia, porque há alguns trechos em que se sobe ou desce escadas bem estreitas, todas de pedra. Em alguns momentos, se vê a cidade através das janelas panorâmicas (buracos na casamata) que são totalmente gradeados e seguros. O dia estava claro (em abril começa a escurecer mais tarde na Europa) e fomos visitar a Igreja de São Miguel (Eglise Saint-Michel). Considerada a igreja mais antiga da cidade do Luxemburgo, foi construída em 987 como a capela do Conde de Luxemburgo; a estrutura foi destruída e renovada várias vezes e, atualmente, emana uma aparência gótica que data de 1519. Nossa visita foi rápida e valeu pela imagem de São Miguel Arcanjo, em uma das laterais da igreja.

Logo a seguir, entramos em um pub ao lado da igreja chamado The Tube (8 Rue Sigefroi, 2536). Estávamos tão acostumados a frequentar pubs na Inglaterra, que a nossa entrada foi quase que compulsória. O lugar era no estilo “pub inglês”, mas moderno. O design interno era muito semelhante a um pub do Reino Unido, e até os donos tinham a cara de ingleses (ou irlandeses). Engraçado que vimos ambos dando umas “bicadas” na cerveja junto com os clientes, num ambiente “prá lá” de casual. Tomamos Bofferding (branca) e Batin (blond) e pagamos 4 euros cada. Um dos grandes segredos para se conhecer a gastronomia local é ir nos supermercados das cidades visitadas, é lá que se conhece os hábitos e costumes de um povo. Fomos a pé até o supermercado Monoprix (3-11 Rue Du Fort Bourbom 1249), mesma rede francesa. Compramos vinho e queijos. A surpresa é que deixamos a salada (principal refeição do jantar) no caixa do mercado. Não teve jeito, o negócio foi ir até o centro e pegar um “China in box” que, por sinal, estava uma delícia, acompanhado de um excelente vinho local, um Pinot Luxemburgo, da Vinícola Domaines Vinsmoselle. Sempre gostamos de estudar um pouco mais sobre os vinhos locais. Domaines Vinsmoselle é o maior produtor de vinhos de Luxemburgo, uma cooperativa que funciona desde 1921 e produz vinhos de alta qualidade, os quais foram premiados em diversas competições internacionais. Por 42 quilômetros, o rio Moselle faz fronteira com a Alemanha. Estendendo-se de “Three Country Corner”, no Sul, até Wasserbillig, no Norte, suas margens ocidentais são marcadas por vinhedos perfeitamente cuidados em torno das pitorescas vilas de produtores de vinho. A predominância de vinhos locais no Monoprix (supermercado) não era em grande quantidade, mas os de menor preço eram de, aproximadamente, 5 euros, sendo que, pagando mais 1 ou 2 euros a mais por garrafa, tinha muita variedade de qualidade. Os Domaines Vinsmoselle, líderes no mercado do vinho de Luxemburgo, aproveitam a diversidade de solos do Vale do Moselle para produzir vinhos brancos ricos e variados com sabores únicos. Foi uma descoberta agradável e saborosa.

