As ViagensReykjavik, a Terra do Fogo e do Gelo

Reykjavik, a Terra do Fogo e do Gelo

Vários motivos nos levaram a ir conhecer a Islândia e poderíamos descrever o maior deles como sendo a curiosidade oriunda das famosas pesquisas feitas nos livros da Enciclopédia Delta-Larousse (principal fonte de pesquisa antes da invenção do Google). Ambos apontávamos para o “fim do mundo” e pensávamos que um dia iríamos conhecer esta terra inóspita. Morando perto de Londres, onde se tem acesso a todas as cidades do mundo, chegou a oportunidade de voarmos para a capital daquela ilha, Reykjavik.

Embora a Islândia seja frequentemente taxada como a “Terra do Fogo e do Gelo”, esse país tem muito mais do que isso. Praias de areia negra, cachoeiras gigantescas, arcos-íris brilhantes, gêiseres, fontes termais, desfiladeiros enormes, montanhas imaculadas e as mais excitantes e belas luzes do norte (Aurora Boreal). Como nós tínhamos visitado anteriormente os principais países da Escandinávia (Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia), nosso objetivo era completar o circuito de viagens para àquela região e, ao mesmo tempo, conhecer o “modus vivendi” da população, para saber em que contexto a distante ilha da Islândia integrava aquele conjunto de países. Ah, sem esquecer que também tínhamos o desejo de tentar ver a Aurora Boreal.

O porquê do nome Terra do Fogo e do Gelo

O elemento fogo – A Islândia tem vários vulcões ativos, incluindo Eyjafjallajokull, Reykjanes e Askja. Ao todo são cerca de 130 vulcões, mas apenas 18 deles entraram em erupção na história moderna, e alguns poucos entram em erupção regularmente, sendo mais frequentes Hekla, Grímsvötn e Katla. Enquanto os demais vulcões estão “adormecidos” (mas permanecem ativos), eles são fascinantes e atraem multidões do mundo todo. Em poucos lugares da Terra a geologia e a história humana estão tão intimamente ligadas ao vulcanismo quanto a Islândia. Em março de 2010, o Vulcão Eyjafjallajokull, no Sul, entrou em erupção pela primeira vez desde 1821, forçando 600 pessoas a fugirem de suas casas, com cinzas e lavas sendo arremessadas a 20 km na atmosfera, criando uma grande nuvem, inviabilizando o tráfego aéreo por dias e causando prejuízos exorbitantes. Outra grande erupção ocorreu em maio de 2011. Desta vez, foi o vulcão Grímsvötn, um dos mais ativos da Islândia, e essa erupção foi muito mais poderosa do que a atividade de Eyjafjallajökull de 2010. Ao chegar na Islândia, é isso que vem em mente, que a qualquer momento se poderá ver uma cena dessas. 

Os quatro elementos da natureza dominam a Islândia: fogo, água, terra e ar.

O elemento gelo – A água, de uma forma ou de outra, cobre uma impressionante área de 2.750 km² do território da Islândia. Enquanto as geleiras e extensões de gelo cobrem mais de um décimo de toda a ilha, existem mais de 10.000 cachoeiras espalhadas pelo país, incluindo o mais poderoso conjunto de cachoeiras da Europa, a Gullfoss. É o país da “Terra das Geleiras”, que se formam no solo, quando a neve permanece por um longo tempo em um mesmo local, até virar um bloco de gelo. Através dos anos (e até mesmo dos séculos), toda a neve do local acaba sendo comprimida até virar uma massa de gelo espessa. As geleiras também conseguem se mover, como se fossem rios bem lentos. Por causa disso, elas acabam se deformando e, como consequência, criam fendas, rachaduras e até mesmo cavernas de gelo. E este é o forte da Islândia, a água em forma de gelo.

A terra dos Vikings

A história da Islândia está atrelada à navegação marítima. Os navegadores islandeses (os Vikings) descobriram a América por volta do ano 1000, navegando em embarcações abertas. Eles conquistaram as ondas do Atlântico por meios primitivos de navegação, tendo como guia o sol, as estrelas e as aves marinhas. A Islândia foi colonizada por Vikings por volta do ano 871. Um chefe norueguês chamado Ingolfur Arnarson foi, segundo Landnamabok (“Livro dos Assentamentos”), o primeiro Viking a colonizar a Islândia. O Parlamento Viking Alþingi (“Althing”) foi estabelecido em 930 pelos chefes de governo na Islândia e é o parlamento mais antigo do mundo. Chieftains, o Godar, se reunia a cada verão para emendar leis, resolver disputas e nomear júris para decidir processos judiciais. Os colonos, em sua maioria, eram pagãos e adoravam os deuses nórdicos Odin, Thor e Freyja, entre outros. No ano 1000, quando uma guerra civil entre grupos religiosos estava prestes a eclodir, uma decisão foi tomada no Althing, no sentido de que a Islândia deveria se tornar cristã, no entanto, os pagãos poderiam continuar a adorar seus deuses em particular. Os Vikings islandeses fizeram muitas expedições durante a era Viking e a eles são creditados, entre outras coisas, como tendo descoberto e se estabelecido na Groenlândia e na América do Norte, ao que chamaram de Vinland. Diz-se que o período Viking terminou em 1066 D.C. A era Viking foi marcada por conflitos violentos entre os clãs familiares governantes na Islândia, que estavam em constantes batalhas de poder e/ou buscando a vingança de seus irmãos.

A confusão

Aconteceu um “abalo sísmico” na nossa viagem, pois quebrou a companhia aérea WOW (empresa pequena, mas com um bom mercado na Europa e nos EUA), que era onde tínhamos comprado os bilhetes para irmos para a Islândia. Nossa previsão era viajar no início de abril, mas tivemos que adiar para o início de maio de 2019, praticamente um mês depois do planejado inicialmente. Tivemos que trocar os bilhetes aéreos para viajar com a British Airways, pagando um valor extra. Depois de muitas trocas de e-mails com a nossa agência de viagens, a STA Travel de Nottingham, e com a Booking.com, além de pagar alguns bons pounds extras, fomos para a Islândia para passar 5 noites e 6 dias. A viagem custou os “olhos da cara” e o ocorrido pode ser visualizado no seguinte link:

A chegada

Saímos de Nottingham à meia-noite, de ônibus, para chegar às 4 e meia da madrugada no terminal 5 do Heathrow, pois nosso voo era às 7 da manhã. Descobrimos que na Islândia o fuso horário era de uma hora a menos que na Inglaterra. Após 3 horas de voo chegamos às 9h30min (horário local), através de um voo maravilhoso da British Airways. O aeroporto da Islândia não fica em Reykjavik, mas sim na cidade de Keflavik e é grande considerando a proporção do país (a Islândia tem uma população aproximada de apenas 350 mil habitantes em uma área de cerca de 103 mil km², sendo que 127 mil pessoas residem na sua capital, Reykjavik). O aeroporto é muito moderno, com um misto de madeira, aço e concreto, no mesmo estilo dos aeroportos das principais capitais escandinavas. Tínhamos comprado o transporte do aeroporto para a cidade de Reykjavik pela internet (www.re.is/flybus), porque tinha sido uma dica do próprio hotel. Realmente, ao chegar no hall do aeroporto, ou se pega esses ônibus da Flybus ou se vai de táxi, a preço absurdo, pois é um valor a combinar. Pegamos o valor de 20 libras cada, pelos bilhetes comprados via internet. Aliás, fazer turismo na Islândia não é para os “fracos de bolso”. O ônibus veio lotado, muitos turistas, com gorros, toucas, cachecóis coloridos e muitas jaquetas de nylon de diversas cores, estilo “The North Face”, as mais famosas do mundo. No trajeto vimos várias cidades satélites que ficam no entorno da capital Reykjavik. 

O país do cartão de crédito

Tínhamos lido sobre o assunto, mas vale reforçar. Em todo o período que ficamos na Islândia, o único lugar que vimos um guichê para troca de moedas foi no aeroporto. Quase não circula dinheiro vivo na cidade e nos passeios, somente cartão de débito ou de crédito. A maioria dos estabelecimentos comerciais tinha dificuldade de dar o troco em moedas. Deu para entender que é uma forma de o governo controlar a chegada de moedas estrangeiras (via turismo) e, consequentemente, controlar impostos. 

Você sabia que a Islândia já quebrou…

A economia da Islândia sempre sofreu com uma inflação alta a partir dos anos 1950. Então, durante a década de 1990, o sistema bancário comercial do país foi privatizado e diversas leis foram modificadas, o que facilitou as oportunidades de comércio entre vários países e a Islândia. Isto levou a um crescimento incrível no aspecto financeiro do país, mas foi interrompido em outubro de 2008. A moeda islandesa, Krona, desvalorizou-se em 50% durante a noite. Isso levou as pessoas a perderem seu sustento, seu trabalho e suas casas. Mas, aos poucos, foi se recuperando e hoje é um país em pleno desenvolvimento.

A paisagem

Pelo visual da janela do ônibus de chegada, já deu para perceber que o país era estranho, uma paisagem “lunar”. Era uma mistura de terra preta com rochas de pequeno tamanho, uma leve camada de musgo verde e, ao longe, as montanhas vulcânicas.

Uma autêntica “paisagem lunar”.

A Islândia é a única região do mundo onde ainda é possível encontrar áreas vastas e estéreis de tufo palagonita, razão pela qual a NASA escolheu a ilha para o treinamento de seus astronautas, nos anos 1960. Os astronautas faziam o chamado “jogo da lua”, um exercício em que eles tinham que simular estar na lua e coletar amostras representativas da área, identificar formações rochosas, completar o treinamento básico de sobrevivência e praticar técnicas de comunicação. Eles foram supervisionados por dois geólogos islandeses Dr. Þórarinsson e Dr. Guðmundur Sigvaldason. Durante a sua estada na Islândia, os astronautas aproveitaram seu tempo livre e fizeram o que todo turista hoje faz: andar a cavalo, pescar, dançar, etc. Entre os doze homens que pisaram na lua, nove treinaram na Islândia, incluindo Buzz Aldrin e Neil Armstrong.

Pequenas cidades no caminho para Reykjavik.

Em todo o trajeto até o hotel passamos por algumas vilas à beira-mar, e deu para perceber que eram terras não cultiváveis, em decorrência de um inverno rigoroso com quase 8 meses de escuridão, seguido de 4 meses de verão com uma claridade intensa. Após 45 minutos, chegamos no terminal de ônibus chamado BIS e trocamos de ônibus por um menor que nos levou para o centro da cidade, onde o motorista nos deixou bem próximos ao hotel (parada 6). 

O hotel era uma típica casa islandesa, com detalhes da cultura local como madeira de navio e pedras rústicas para aquecer o banheiro.

O hotel

O hotel se chamava “Apartment K” (Thingholtsstraeti 2-4- www.apartmentk.is). Este tipo de acomodação está disponível nesses sites de hotéis como Booking.com, Hoteis.com e outros. Pagamos 731 euros por 5 noites, uma verdadeira fortuna, tudo por causa da falência da companhia aérea WOW e da consequente troca de datas. O hotel tinha uma fachada de uma casa tipicamente islandesa (feita com aço corrugado), que se assemelha à madeira. Os recepcionistas da acomodação eram um casal de portugueses, simpaticíssimos. O hotel tinha vários quartos, era um tanto estranho para os padrões normais e usávamos um elevador até um lance de escada. Era um apartamento com sala e cozinha conjugados, um quarto separado por uma parede e um banheiro com revestimento de pedra rústica. A parede da acomodação era de madeira naval. Tinha uma TV 42 polegadas, frigobar, fogão e forno elétricos, máquinas para lavar louça e roupa. Um luxo! Ficamos sabendo que o proprietário tinha mais 7 hotéis nesse estilo. 

Logo fomos tomar água da torneira e aprovamos com cinco estrelas. A água da Islândia é muito limpa, pois os sistemas de abastecimento vêm direto dos rios, a maioria dos quais se origina de uma das muitas e poderosas geleiras da ilha.

O lanchinho básico tem como base o Caviar Black.

Caviar por aqui é margarina Becel…

No nosso primeiro dia, chegamos e logo fomos no supermercado Bônus. Não tinha grandes variedades, com exceção da “bisnaga de caviar” e até o “caviar black”, aquele mesmo que é considerado uma preciosidade para o resto do mundo (custou 5 coroas). Os supermercados de Reykjavik não possuem muitas mercadorias. Tem o setor de pães, enlatados e alimentos secos como massas, arroz, cafés e outros. E tem um setor separado, uma espécie de câmara fria, onde estão localizados ovos, leite e derivados, embutidos, carnes e produtos similares, sendo que o outro lugar gelado é o das frutas e dos legumes. 

O que realmente sai mais em conta são os peixes, inclusive bacalhau e salmão, os frutos do mar e demais produtos oriundos do oceano, como caviar, tubarão fermentado em cubos e outros alimentos que não são comuns no resto do mundo. Fizemos algumas compras nos supermercados da cidade para abastecer nosso frigobar e cada ida ao supermercado não baixava de 50.000 coroas. Teve um episódio que não podemos deixar de mencionar: ao colocar um vidro de café solúvel na bolsa plástica, o mesmo caiu e se espatifou no chão. Não levou 2 minutos e já tínhamos outro vidro em nossas mãos (sem cobrar uma coroa a mais por isso), além de uns faxineiros eficientes que deixaram tudo limpo em poucos segundos. Essa é a diferença do primeiríssimo mundo para os demais. Também estivemos no Super 1, um lugar mais próximo do nosso hotel e com produtos melhores. Mas seguia o mesmo sistema dos outros supermercados. 

Beber álcool na Islândia é caro

Em todos os países escandinavos a venda de bebida alcoólica é somente em locais especiais e para maiores de 21 anos, além de ter uma série de regras. Um fato curioso é que a proibição do álcool durou 20 anos no país e, em março de 1989, a cerveja foi liberada. Mesmo assim, é possível consumir boas cervejas em vários pubs espalhados pela cidade. Uma curiosidade, somente um supermercado vendia bebida alcoólica (de todos os tipos), era da rede estatal Vínbúðin (que significa “A Adega”), a um preço bem salgado. Por exemplo, um vinho espanhol comum, era na faixa de 5.000 coroas.

Destaques: sorvete com sal do mar, bife de carne de baleia e o salmão mais gostoso do mundo.

Gastronomia voltada para os “bons de bolso”

O turismo gastronômico em Reykjavik é voltado para os “bons de bolso”, ou seja, um prato em um restaurante comum, por exemplo, de frutos do mar, não saia por menos de 15.000 a 17.000 coroas.

Alguns restaurantes e pratos que provamos por lá

No nosso primeiro dia, provamos a sopa no pão com carne de cordeiro (1890 coroas cada prato de sopa). Paramos naqueles restaurantes bem na rua principal da cidade (não adianta escrever o nome que é muito difícil). A sopa estava boa, mas confessamos que sopa com gosto de carneiro não agrada os paladares de muita gente. Foi servido um jarro de água junto com a refeição, pois a água da Islândia é símbolo nacional, e está presente até nas cervejarias.  