E caiu neve na cidade…

O terceiro dia chegou gelado, mas tão gelado, que deu vontade de ficar debaixo das cobertas (1 grau). Fomos tomar o tal café do hotel, loucos por um mexido de ovos com café preto, mas não teve jeito, aqui é o mesmo sistema da maioria dos hotéis franceses. A senhora nos trouxe o cestinho com pães frescos de vários tipos, geleias, manteigas, requeijões, nutella, um copo de suco de laranja e um bule de café. Depois, lá fomos nós pegar o ônibus em frente ao hotel (Linhas 144, 192 e 194), e qual não foi a nossa surpresa ao saber que o ônibus era gratuito aos sábados. Em algumas cidades brasileiras até tem este dia, mas sempre é um dia de “bus lotado”, mas não era o caso. Descemos no centro e fomos direto para uma “Feirinha de Antiguidades”, junto à “Place D’Armes”. Muito interessante, porque, ao contrário de muitas que a gente conhece pelo mundo afora, essa vendia vários artigos de qualidade com preços bons. Comprei uma boneca de porcelana “Pierrot”, por 5 euros, uma verdadeira preciosidade. Também compramos moedas antigas (“old coins”) do Grão-Ducado de Luxemburgo. Dali andamos mais um pouco e começou a nevar mais suave, blocos de neve em forma de algodão que “teimavam” em assustar turistas e moradores. Mas não era uma neve daquelas que deixa o povo molhado, essa era da realeza do Grão-Ducado, fina, suave, branca e que passava uma magia surreal nas ruelas da cidade velha de Luxemburgo. Começamos a ver as lojas que cercavam a “Place D’Armes” e observamos que muitas das melhores grifes mundiais ali estavam posicionadas. Levamos um susto, pois vimos uma arara de roupas na frente de uma loja com promoção de 50 por cento e fomos conferir, mas uma blusa de verão simples custava 127 euros. “Jezuiz!!!” Logo a seguir, passamos por algumas “Brasseries”, uma espécie de boutique de pães, com diversas formas e cores dos melhores produtos do gênero no mundo. A ideia era pegar o ônibus turístico “City Sightseing Luxemburgo” e andar pela cidade, com validade de 24 horas.


O Pétrusse Express circula pelo Centro Histórico da cidade.

Na cidade circulam 3 tipos de transportes turísticos: um ônibus para a linha verde, outro para a linha vermelha e um trenzinho verde chamado Pétrusse Express que anda pelo Centro Histórico da cidade, com trajeto de 45 minutos de duração. A verde custa 13 euros, a vermelha 18 euros e o trenzinho 15 euros. Todos têm como ponto de partida, a Place de La Constitution. Mas o dia estava nublado, quase escuro, a neve estava bem insistente, e como circular com esse gelo pela cidade não era uma boa ideia, desistimos de andar de “hop-on hop-off”.

Então, decidimos visitar o elevador Pfaffenthal (o elevador de vidro que liga o parque “Pescatore”, localizado no centro da cidade, à área de Pfaffenthal, no fundo do vale de Alzette).

O passeio pelo elevador de vidro apresenta uma vista deslumbrante (71 metros de altura) para pedestres e ciclistas. O uso do elevador é gratuito e o mesmo funciona todos os dias das 6 da manhã até à uma hora da madrugada. Pegamos um ônibus urbano e fomos para o tal lugar.


Fundação dos Pescadores, um prédio muito bonito e antigo tombado pela UNESCO.

Descemos perto e, por acaso, ficamos em frente ao um palácio chamado Fundação dos Pescadores, um prédio muito bonito e antigo, tombado pela UNESCO, em frente a uma praça do mesmo nome. Antigamente era uma casa de repouso para idosos e, atualmente, é uma fundação de arrecadação para caridade. Uma curiosidade, descemos em uma parada de ônibus e bem em frente havia uma loja chamada “Royal Second Hand” (traduzindo “brechó”). Realmente, o lugar era lindo, só roupas “reais de cara”, vimos algumas bolsas “bem usadas” de grife na média de 350 euros. Logo veio à nossa mente os famosos brechós de Nottingham (“charity shops”), que se algo passar de 10 pounds (ou 12 euros) é considerado um “assalto a mão armada”. Chegamos à conclusão que a “realeza estava cara”. Qual não foi a nossa surpresa ao encontrarmos brasileiros fazendo “comprinhas” no local. Nada contra, mas deixa para lá! Passamos em frente ao Banco de Investimento de Luxemburgo, todo envidraçado, e nas vidraças estavam coladas umas notas gigantes de 100 e 200 euros, “prato cheio” para tirar aquelas fotos “maluquetes” de viagem. O escore de liberdade econômica de Luxemburgo é de 75,9, tornando sua economia a 17ª mais livre no índice de 2019. Sua pontuação geral diminuiu em 0,5 pontos, com quedas na eficácia judicial e liberdade monetária, esmagando uma melhoria na integridade do governo. Luxemburgo ocupa a 9ª posição entre os 44 países da região da Europa, e sua pontuação geral está acima das médias regional e mundial. Só para ilustrar, Luxemburgo é um dos países mais ricos do mundo. Ele tem um dos maiores superávits em conta corrente da zona do euro como parcela do PIB, mantém uma situação orçamentária excelente e tem o menor nível de dívida pública da Europa. A competitividade econômica é sustentada pelos sólidos fundamentos institucionais de um sistema de mercado aberto. O judiciário, independente e livre de corrupção, protege os direitos de propriedade e mantém o estado de direito. Altos níveis de transparência e eficiência regulatória incentivam a atividade empreendedora. Em 2019 o governo está procurando melhorar o status do país como um centro financeiro internacional. Membro fundador da União Europeia em 1957 e da zona euro em 1999, o pequeno Grão-Ducado do Luxemburgo continua a promover a integração europeia. Os luxemburgueses desfrutam de altos níveis de prosperidade, embora a crise econômica global tenha provocado a primeira recessão em 60 anos em 2009. O crescimento é forte e o desemprego permanece abaixo da média da UE. Durante o século XX, Luxemburgo evoluiu para uma economia mista de manufatura e serviços com fortes serviços financeiros. Com seus baixos custos de energia, rede elétrica confiável e governança estável, o país está atraindo interesse como um centro econômico. Sendo assim, os bancos existentes na cidade são considerados confiáveis e muitos magnatas depositam seu dinheiro nas instituições financeiras desse país.