Fomos almoçar em um restaurante indicado pelo recepcionista do hotel. O nome do restaurante era Saegreifinn, e fica bem próximo ao Old Harbor. Lugar frequentado pelos locais, mas deu para perceber que os turistas circulam por lá. Era uma das casas de pescadores (mas pelas fotos, parece que o dono já fazia comida há muitos anos). Comemos espetinho de camarão e salmão e um bife pequeno de carne de baleia que tinha um gosto estranho, de carne de gado misturado com peixe, acompanhado de um refrigerante de laranja e uma outra bebida chamada Malte (cerveja sem álcool). Custou, aproximadamente, 300 coroas.

Após o famoso bife de carne de baleia, caminhamos até a Sorveteria Valdís e tomamos o “ice cream” mais famoso da cidade. O lugar é muito simples, localizado em uma das antigas garagens de conserto de barcos e com mesinhas na frente. Simplesmente, o local é um dos mais frequentados da cidade pelos moradores. A novidade foi um sorvete cinza (parecia feito de lavas vulcânicas!), mas era uma receita turca feita com pimenta e sal, uma verdadeira delícia, porque ele era doce, mas bem no finalzinho tinha um gosto de pimenta e sal. 

No nosso quarto dia, fomos almoçar no Vagghin (barraca de rua especializada em “fish and chips”) no Old Horber e custou mais ou menos 4.030 coroas para os dois, com coca. Achamos que o óleo estava “vencido”, mas valeu conhecer o lugar.

Outro lugar que visitamos foi à fábrica de chocolate chamada Omnom, pequena e artesanal. Aliás, temos que fazer uma observação, que os chocolates encontrados nas redes de supermercados eram uma delícia, todos bem escuros. O chocolate da Omnom também era escuro, mas com textura e sabor diferenciados. Segundo a recepcionista da fábrica, a matéria-prima vem da Tanzânia, Madagascar, Peru e de outro país que ela não lembrava o nome. O sabor do chocolate (qualquer sabor) é excepcional, os ingredientes são orgânicos e de alta qualidade. Provamos um chocolate com sal marinho negro, “dos deuses”, pois no final se sente o gosto salgado. Não fizemos a visita guiada, ficou para uma segunda viagem à cidade. O nosso jantar foi no complexo gastronômico chamado Hlemmur, muito parecido com um mercado público ou “food truck”. Hlemmur Food Hall é inspirado nos mercados europeus de comida. São aproximadamente 10 fornecedores que distribuem uma amostra dos melhores pratos da comida islandesa. Comemos o melhor salmão defumado do mundo com uma fatia de pão rústico, um mexido de ovos e um caviar preto em cima (pagamos para os dois com bebida 5.600 coroas). Nosso acompanhamento foi de cerveja dinamarquesa. E, de sobremesa, ainda comemos uma pizza bem italiana (3.000 coroas com uma cerveja italiana Peroni).

Um dos produtos mais conhecidos na Islândia é o “Skyr” (319 coroas cada), um iogurte que faz parte da alimentação das famílias. É feito pelas mulheres e transmitido através das gerações, de mãe para filha. Os Vikings introduziram primeiramente o Skyr na Islândia quando se estabeleceram no país (mais de 1.100 anos atrás). Desde então, o Skyr faz parte da culinária islandesa, há mais de mil anos. É tradicionalmente servido frio, com leite e cobertura de açúcar. Provamos e realmente é muito bom.

A Igreja Hallgrímskirkja é a construção mais imponente e vistosa da cidade.

Igreja Hallgrímskirkja

Para aproveitar bem o nosso primeiro dia na cidade fomos direto para o atrativo turístico mais importante de Reykjavik, a Igreja Hallgrímskirkja, visível de todos os ângulos da capital. Há quem diga que as congregações religiosas fazem questão de que a igreja seja a edificação mais alta e mais vistosa de cada cidade, para demonstrar o seu poderio. Por outro lado, há um ditado que diz: “quanto mais alta é a torre de uma igreja na cidade, mais alto é o ego de seus moradores”; se depender disso, o ego dos moradores da capital da Islândia é muito alto. O detalhe principal é um gigantesco órgão de tubos projetado e construído pelo alemão Johannes Klais, de Bonn. De pé tem impressionantes 15m e pesa umas 25 toneladas; esse órgão é acionado por um pedal, 102 posições, 72 paragens e 5275 tubos, todos concebidos para reproduzir notas poderosas capazes de preencher o espaço enorme e sagrado com uma variedade de sons. Tivemos a grata surpresa de ver uma musicista tocar esse órgão e realmente é emocionante ouvir a beleza do som. A igreja é católica e por dentro é muito simples, com um vitral somente em forma de um painel. Nossa intenção era subir até o topo e ver a cidade lá de cima, mas o elevador estava em manutenção. Bem em frente à igreja tem uma estátua de Leifur Eiríksson (970 a 1020 D.C.), o primeiro europeu a descobrir a América. Registros sugerem que Leifur desembarcou nas margens do novo mundo no ano 1.000 D.C., ou seja, isso teria ocorrido 500 anos antes de Cristóvão Colombo ter chegado à América. A estátua, projetada por Alexander Stirling Calder foi um presente dos Estados Unidos em homenagem ao Festival Milenar Alþingi de 1930, comemorando o milésimo aniversário do estabelecimento do parlamento da Islândia em Þingvellir em 930 D.C. Os pontos mais fotografados da cidade são essa estátua e a torre da igreja.

A cidade de Reykjavik e suas casas coloridas

Reykjavik é uma cidade moderna, dentro de um país desenvolvido. A população da Islândia é de cerca de apenas 320.000 pessoas, configurando-se como o 177º maior país do mundo. Era um sonho conhecer uma das cidades mais coloridas do mundo. A impressão que se tem, olhando de longe, é que os casarios são de madeira, mas chegando bem próximo e tocando nas paredes, se observa que são de aço corrugado. O metal corrugado foi exportado para todo o mundo em meados do século XIX para facilitar a construção de casas econômicas e rápidas. Segundo os relatos históricos, nos anos 1860, os navios britânicos trocavam as ovelhas locais por aço corrugado, o que se revelou um excelente material de construção para as duras condições climáticas da Islândia. Embora primeiramente utilizado para revestir os telhados, o aço corrugado logo se tornou um revestimento de parede também. Tem que deixar claro que a Islândia tem escassez de florestas, logo, madeira por lá é uma raridade. Além do que os Vikings arrasaram as florestas existentes para construir navios e depois permitiram que as ovelhas pastassem na terra, impedindo o crescimento das árvores. Também houve um grande incêndio em 1915, e as autoridades municipais de Reykjavik ordenaram que todas as casas fossem cobertas com materiais à prova de fogo para evitar futuras queimadas desse tipo. O aço corrugado mais uma vez provou ser a melhor solução, porque era forte, leve e barato, com excelentes propriedades de isolamento. 

Mas qual o motivo de as casas serem tão coloridas?

Segundo alguns relatos dos islandeses, as casas coloridas foram resultado da opção mais barata nos tempos da crise econômica, pois se utilizava a sobra de tinta dos estaleiros para usar nas casas e essa pintura costumava ser em cores vivas. As casas precisavam ser pintadas para impedir a ferrugem. Então, ao circular pelas ruas da cidade, se tem a impressão de que se está dentro de um cenário de um filme da Disney, tal é o colorido das casas e seus telhados.

As primeiras casas tinham os telhados de relva. Hoje são cafeterias

Tem algumas casas diferentes…

Encontramos, bem em frente à Igreja Hallgrímskirkja, uma casa relvada, que são moradias cujo o telhado tem uma relva (grama), uma técnica que apareceu pela primeira vez com a chegada de colonos nórdicos e britânicos durante os séculos IX a XI, no auge da Era Viking na Europa. Na época, a relva era durável, renovável e amplamente disponível, o que tornou muito comum ser usada como telhado, juntamente com outros materiais. Essa casa, particularmente, era uma cafeteria. 

Em cada canto da cidade se encontra um mural gigantesco desse tipo.

A cidade é uma obra de arte

Os islandeses são pessoas criativas e Reykjavik tem um grande foco no design. Os edifícios são feitos, em sua maioria, de concreto, então, se tornou uma tela em branco para a arte de rua. Encontramos, em toda a cidade, desde minúsculos desenhos escondidos até murais coloridos que cobrem todo o lado de um edifício. Os artistas geralmente são contratados ou recebem permissão do proprietário do imóvel, por isso é mais arte do que grafite. A cada passo, andando pela cidade, se tem uma surpresa agradável, que fica registrada na mente e na câmera fotográfica.

Os pães, uma alimentação saudável

Percebemos que o pão é um alimento que faz parte do cotidiano dos islandeses. Tem na forma de baguete estilo francês e também os rústicos com muitos grãos, os quais, além de saborosos eram nutritivos. Aliás, quase todos os alimentos tem valor agregado de grãos.

O cachorro-quente de Reykjavik é melhor do que o de Nova York.

O famoso cachorro-quente estilo islandês

Foi neste dia, ao circular pela cidade, que percebemos que precisávamos experimentar o famoso cachorro-quente. A propaganda era tão grande que a gente sente o cheiro no ar. E, de fato, o melhor cachorro-quente do mundo é o de Reykjavik, chamado pelos islandeses de “Pylsur”. Não tem para ninguém! Toda essa fama e amor é bem merecida. Simplificando, eles são deliciosos. A diferença começa com a salsicha que é feita de carne de ovelha, o pão é servido quente, coberto com cebola crua e cebola frita crocante, ketchup, mostarda doce parda chamada “pylsusinnep” e remoulade, um molho feito com maionese, alcaparras, mostarda e ervas. Talvez você esteja dizendo para si mesmo: “Eca, cebola crua. Eu não gosto de cebolas cruas!” Mas justamente aí é que está o sabor delicioso deste “fast food”. Nos 6 dias que passamos por lá, chegamos a comer o lanche umas 3 vezes, tamanha a “gostosura do mesmo”. Existem barracas espalhadas pela cidade, algumas bem escondidas, só se enxerga a placa. Come-se na rua mesmo, acompanhado do refrigerante mais famoso do país, o “Appelsin” (uma espécie de Fanta brasileira, só que com gosto mais fraco). Alguns locais onde comemos o “hot dog”: uma lojinha bem na rua principal chamada “The Hot Dog Stand”; um localizado em uma praça chamado “Hot Dog Pylsuhúsid”; e, o melhor de todos, localizado na rua da Igreja Hallgrímskirkja, chamado “Street Dog”. A média de preço varia de 350 coroas até 500 coroas. 

O pub e a cerveja mais famosa da Islândia.

Os pubs da cidade

Ainda no nosso primeiro dia, fomos circular pelas principais ruas da cidade como Laugavegur, Bankastraeti, Austurstraeti, Laekjargata, Skolavordustigur e nos surpreendemos com os pubs irlandeses e ingleses que encontramos por essas ruas. Fomos parar no “The Drunk Rabbit” (Austurstraeti 3), o pub irlandês mais famoso da cidade. Como o pub era irlandês, cada um de nós tomou uma Guinness. O lugar era bem frequentado, por gente local, com o mesmo hábito dos ingleses, festas de despedidas de solteiros, aniversários e outras comemorações. Encontramos o que queríamos um “pub Viking” (bem próximo ao Harpa) no centro da cidade, nem vimos o nome, simplesmente entramos e adoramos o lugar, com a entrada bem rústica e as cervejas todas com nomes “Vikings”. Valeu a sensação de estar em um lugar especial. No nosso segundo dia, após uma caminhada pelas ruas, visitamos a Cervejaria Bryggian Brewery (Grandagardur 8 – Região do Porto), ao lado do Museu Marítimo. A Cervejaria Bryggjan é a primeira microcervejaria da Islândia. Local moderno, com uma gama de cervejas diferentes, bem frequentado e com possibilidade de ouvir uma boa música após às 7 da noite. 

Os portugueses e os demais imigrantes da cidade

Aliás, vale escrever a história dos dois recepcionistas do hotel, um casal de portugueses. Eram dois jovens por volta de 25 a 27 anos, cada um faz um turno de 12 horas. Ele se chamava Miguel e ela Joana, ambos com formação em Hotelaria e Turismo. Ela estava em Reykjavik fazia 3 anos e ele 2 anos. Muito simpáticos, foram nossos guias nos dias que permanecemos por lá.  Foram felizes nas suas indicações de lugares como pontos turísticos, restaurantes e supermercados. Eles nos contaram que a cidade nos últimos anos tem crescido muito na atividade turística e necessitam de mão de obra em todas as áreas. Contaram que tinham um sustento bom e com o dinheiro que ganhavam (mínimo de 2300 euros mensais e que os islandeses pagavam dobrado nos finais de semana e no período noturno), viviam bem no país e visitavam seus parentes algumas vezes ao ano. Contaram, também, que o país tem 8 meses de inverno e 4 meses de verão. No inverno, tudo escuro, mas que já se habituaram a conviver com esse tipo de vida. A quantidade de novos imigrantes se deve ao enorme número de turistas que chegam a cada ano no país. Para se ter uma ideia, em 2008, a Islândia recebia 502.000 visitantes e em 2018 recebeu quase 2.220.000 turistas, um incremento superior a 422%.

A escultura mais estranha da cidade.

A escultura Sun Voyager, foi projetada pelo artista Jón Gunnar Árnason, e é feita de aço inoxidável. Em 1986, Reykjavik realizou uma competição para comemorar o 200º aniversário da cidade e queria fazer uma escultura que criasse um ponto de interesse. O Sun Voyager foi o design vencedor e foi transformado de um conceito simples em uma realidade. O Sun Voyager está localizado na costa paralela ao paredão de Sæbraut, no noroeste da cidade. Andar do centro da cidade de Reykjavik para o Sun Voyager é realmente rápido e fácil. O Sun Voyager é entendido como um barco dos sonhos ou uma ode ao sol. O artista pretendia transmitir a promessa de território não descoberto, um sonho de esperança, progresso e liberdade. Nós interpretamos como um “esqueleto de um barco Viking”, até porque a cidade muito lembra esse povo.

Um super projeto de revitalização do antigo porto focado no turismo.

O Porto da cidade, o Old Harbour

No nosso segundo dia, descemos pela rua principal, estava relativamente quente (10 graus) e várias pessoas na rua, turistas e moradores; passamos pelas ruas do City Hall, fomos em direção à Praça do “The Hot Dog Stand” e seguimos em direção ao Porto, atrás da Harpa Concert Hall, pegamos a esquerda e fomos em direção ao Porto Velho. Foi lá que vimos as excursões de barcos que saem de 3 em 3 horas para a “Observação das Baleias” e os Puffins (pássaros parecidos com os pinguins). As baleias são avistadas na Baía de Fakaflói, ao lado da cidade. É um bom lugar para caminhar, com vistas deslumbrantes sobre a baía para o Monte Esja (uma montanha de 954 m onde existem trilhas para caminhadas de aventura). A área do Porto Velho é onde ocorre a maioria das atividades marítimas, e bem próximo também se pode entrar no Museu Marítimo Viking. Toda essa área está revitalizada com pequenos novos negócios que vão desde uma lanchonete de “fish and chips” até os passeios de scooter (botes de borrachas para ver baleias), bem como o melhor café torrado da cidade. Observa-se, também, um grandioso estaleiro para reparos de barcos de médio e grande portes. 