A foto de turista que gerou um comentário de um magnata!!

Mas a melhor história estava por vir, deixamos a nossa mochila na frente de uma garagem para tirar aquela famosa foto de turista, ou seja, “tentando pegar a nota de euro gigante da vidraça” do famoso Banco de Investimento de Luxemburgo. Nesse momento, chegou um morador do prédio em frente que teve que parar para esperar a gente “se ligar” e tirar a mochila da frente da garagem. O sujeito, muito risonho, nos falou que este era o banco mais rico da Europa, que tinha vezes que chegavam helicópteros que desciam em cima do prédio para descarregar o dinheiro e, ao redor, se posicionavam inúmeros carros policiais com metralhadoras e todo um aparato de proteção. Cena de filme! Dali seguimos para o elevador Pfaffenthal, que ficava bem próximo, uma estrutura moderna onde tem uma parte que dá para uma vista de toda a cidade baixa, de tirar o fôlego.


Do elevador se enxerga o nome no idioma local, “Luxembourg”.

Bem na nossa frente se via do alto o nome “Luxembourg” (abaixo de uma ponte, estilo Los Angeles). Aliás, tem uma parte da estrutura do elevador que é toda em acrílico, até o chão, e se tem a sensação de que se está flutuando, ou “sem chão”. Pegamos o elevador panorâmico e descemos até a parte mais baixa da cidade, que tem uma estrutura turística com banheiros. Qual não foi a nossa surpresa quando, bem abaixo, vimos uma camionete do Google (espécie de van) toda colorida, movida à energia elétrica, que transportava turistas. O interessante era que a van não tinha motorista, estilo aqueles carros do Google, que andam sozinhos mediante um programa de computador.


O carro era auto guiado através de um programa de computador com mapa da cidade.

Tinha uma pessoa responsável que programava a van de um lado para o outro, com um “joystick” de game. Andamos uns 20 minutos naquela van até o outro elevador. Mas, antes, tivemos a brilhante ideia de almoçarmos em um restaurante português que fica praticamente na parte de baixo do elevador Pfaffenthal. O restaurante se chamava “Brasserie Madeira Stuff” (2-4 Rue du Pont), e comemos o melhor peixe à dorê acompanhado de um risoto de legumes e duas cervejas locais por 31,60 euros. Foi a melhor refeição da viagem. A seguir, pegamos o segundo elevador, que leva da cidade baixa para a alta, via um sistema integrado de funicular e trem de superfície. Pegamos o trem que fez o trajeto em direção ao Bairro Kirchberg, o distrito das instituições europeias e de muitas empresas também.