Os Vikings eram islandeses…

A surpresa boa do dia foi que encontramos o “Meet the Vikings”, um “museu vivo” dos Vikings”. Nossa intenção era entrar no museu, mas acabamos encantados com o hall de entrada do local, tamanha era a quantidade de homens e mulheres islandeses (gigantes em todos os sentidos) caracterizados de Vikings. Entramos desconfiados, mas logo nos sentimos à vontade, não sei se o local era para atrair turistas, mas poucos circulavam por lá. Em um dos cantos do hall de entrada encontramos alguns bonecos de cera (Vikings), um urso polar empalhado, um trono de madeira e um cabide com roupas Vikings. Não deu outra, 10 minutos depois estávamos vestidos como tal e saímos tirando fotos com o povo que estava por lá. Não deu para saber se eram amigos ou se era uma associação da cultura Viking (muito comum no país, uma vez que no verão promovem encontros, jogos e venda de artesanato). O dia estava ensolarado, todos curtindo, e na frente do prédio tinha um grupo fazendo cachorros-quentes e distribuindo gratuitamente a quem estava por ali. Ficamos tão inseridos no grupo que acabamos confraternizando com eles, e acabamos por esquecer de entrar no museu. 

A Aurora Boreal

Bem ao lado entramos no “Aurora Reykjavik The Northern Lights Center”, um dos lugares que contam um pouco sobre a Aurora Boreal, uma vez que no período que fomos não era o mais apropriado para ver este fenômeno da natureza. A entrada custou 14 euros (1.800 coroas) e valeu cada centavo. Passamos umas duas horas em completo e absoluto mergulho nas maravilhas da Aurora Boreal. São várias salas com explanações sobre o fenômeno natural que acontece somente nessa parte do mundo. Através de painéis e vídeos se entende um pouco mais esta luminosidade que fascina a todos. Bem no final da visita tem-se a possibilidade de ver as luzes com óculos em 3D. Enfim, não conseguimos ver o fenômeno da Aurora Boreal ao vivo, mas o museu compensou imensamente.

Efeitos visuais do interior do museu “Aurora Reykjavik The Northern Lights Center”

Mas que fenômeno é este?

A Islândia é um dos melhores lugares da Terra para identificar a indescritível Aurora Boreal e a sua atividade fenomenológica. As luzes do norte (conhecidas cientificamente como Aurora Boreal), são um fenômeno natural que pode ser visto no céu noturno no inverno em latitudes mais distantes do Polo mais ao Norte. Mas são necessários alguns fatores naturais para se tornarem visíveis aos olhos humanos. A explicação científica é que “raios gigantes” (ou tempestades solares) do Sol – há cerca de 150 milhões de quilômetros de distância – enviam explosões de partículas carregadas em direção ao nosso planeta. Aproximadamente 40 horas depois, as partículas colidem com átomos na atmosfera superior da Terra, resultando em emissões brilhantes: as luzes do norte. As auroras assumem várias formas, movimentos, cores e brilho. Tudo isso depende do tipo de átomos envolvidos, da intensidade da atividade solar e da força magnética da Terra. A cor mais comum das luzes do norte é a verde, embora – mais raramente – tons violeta e vermelho também possam ser vistos. As luzes podem aparecer como uma cortina ondulante, fluindo raios, ou um arco, dentre outras formas. A região nórdica é ideal para ver a Aurora Boreal. De fato, há uma zona no hemisfério norte chamada de “Cinturão de Luzes do Norte”, situada entre 65 a 72 graus ao norte – atravessando a Islândia, que é conhecida por ter mais frequência e intensidade em termos de Aurora Boreal.

Na Islândia ocorrem as melhores condições meteorológicas para se ver a Aurora Boreal.

Mas quais são as condições para se ver a Aurora Boreal na Islândia?

Para ver as luzes do norte, são necessários condições meteorológicas, localização e tempo certos, bem como uma boa dose de paciência e sorte. Os melhores meses são outubro e março. Várias pessoas na cidade nos disseram que já viram o fenômeno de Reykjavik, mas o ideal é sair da cidade. São necessárias noites escuras, mas também é ideal para fugir do brilho das luzes da cidade. As luzes acontecem bem tarde da noite, das 23h às 2h da madrugada. Tem várias empresas de turismo que oferecem a excursão, até com a famosa frase: “se você não ver a Aurora Boreal devolvemos o dinheiro”. Mas não basta ir de celular em punho, achando que é algo fácil de fotografar. É de bom tom levar uma câmera SLR com foco manual para obter melhores resultados, mais um tripé, já que se fica um bom tempo olhando para o céu. Além das baterias sobressalentes. Então, boa sorte, pois a gente teve que se contentar mesmo foi com a exposição do “Aurora Reykjavik The Northern Lights Center” que, aliás, foi excelente.

O lado industrial de Reykjavik

O peixe islandês continua a ser o principal produto de exportação, mas outra fonte valiosa é a lã produzida pelas ovelhas islandesas. O ambiente gelado da Islândia produziu uma raça única de ovelhas que através dos séculos desenvolveu alguns dos melhores revestimentos de lã vistos em climas mais frios. Essa lã está rapidamente se tornando um aspecto valioso da economia islandesa, pois é trabalhada em roupas de lã e no ramo têxtil. Por último, os islandeses tornaram-se recentemente conscientes das muitas oportunidades de negócios no turismo. Principais fontes de renda: o turismo, a pesca e o processamento de pescado, a energia hidrelétrica e a geotérmica, e os derivados da lã de ovelha. 

Bairro Grandi ou como estruturar um bairro industrial para o turismo.

A revitalização da Orla com o projeto Old Harbor

Caminhamos pela orla da cidade e fomos visitar o Bairro Grandi, o distrito de embalagem de peixe, onde as fábricas de peixe e barracas de reparação de barcos transformaram-se em lojas de modas, cafés, museus e cervejarias. Andamos por todo o bairro, onde vimos várias fábricas. Fizemos o contorno pelo Old Harbour, passamos a colina gramada chamada Búfa, uma obra de arte ao ar livre de Olof Nordal, muito interessante! Na orla vimos algumas placas de sinalização de “Observação de Baleias”, pois tinha uma baía bem na frente com alguns tipos de animais que se via dali (sinal de que é possível ver as mesmas bem próximo da cidade, em determinadas épocas do ano). Uma das melhores vistas da cidade é feita desse lugar. Depois, andamos até a Casa Marshal, onde tem um restaurante e um centro de arte.

Era meia-noite e o sol estava presente em Reykjavik.

O Sol da Meia-Noite…

Por muito que se leia sobre este assunto ou se assista vídeos, nada como presenciar este fenômeno pessoalmente. Em Reykjavik, era de se emocionar, 10 horas da noite, andando pelas ruas, lá estava o sol brilhando. Já tínhamos visto em Oslo (Noruega), mas parece que o da Islândia era mais presente. Os dias são longos durante o verão na Islândia. Embora o Sol da meia-noite tenha seu pico em junho, as noites da Islândia brilham de maio até agosto. Isso se deve à proximidade da Islândia ao Círculo Polar Ártico. Na verdade, o Círculo Ártico atravessa a Islândia, incorporando a ilha de Grímsey na ponta mais setentrional da Islândia. No mês de julho é possível presenciar o solstício de verão na Islândia, o sol se põe às 12h03min e se eleva às 2h56min, apenas algumas horas depois. O céu não escurecerá, mas produzirá algumas horas encantadoras de crepúsculo hipnotizante no dia mais longo de um ano. Muitas pessoas ficam horas observando esse fenômeno na orla de Reykjavik. Em vários momentos, vimos os islandeses saindo para a diversão noturna, com roupas de verão, felizes com o calor do clima.