Sistema integrado de trem, bonde e elevadores panorâmicos transforma a cidade em um ambiente futurista.

O Kirchberg é o distrito comercial, centro financeiro e bancário de Luxemburgo. Uma verdadeira galeria de arquitetura contemporânea ao ar livre, projetada e construída por uma série de arquitetos renomados. Vimos o prédio do Museu de Arte Moderna do Grão-Duque Jean. Foi projetado por Ieoh Ming Pei, arquiteto sino-americano famoso por também criar a pirâmide de vidro do Louvre em Paris. Passamos por perto da catedral de vidro erguida em um antigo forte de Vauban e decorada com vitrais do artista Wim Delvoye.


Kirchberg é o distrito comercial, centro financeiro e bancário de Luxemburgo.

Alguns metros adiante, a Philharmonie, com mais de 800 colunas verticais, está equipada com uma acústica de classe mundial. O bairro também abriga uma das várias sedes da União Europeia. O Tribunal de Justiça da União Europeia, o Banco Europeu de Investimento e o Tribunal de Contas Europeu também estão localizados neste distrito. Paramos no Shopping Center Auchan Kirchberg, pois a neve estava demais.


Luxemburgo tem uma área com shoppings em estilo futurista.

Simplesmente, um dos shoppings mais incríveis que visitamos na Europa, não pelo luxo, ao contrário, pela simplicidade e pela mensagem que passa aos seus clientes. O lugar tem as melhores grifes, tem escadas rolantes, mas as escadas ao lado são de madeira e no meio rola uma cascata com água, uma espécie de cachoeira, dando um ar de natureza. A arquitetura mesclando madeira com metal, usando muito pouco o concreto e tendo o teto de acrílico, parecia um shopping a “céu aberto”, e se via a luz solar (aliás, a tempestade de neve era vista no telhado). Tomamos um chá no St Paul, uma das cafeterias mais antigas da Europa e que tem várias filiais. O saquinho de chá preto não era de papel, mas sim de uma espécie de seda, o que deixava o sabor do chá com mais destaque, acompanhado de um doce tipo um mil folhas de framboesa natural, uma delícia, tudo por 6 euros. Pegamos o trem de volta e atravessamos a Ponte Grande-Duchesse Charlotte, vulgarmente conhecida como a “ponte vermelha”. Da vista da janela do trem vimos os famosos cemitérios da cidade, além da bandeira da cidade, do país e da Comunidade Europeia hasteadas. Voltamos para o ponto do elevador com funicular e dali pegamos um ônibus que passou pelo Distrito de Ground, aquele que tem o Rio Alzette e que é o cartão postal da folhinha de calendário da casa da tia-avó. Ficamos na Estação Central e fomos ver se a nossa salada esquecida no dia anterior, no supermercado Monoprix, estava por lá (queríamos ver como funcionava o “índice de honestidade de um país de primeiro mundo”). Pasmem, a nossa salada da noite anterior estava guardada no freezer, intacta. O legítimo “tapa na cara”. Estávamos prontos para “perder”, mas não, a salada estava lá, linda e fresca, no freezer grande atrás do caixa, esperando por nós. Aí está à diferença do primeiro mundo para os demais, quando você quer brigar pelos seus direitos, eles estão assegurados, mesmo que na forma de uma simples salada de 9 euros!

Também tem que ressaltar que perto do nosso hotel tem um cluster de concessionárias de carros elétricos, Jaguar, Tesla, Audi, etc. Aliás, o transporte público é todo feito com carros elétricos, não se vê um ônibus com descarga “fumacenta”. Vimos no nosso bairro alguns lugares especiais para abastecimento de carro elétrico. Carro velho não circula pela cidade, aliás, carros bons e modernos como as marcas BMW, Smart Fortwo Coupe, Focus, Toyota, Tesla S e outros.

Voltamos para o hotel com uma garrafa de vinho 66 tinto, um pedaço de pão e a salada mais “honesta” do mundo… hahahaha.

A Cidadela medieval de Ground, a sacada vista de “baixo para cima”

No nosso quarto dia, o frio teimava em continuar, a neve persistia em cair, os carros que estavam estacionados no hotel tinham gelo no retrovisor. Como sair neste frio, o que ver em dias de chuva e neve? Esta é uma dúvida que pega todos os turistas desprevenidos, ou “encara” ou fica no hotel o dia inteiro. Mas quando o hotel é simples, não tem jeito, o negócio é encarar o que vem pela frente. Após o café de sempre, e depois de a dona do hotel avisar que já era tarde, que teríamos somente 15 minutos para finalizar tudo, saímos para o passeio gelado. Pegamos o ônibus e encaramos o centro da cidade, tendo ido parar na Praça das Armas, de novo. A neve parou e ficamos contemplando alguns feirantes de artesanato que ainda teimam em ficar expostos na intempérie. Andando mais um pouco resolvemos pegar o ônibus da Linha 5 que nos deixou na cidade baixa, chamada Ground. O bairro fica no vale abaixo do centro da cidade, nas margens do rio Alzette, uma cidadela medieval, bem pitoresca, um local bem frequentado por turistas. Descemos bem no centro, em uma das pontes que atravessam o Rio Alzette, onde se vê a paisagem de baixo para cima, do Chemin de La Corniche (sacada do mundo).


Ground, a sacada do mundo, vista de baixo para cima.

O lugar é um dos mais movimentados em termos de turismo e, mesmo com frio, famílias inteiras teimam em andar de um lado para o outro, tirando fotos do lugar. Ainda pensamos que, se ainda estivesse nevando, a paisagem seria surreal. Seguimos em frente e fomos parar na Abadia de Neumünster. Um prédio majestoso, à beira do Rio Alzette, onde antigamente era uma abadia beneditina que foi destruída em 1542 e novamente reerguida em 1606. Serviu também de caserna prussiana depois da derrota de Napoleão Bonaparte (1815). Na Segunda Guerra Mundial, serviu como prisão para os políticos resistentes na invasão de Luxemburgo. Rodeamos todo o prédio e realmente o que impressiona é a sua localização, junto ao rio e à ponte. Foi em uma das salas desse prédio que vimos uma exposição sobre um soldado alemão do mesmo grupo de Hitler, que foi condenado pelos seus crimes.


Rio Alzette e a vista da Abadia de Neumünster.

Andamos mais um pouco, atravessamos algumas pontes (daquelas da “folhinha do calendário”) e fomos até uma delas que tinha alguns arcos bem grandes; cruzamos o Rio Alzette, passamos por uma correnteza do rio, e vimos alguns caminhos de acesso à Cidade Medieval. Caminhamos em cima de uma ponte de madeira e voltamos até o Museu de Arte Natural. Não entramos, a senhora da portaria nos indicou o Museu da Cidade de Luxemburgo. Andamos na Cidadela Medieval de Ground e passamos pela Rua das Trevas (rimos muito), mas logo encontramos um elevador no Ground que nos levou até a parte alta da cidade. Que maravilha, descobrimos que a cidade tem vários elevadores que ligam a parte alta à baixa! Pegamos o elevador e fomos até o segundo andar. Descemos no “Cite Judiciaire” (tribunal que julga as ações da comunidade europeia). O prédio do tribunal é antigo, mas por fora tinha uma decoração deslumbrante, com vasos coloridos incrustados na parede, o que quebrava a rigidez da edificação. Lá na cidade judiciária tem outra vista muito bonita para o caminho que acabamos de fazer, de onde a gente acabou de vir, o Ground. Nosso objetivo era conhecer o Museu da Cidade de Luxemburgo e pagamos 3 euros para entrar. Eram 5 andares. O museu era muito interativo, o elevador era gigantesco, cabia umas 20 pessoas no mesmo. Conta a história da cidade, desde a Idade da Pedra (através de um filme na tela), várias maquetes explicando a cidade com seus altos e baixos, filmes em salas especiais contando como era Luxemburgo na Idade Média e também exposição de fotos da cidade antiga em várias etapas desde o início do século XIX. Uma parte do Museu era destinada à exposição de artistas.