Harpa, um dos prédios mais modernos da Europa.

Foi no nosso segundo dia que resolvemos conhecer o Sol da meia-noite, bem atrás do prédio mais famoso da cidade, o Harpa (projetado por arquitetos dinamarqueses). Pegamos o Harpa em festa, eram umas 11 horas da noite e recém estava terminando uma festividade. Pessoas bonitas saíam vestidas com trajes de gala desse lugar. O Harpa é um Centro de Conferência (1800 lugares) com salas de concertos, e a sede da Orquestra Sinfônica da Islândia, além de bares e até restaurante. Foi inaugurado em 2011. O edifício possui uma fachada de vidro colorido inspirado na paisagem de basalto colorida da Islândia. Ficamos impressionados com a sua beleza, as luzes têm um efeito da Aurora Boreal (lâmpadas LED), mas estilizadas em tons de verde e azul. Tivemos sorte, porque vimos o prédio todo iluminado e com som. É impressionante ver a interação das luzes com o som, através de um órgão. Vimos um final de festa, com direito a observar as celebridades do país; como a Harpa estava com sons e luzes, muitos turistas aproveitavam para dançar junto ao local.

Golden Circle

No terceiro dia, antes de sairmos para os passeios da jornada, compramos na portaria do hotel o passeio mais famoso da Islândia o “Golden Circle”, por 76 euros cada. Os passeios na Islândia não são baratinhos, mas este vale cada centavo. No nosso terceiro dia, o dia amanheceu nublado, e lá fomos nós, munidos de água e sanduíche na mochila. Pegamos o ônibus da empresa FlyBus, exatamente às 8h45min. O Círculo Dourado consiste em vários locais ao sudoeste da Islândia: a Fazenda Friðheimar Greenhouse, o Parque Nacional Pingvellir, a área Geotérmica Geyser, a Cachoeira Gullfoss e o Parque Thingvellir (Eurasian Tectonic Plates), que é onde estão as Placas Tectônicas. Em todo o trajeto se via fazendas com cavalos, algumas ovelhas e muitos sacos de fenos. 

Friðheimar, tecnologia de ponta aliada a um Centro Equestre.

Primeira parada – Fazenda Friðheimar Greenhouse

Uma hora depois (cerca de 100 km), paramos em uma fazenda moderna com plantação de tomates, pepinos, manjericão e um centro equestre (perto de Reykholt, na estrada número 35). A fazenda é antiga, mas foi ampliada em 1994. A horticultura com água quente natural começou em Friðheimar em 1946. A estufa tem 1.174 m², onde cultivam tomates durante todo o ano; possuem iluminação nos prédios mais antigos e construíram uma nova estufa de 1.000 m², com um sistema de iluminação completo. Os donos tiveram apoio dos técnicos finlandeses, pois essa tecnologia é altamente avançada na Finlândia.

Junto ao complexo há um centro equestre com cavalos nativos. Na parte de visitação, tudo era “puro tomate”. O lugar impressionou pela limpeza, organização e aproveitamento de espaço. Ao chegar tem uma apresentação de um guia local sobre o histórico do local e logo se tem acesso às plantações. Os tomates eram organizados por colunas e o caule saía de uma rocha, em formato de caixa. Como os tomates crescem indefinidamente, na medida do seu crescimento, os mesmos são deitados para a planta poder ficar na mesma altura e facilitar a colheita. Tudo ecologicamente correto. O local tinha vários ambientes, um hall de entrada com a venda de produtos como tomates “in natura” e também derivados como molhos, chás, sucos e outros, além de “caixas de abelhas” e potes de mel. Pode-se ver a plantação onde tem calor e luz artificial. Bem ao lado, tem um espaço fechado com plantio de manjericão e gerânios (flores) em vasos. Tinha um espaço gastronômico que vendia “drinks”, como cerveja de tomate (acredite, uma delícia!), outros sucos e, ao lado, uma mesa que servia um caldo de tomate com pão.

A incomparável cerveja de tomate. Eu recomendo…

A empresa produz quase 4.000 toneladas de tomates por ano para abastecer o mercado do país. Todo o histórico da família estava escrito em painéis. Ao sair do local tinha um cercado com cavalos da Islândia, que são mais peludos que os nossos, mas lindos e meio selvagens.

Uma erupção do Gêiser Strokkur, com intervalos inferiores a 10 minutos.

Segunda parada – A erupção do Gêiser Strokkur

Mais uns 20 minutos na estrada, paramos no Pingvellir National Park. Os ônibus estacionam no parking e tem uma estrutura turística com cafeteria, lanchonete, loja de souvenirs e hotelaria. É só atravessar a rua que logo se estará no parque dos gêiseres. Tem um cheiro forte de enxofre, logo se vê uma água quente escoando montanha abaixo em forma de riacho e com “fumacinhas saindo do chão”. De longe se via alguns turistas cercando o Gêiser Strokkur. Segundo relatos históricos, o Strokkur foi detonado durante um terremoto em 1789, depois de ter permanecido “inativo” por algum tempo. De tempos em tempos, ele surgia num jato de 20 a 30 metros de altura. Após o terremoto de 1896, ele diminuiu completamente, mas se recuperou um pouco em 1907, porém, não em seu estado glorioso anterior. Em 1920, ele havia expirado novamente. Por recomendação do comitê Gêiser, um buraco profundo de 40 metros foi perfurado a partir do fundo de sua bacia em 1963, após o qual ele esguichou desde então, em uma altura de quase 40 metros. Outros pequenos gêiseres se encontram em volta do Strokkur – Sódi, Smiður, Fata Óþerrishola, Litli Geysir (o pequeno Gêiser) ou chamado também por alguns de pequeno Strokkur. E tem o Blesi, uma fonte azul turquesa, que parece uma piscina quente. Para tirar uma foto do Gêiser Strokkur é necessário paciência e muita calma e sangue frio, pois o mesmo fica a uns 15 metros de distância dos turistas, sem nenhuma proteção. Aguarda-se em torno de 6 a 8 minutos ou um pouco mais que isso, para ver as águas borbulharem; logo se forma uma bolha azul e vem um jato de água quente para cima, sendo que a gente leva um “choque”, quando vê o jato esguichando. É preciso um tempo para se acostumar e tirar algumas fotos. O parque é relativamente pequeno, e se sobe para ver outros gêiseres menores, que são uma espécie de “espelhos d’água azuis”.

Difícil de acreditar que exista uma cachoeira como a Gullfoss num lugar tão inóspito.