A Grã-Duquesa Charlotte (já falecida) e o atual Grão-Duque Henri.

Andamos mais um pouco e encontramos o Palácio do Grão-Duque (a residência oficial fica a 25 km dali, no Castelo Colmarberg). O Grão-Duque de Luxemburgo é o monarca soberano e chefe de estado do país. Luxemburgo tem sido um Grão-Ducado desde 1815, quando foi elevado a partir de um Ducado, após ser colocado em união pessoal com o Reino Unido dos Países Baixos. Já passaram 9 Duques/Duquesas, incluindo o atual chamado Henrique, mais conhecido como Henri. Dizem que ele adora o Brasil e que de vez em quando dá uma chegada, de forma não oficial. O Palácio do Grão-Duque passou por numerosas restaurações ao longo dos anos, para se tornar hoje a Sede dos escritórios privados do Duque, da Duquesa e de sua equipe.

Eram quase 3 horas da tarde e assistimos a “troca de guardas”.


A troca de guardas é simples, mas muito bem feita.

Nada comparado à troca de guardas de Londres, mas valeu a pena, apesar de um grande número de japoneses que acabaram atrapalhando as fotos, aliás, todos querem tirar fotos dos guardas. Achei a troca de guarda muito simples, nada comparado com a de outros países que já visitamos, e, neste caso, havia somente 3 guardas. Bem em frente tem a Chocolateria House, a mais famosa da cidade, por ter o mais tradicional chocolate do país.

Entramos e tiramos algumas fotos, mas simplesmente não deu para ficar, tamanha era a quantidade de pessoas comprando chocolates e comendo as tortas. Como era época de Páscoa, encontramos alguns coelhos bem lindos, além de ovos em forma de presentes. Andamos mais um pouco, pela Rua de Cure, a rua mais charmosa da cidade, onde se encontram as grifes mais famosas do mundo. Paramos de novo, na “Place D’Arms” e fomos comer na Pizza Hut, que sempre tem aquele buffet de saladas que nos deixa muito felizes, acompanhado de pizzas com sabores conhecidos mundialmente. A tarde estava chegando e fomos conhecer o Centro de Informações Turísticas que fica na Place Guillaume II (a famosa praça que tem um monumento de Orange-Nassau em cima de um cavalo, Grão-Duque de 1840-1849), onde se encontra o Hotel de Ville e os seus famosos leões.


Hotel de Ville e seus famosos leões.

Fomos muito bem atendidos. Cada um dos atendentes falava 5 línguas, em média. Como comentamos que tínhamos um blog de viagens recebemos um material de primeira com direito a bolsa e tudo o mais. Saímos dali e fomos no Marque Place de Jeux Publique, perto da Monterey, onde tinha o famoso brinquedo de Barco de Pirata para crianças. Os parques da cidade são um espetáculo à parte, limpos, bem cuidados, com todos os tipos de brinquedos infantis.


Os parques da cidade são cartões postais.

O sol já estava bem presente, aquecendo o final de tarde, e a certeza de que a neve não voltaria tão cedo. Pegamos a linha 12 para circular pela cidade e andamos por alguns bairros, dando para perceber que as pessoas eram católicas, pois muitas senhoras entravam no ônibus com ramos verdes, sinal de que estiveram na “Missa de Ramos” (tradicional celebração católica que antecede a Páscoa). Infelizmente, nosso retorno para casa foi demorado, os ônibus em Luxemburgo, principalmente nos finais de semana, levam meia hora ou mais para circular, o que deixa a desejar para um país de primeiro mundo.

Vianden, o Castelo do Conto de Fadas…

No nosso quinto dia, o sol resolveu aquecer a cidade, após o café, pães e geléias (já estávamos acostumados com o excesso de carboidratos no café da manhã, nossa dúvida era saber se era a própria dona do hotel que ia buscar na padaria!! Hehe…).  Pegamos o ônibus em frente ao hotel (uma das linhas 192, 144…) em direção ao Castelo de Vianden. Descemos na Estação Central de Trem e íamos pegar o ônibus errado. Mas o motorista, educadamente, nos falou que de um lado da Estação saiam somente os ônibus que circulavam pela cidade e arredores e, do outro lado, eram os intermunicipais (que faziam as cidades vizinhas a Luxemburgo).