Terceira parada – a estupenda Cachoeira Gullfoss

A Gullfoss é considerada por muitos a cachoeira mais bonita da Europa. Ela faz  parte superior do rio Hvítá. A água desce em cascata em dois estágios, um de 11 m (36 pés) de altura, e o outro de 21 m (69 pés), na fenda de 2,5 km (1,6 milhas) de comprimento em declive. Esta fenda foi criada no final da Idade do Gelo por ondas de inundação catastróficas e é aumentada em 25 cm por ano pela constante erosão da água. A Cachoeira de Gullfoss é especial porque dizem que, em alguns dias, é possível ver o arco-íris nas suas águas. E o tom amarelo das suas águas em contraste com as rochas é a razão pela qual a Gullfoss é conhecida como as “Golden Falls” da Islândia (seria o ponto alto do passeio). O guia nos contou sobre a história triste de Gullfoss. No início do século XX, os proprietários da Gullfoss, Tómas Tómasson e Halldór Halldórsson, viam potencial de negócios na cachoeira. Eles queriam aproveitar sua poderosa energia para gerar eletricidade. Investidores estrangeiros perceberam a ideia e propuseram a construção de uma usina hidrelétrica que destruiria a beleza natural de Gullfoss. Dizem que Sigridur Tomasdottir, a filha de Tómas Tómasson, rejeitou veementemente essa ideia e fez tudo o que pôde para impedir que a Gullfoss mudasse. Ela liderou intensos protestos, andando descalça das cachoeiras até Reykjavik, até seus pés ficarem ensanguentados e doloridos, para mostrar o quanto essa causa significava para ela. Ela chegou até a ameaçar se jogar na Cachoeira Gullfoss para evitar que ela fosse destruída. Felizmente isso foi impedido, com a ajuda de seu advogado Sveinn Bjornsson, que mais tarde se tornou o primeiro presidente da Islândia. Eles ganharam o caso, Gullfoss se tornou propriedade do povo e permaneceu aberta ao público. Junto à cachoeira tem um memorial comemorativo à pessoa de Sigridur Tomasdottir. Esculpido por Richard Jonsson, fica perto da Cachoeira Gullfoss para ser visto por milhares de turistas todos os anos. Assim como o passeio anterior tinha uma estrutura turística, Gullfoss também estava no mesmo nível, com cafeteria, banheiros e loja de souvenirs. 

As placas tectônicas podem ser vistas no ambiente único no Parque Thingvellir.

Quarta parada e última – A rachadura do mundo, a Eurasian Tectonic Plates, Parque Thingvellir

Saímos dali, andamos mais uns 20 minutos e chegamos no Eurasian Tectonic Plates. O local é simplesmente incrível e o ônibus deixa a uma distância considerável do ponto do Centro Turístico, para que se possa andar pelo parque e ver de perto as formações rochosas que separam a Europa da Ásia e que se deslocam 2 cm a cada ano. Ao se entrar no parque e passar uma estrada estreita, o motorista já avisa sobre a importância geológica do local. Vê-se em filmes de ficção, mas ao vivo bate um certo “medo”. As grandes forças das placas tectônicas podem ser vistas no ambiente único do Parque Thingvellir, que é tombado pelo Patrimônio Mundial das Nações Unidas. Só para a gente entender, uma placa tectônica é uma formação maciça, que consiste de rocha sólida. Porém, uma placa tectônica não é fixa, ela flutua, se solta de outras placas tectônicas, sendo que, em determinado momento, interage com elas, e suas bordas se encontram, como é o caso da Islândia. Os continentes estão presos em placas tectônicas e se movem junto com eles. Acredita-se que as interações das placas tectônicas sejam a principal razão da maioria dos terremotos e da atividade vulcânica na Terra. A Islândia é a única ilha habitada do mundo onde as placas tectônicas são visíveis no solo. Os terremotos têm sido um tanto frequentes nos últimos anos na Islândia, e, na realidade, são decorrentes dos movimentos das placas tectônicas. Pisar no parque e ver a imensidão das placas e suas formações rochosas, nos dá a sensação de que somos apenas uma “mera formiga” no Universo, ou seja, a qualquer momento, tudo pode acontecer. Final do dia, cansados fisicamente, mas com a cabeça cheia de cenários incríveis, chegamos em Reykjavik, quase 40 minutos depois. Chegamos na parte mais moderna da cidade, com edifícios de vidros e prédios residenciais estilo futurista, deixando bem clara a potencialidade econômica da cidade.

O nome do ônibus era “Besta”!

Circulando pela cidade, vendo o “modus operandi” e o sistema de transporte

Nosso quarto dia amanheceu nublado e saímos à procura de novas descobertas. Nossas viagens, às vezes, trocam de rumo, em vez de visitar pontos turísticos convencionais, andamos de ônibus em bairros residenciais, para ver como vivem os moradores. As linhas de ônibus de Reykjavik são divididas em 55 roteiros. Os ônibus urbanos que circulam pela cidade se chamam “Strætó” e são amarelos. Os ônibus para os vilarejos e cidades próximas são de cor azul. As rotas para fora da cidade são em cores diferentes, sendo as mais comuns: vermelho, verde, azul e azul escuro. O mapa dessas rotas de ônibus parece um mapa de metrô. A cidade não tem metrô e nem qualquer serviço de trem. Tem que ter paciência para circular de ônibus pela cidade, eles são demorados e as paradas não são eletrônicas ou automatizadas (ou seja, nunca se sabe quando irão chegar os mesmos). Porém, dentro dos ônibus tinha o painel com a informação das paradas. Pegamos o ônibus da Linha 3 com a intenção de dar um “rolê” pela cidade. Em meia hora circulamos por bairros residenciais de Reykjavik, compostos de apartamentos (máximo de 3 a 4 andares). Os bairros que passamos eram simples, e os prédios (ao contrário das casas) não eram coloridos. Teve uma cena muito interessante, vimos um “bando de crianças” entrar no ônibus, com seus professores bem jovens. As crianças, na faixa de 7 anos, todas muito comportadas, tendo chamado nossa atenção dois meninos com “máscaras inocentes” feitas de papel.

O país onde as baleias amam…

Tem espécies de baleias que somente se observa no Atlântico Norte. Os passeios de observação de baleias na Islândia só começaram no início dos anos 1990 e a popularidade desse tipo de turismo foi aumentando a partir dos inúmeros filmes que foram lançados pelos estúdios de cinema americanos. Os passeios de observação de baleias são operados a partir de muitos dos portos da Islândia. Porém, as baleias mais comuns e pequenas são vistas de uma baía próxima de Reykjavik. Já as baleias Jubarte, que fazem aqueles movimentos acrobáticos, são vistas mais ao norte da Islândia, a partir de Dalvík (uma pequena cidade com 1400 habitantes). Neste passeio, além de se observar as baleias de grande porte, também se vislumbra os fiordes islandeses. Resolvemos não fazer o passeio de barco pela baía próxima à Reykjavik porque o valor era absurdo, em torno de 10 mil coroas, na média de 71 euros. Então, decidimos visitar o Museu das Baleias e pagamos o valor de 1800 coroas. O lugar é simples, mas educativo. O museu é muito atmosférico, com música e sons de baleias. Existem réplicas das baleias que dão uma ideia do quanto estes animais são grandes. Muito voltado para o público infantil. Toda a visita tem um áudio em português, o que facilitou nosso entendimento sobre o assunto. Vimos a exposição sobre as baleias do Polo Norte, as espécies que circulam por lá, por exemplo, a Baleia Azul. Bem no final tem uma loja de souvenirs. 

Um do ladinho do outro, o Parlamento e a Igreja Landakotskirkja.

O Parlamento mais antigo do mundo

Seguimos em frente e fomos conhecer o Parlamento. Aliás, o Parlamento mais antigo do mundo, devido ao fato de que, no passado, a Islândia era um país de rebeldes e fugitivos, o que exigia um sistema de governo. Isso levou à criação do Althingi, que é o antigo parlamento democrático que até hoje existe. A região foi dividida em pequenas áreas que tinham um chefe, um líder religioso e um político. Durante o verão, os chefes de todas as aldeias se reuniam e discutiam as leis, resolvendo as disputas, se houvesse alguma. Todos os anos, os políticos recitavam uma parte das leis que tinham na memória e, mais tarde, essas leis foram escritas em um livro chamado Grágás. Este livro ainda existe até hoje e contém todas as leis praticadas da Islândia. O Parlamento também funciona ininterruptamente até hoje, exceto durante os anos de 1800 a 1845, quando não funcionou. Atualmente, o sistema político do país constitui-se em uma República Democrática representativa parlamentar, segundo a qual o Primeiro-Ministro da Islândia é o chefe de governo. O poder judiciário é independente dos poderes executivo e legislativo. 