Tombado pela Unesco, o Castelo de Vianden faz os Contos de Fada se tornarem verdadeiros.

O castelo ficava na cidade de Vianden. Pegamos o ônibus (L10 intermunicipal) com o mesmo ticket que ia para a cidade de Ettelbruck, ou seja, 4 euros cada, e, uma hora depois, trocamos e de lá pegamos outro ônibus linha 570 até a cidade do castelo Vianden Bréck. No caminho, deu para notar algumas empresas localizadas na beira da estrada com estrutura simples, algumas rurais e outras industriais dos mais diferentes ramos. Passamos por cidades como Diekirch, com arquitetura bem alemã. A cidade de Vianden também tinha estilo alemão, com a sua arquitetura e detalhes das ruas e jardins, parecendo um local turístico semelhante à Dinant, na Bélgica. Vianden ou Veianen é daquelas cidades pitorescas que só se vê em filmes da Disney e o rio que corta a cidade no meio se chama Our, ficando bem próximo à fronteira com a Alemanha.


Vianden é daquelas cidades pitorescas que só se vê em filmes da Disney.

Tomamos um lanche maravilhoso, um sanduíche de presunto e queijo acompanhado de uma cerveja belga chamada Leffe, na Cafeteria du Pont. Nosso destino era chegar ao Castelo Vianden, e várias pessoas desceram conosco do ônibus, sinal de que é muito comum usar este tipo de transporte para visitar o castelo. O belo castelo era uma mansão feudal que remonta ao século IX. Sede dos Condes de Vianden e entregue à dinastia de Orange-Nassau, o Castelo Vianden pertence agora ao governo. O notável edifício medieval foi em grande parte restaurado e é uma verdadeira jóia arquitetônica, inigualável nas Ardenas e no Eifel. Os restos de uma antiga muralha externa com torres de guarda circundam a cidade. O castelo é todo restaurado, nota-se o restauro tanto na parte externa como na interna, mas realmente impressiona pela sua imponência. Paga-se em torno de 5 euros para entrar no castelo e se tem acesso a diversas salas que remontam a história de diversas famílias que lá viveram durante o decorrer dos anos. No lugar encontra-se uma igreja com as suas duas naves (antiga igreja trinitária), construída em 1248 em estilo gótico (recentemente renovada), e é um dos edifícios religiosos mais significativos do país.


No interior do Castelo é contada a história das famílias que ali residiam.

O antigo claustro trinitário, datado de cerca de 1250, abriga um museu lapidar. O Museu de Arte Popular, em uma antiga mansão, capta a imagem exata dos interiores dos séculos XVIII e XIX. A casa onde Victor Hugo viveu durante seu exílio em 1871, agora contém uma coleção de documentos, escritos e desenhos de suas várias visitas a Vianden e ao país; além dos salões de festas, dormitórios, cozinhas, todos mobiliados como se fossem da época. Valeu a visita, que dura aproximadamente 2 horas e meia. Para aqueles que curtem caminhadas, em volta do Castelo tem trilhas, perfeitamente mantidas e sinalizadas, oferecendo acesso à natureza intocada do vale Our. Um teleférico sobe a uma altura de 450 metros e oferece uma boa oportunidade para uma excursão com esplêndidas vistas panorâmicas. Optamos por curtir mais a cidade de Viaden e andar pelas suas ruas. O rio Our tem um visual lindo para tirar fotos.

Retornamos de ônibus e apresentamos o mesmo ticket. Uma hora e meia depois estávamos em Luxemburgo.

Da estação pegamos mais um ônibus, o 14, e fomos até um jardim muito lindo, com um labirinto no meio, que era visualizado na plenitude a partir da vista panorâmica próxima à Casamata Pétrussi.


Um dos jardins magníficos de Luxemburgo.

Descemos as escadarias e andamos pelo labirinto. Foi muito engraçado, pois após circularmos pelo jardim vimos alguns bancos no meio do labirinto e descobrimos que o jardim era particular e que pertencia ao Hospício de Pfaffenthal. Vimos duas senhoras de idade, conversando em alto e bom tom, dando risadas em um dos bancos. O bom de viajar livre e solto, é que sempre tem uma história para contar. Deve ser bom ser tratado em um lugar desses! Aproveitando o “ar da loucura” pegamos um ônibus errado, paramos longe do hotel e se não fosse a gentileza de alguns motoristas iríamos parar não sei onde…

Voltando para a Inglaterra

Era o nosso último dia, e após o mesmo café de sempre, nos despedimos da senhora que gentilmente nos disse “Merci beaucoup, revenez toujours” (em tradução livre, “Muito obrigado, volte sempre”), e seguimos viagem. Pegamos o trem de volta até Paris, o famoso TGV (trem de alta velocidade). Em 2 horas e meia chegamos em Paris, trocamos da Estação Gare de L’Est para Gare Paris du Nord e tivemos que passar por longas filas para fazer a imigração da França para a Inglaterra. Algo surreal, passamos duas vezes pelo reconhecimento facial do passaporte, além da fila da inspeção eletrônica das malas. Foram quase 2 horas nessa função, ou seja, você acha que viajar de trem é moleza porque não tem a burocracia e a chatice de aeroporto, mas, no nosso caso, foi bem pior no retorno. Pegamos outro trem de alta velocidade até Londres e o mesmo saiu com 25 minutos de atraso. Em função disso, perdemos a conexão do trem até Nottingham. Tivemos que correr até o guichê da empresa de trem East Midlands, que prontamente carimbou para o próximo horário. Enfim, chegamos são e salvos!

Impressões finais da cidade

Luxemburgo é o cenário da memória de infância porque é um local tão lindo que parece um cartão postal da folhinha do calendário da tia-avó.

A cidade de Luxemburgo é pequena, principalmente o Centro Histórico que integra as cidades baixa e alta, as quais são ligadas por elevadores; então, não se fica tão cansado por circular pelos pontos mais legais da cidade.

Um fato curioso, nos restaurantes servem o refrigerante Coca-Cola em garrafas e a maioria das pessoas toma como se fosse água.

Apesar de ter fama de cara, as porções de comida são grandes, a qualidade é excelente e os preços são razoáveis, sendo que você será capaz de obter ótimas refeições por menos de 15 euros por pessoa.

O sistema de transporte público no Luxemburgo inclui ônibus e trens que chegam a todos os cantos do país, e alugar um carro não é realmente necessário.

Recomendamos usar o “Cartão Luxemburgo”, disponível por um, dois ou três dias, que inclui transporte público gratuito por todo o país, além de acesso gratuito ou descontos para pontos turísticos e locais de interesse em Luxemburgo.

Se você está planejando ir a vários destinos fora da cidade de Luxemburgo e está com tempo limitado, um passeio pode ser uma opção melhor do que o transporte público, como algumas linhas de ônibus que atendem pequenas cidades e que circulam a cada hora, saindo da Estação Central.

Não tivemos coragem de provar as comidas típicas como o tal Kuddelfleck feito com estômago de vaca banhado com migalhas de pão frito. Dispensamos!

E, por fim, não exploramos todos os parques de Luxemburgo como deveríamos. A cidade possui vários “oásis verdes”, como o Jardim do Hospício de Pfaffenthal, bem como os jardins ao longo do Alzette, nas proximidades da abadia de Neumünster. Nas margens do Alzette e do Pétrusse também se abrigam jardins de casas privadas. Foi muito bom conhecer Luxemburgo na primavera. Retornamos felizes com mais uma experiência enriquecedora de uma viagem de turismo e lazer.

Indicações de alguns sites úteis

visitluxembourg.com

parc-merveilleux.lu

castle-vianden.lu

lcto.lu

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