Bem em frente ao Parlamento tem a Igreja Landakotskirkja, no centro de Reykjavik, e é a única igreja católica nessa área. É conhecida como a “Catedral do Cristo Rei” na comunidade católica da Islândia. Quando você entra na igreja, irá notar imediatamente o piso lindo e os azulejos são de cor clara, com padrões bonitos. O teto de toda a igreja é de cerca de três andares e as janelas são estreitas e altas. Elas são decoradas com vidros coloridos, principalmente em roxo e azul. O retábulo é uma estátua alta de Jesus na cruz, pintada em cores douradas brilhantes. O que nos chamou a atenção nesta igreja, foi o quadro pintado a óleo, com um Cristo que não era crucificado, mas sim ressuscitado e bem acima dos romanos. E ao lado da entrada da igreja tinha a bandeira da Islândia. A igreja estava fechada, mas entramos pelo lado. Uma senhora abriu a igreja e ficamos apreciando os detalhes do lugar. O Parlamento se destaca muito claramente na vizinhança, pois os prédios ao redor são em sua maioria brancos e, em um estilo completamente diferente, a edificação é alta e escura, com um telhado plano e um grande jardim aberto em torno dele.

O Lago Tjörnin, o centro de Reykjavik e a Casa Nórdica.

Era final de tarde e fomos passear pela lagoa da cidade de Reykjavik, conhecida localmente como o Lago Tjörnin, sendo uma das atrações mais conhecidas da Islândia. Uma curiosidade, durante os meses de inverno, o Lago Tjörnin se torna um ponto preferencial para os moradores locais, que aproveitam o lago congelado para patinar no gelo. O lago é uma tradição para os moradores de Reykjavik, pois até os jogos de futebol também são conhecidos por serem em cima do lago congelado. Circulamos o lago e fomos parar na Casa Nórdica ou “Nordic Hous”, uma instituição cultural e uma joia arquitetônica situada em Vatsmýrin, a apenas 10 minutos a pé do centro de Reykjavik. A Casa Nórdica organiza um programa diversificado de eventos e exposições e é um local para as atividades culturais do islandês. O que vale, na visita, é a arquitetura da casa, que foi projetada magnificamente. No lugar encontramos uma biblioteca, um bistrô, uma loja com design nórdico, salas de concertos e exposições que mostram uma rica variedade de arte, cultura e design do país.

Casa Perlan e os atrativos caverna de gelo e colônia de aves.

Depois disso, o ponto alto foi a nossa próxima visita, a Casa Perlan. Pegamos um ônibus e descemos próximo ao lugar, atravessamos uma avenida grande e entramos por um caminho secundário. A Casa Perlan é um dos edifícios mais marcantes de Reykjavik, e embora tenha sido aberto ao público em 1991, é uma das edificações mais modernas da Islândia. Por dentro, tem um design de escadarias, que dá a sensação de que você está em um edifício futurista. No quarto andar há uma plataforma de visualização de 360 graus, onde se pode tirar a famosa foto panorâmica de Reykjavik. Bem na entrada, já nos entusiasmamos com o lugar, e um funcionário nos vendeu um bilhete integrado (7200 coroas para dois), com show no Planetário com dois filmes, um da Aurora Boreal e o outro sobre os vulcões, sendo que tudo isso começaria em 40 minutos, e nós ainda tínhamos tempo para descobrir vários ambientes que retratam a natureza inóspita da Islândia. Uma das partes, explora os ambientes oceânicos, costeiros e terrestres da Islândia. Pode-se aprender um pouco mais sobre a fauna aquática, inclusive se vê uma réplica da “colônia de aves”, com a simulação de áudio e dos voos, via vídeos. Outra exposição, conta sobre os 64 milhões de anos de história geológica (vulcões, terremotos, placas tectônicas e a atividade geotérmica), que impressiona pela conjugação de vídeos, fotos e painéis que criam as histórias ambientais mais originais do planeta. O ponto alto, foi a visita a uma caverna de gelo, uma réplica realista que educa os visitantes sobre os perigos e segredos das geleiras da Islândia, e como o desaparecimento desses vastos corpos de gelo está levando a uma enorme mudança, tanto na ilha quanto no mundo todo. Outras exposições atraem visitantes com uma visão de 360 graus sobre a geleira de Vatnajökull, as formas de vida incomuns que vivem nela, seus efeitos sobre a terra e o que acontecerá se, ou quando, ela desaparecer. O ponto alto realmente é a visitação ao quarto andar, no restaurante panorâmico e giratório, onde se tem uma visão da cidade. Na parte externa, apesar do frio, tem como tirar boas fotos. 

Vista panorâmica da cidade, a partir do terraço da Casa Perlan.

O Blue Lagoon é uma furada…

Nosso quinto dia, amanheceu um pouco nublado e frio (não poderia ser diferente) na média de 7 a 10 graus durante o dia e baixando para 5 graus à noite. Era o dia para ir no atrativo mais conhecido do país, o Blue Lagoon, o famoso lago artificial de águas azuis. Mas tínhamos que pagar na média 180 euros o casal. Nos indicaram também o Secret Lagoon, que custava 131 euros o casal. Conversamos com várias pessoas que atendiam nos museus e atrativos da cidade. Muitos deles não conheciam e diziam a mesma coisa “foi feito para tirar dinheiro de turistas”, é um mega investimento para atrair pessoas para banho com um ultra mega marketing, desde um painel gigante no aeroporto internacional até revistas turísticas. Bem que um amigo meu avisou: “não perde tempo, é ultra turística”.

A diversão é mesclar uma piscina de 42 graus, aquecida artificialmente, para logo em seguida tomar um banho no lago com a sensação de menos 10°C.

A diversão dos islandeses, tomar banho de piscina geotérmica

Não deu outra, fomos conhecer Nautholsvik Geothermal Beach, a uns poucos metros da Reykjavik University. Pegamos 2 ônibus integrados (linhas 3 e 5) e em meia hora estávamos na tal praia. A praia geotérmica em Naughty foi inaugurada em 2001 e atrai mais de meio milhão de visitantes por ano. Foi construída em 1850, com o nome de fazenda Nauthóll, e destruída no século XX durante uma epidemia de febre tifoide. Na Segunda Guerra Mundial, a área foi usada como local de pouso de aeronaves anfíbias. Em 1985, de novo foi fechada, por risco à saúde. No final dos anos 1990, a ideia de converter a entrada em um centro de recreação ganhou força. Paredes rochosas maciças foram construídas para fechar a enseada do oceano e a costa coberta de areia amarela de grãos finos. As águas do lago são geladas, mas o complexo usa a água dos tanques de água quente do topo da colina de Öskjuhlíð, para aquecer a lagoa a uma temperatura confortável entre 15 e 19°C, durante o horário de verão. Independente das águas geladas, os nadadores locais dão um mergulho rápido todos os dias, não importa o tempo, para manter a saúde.

A praia abre para a estação turística em 15 de maio e fecha novamente em 15 de agosto, no entanto, o centro de serviços e as instalações ficam abertos por um tempo limitado na maioria dos dias durante o período de entressafra, quando são utilizados principalmente pelos moradores locais.

O Centro de Lazer da praia possui uma sauna e duas piscinas, uma retangular rasa acima do centro de serviço, ideal para os pais relaxarem com crianças pequenas, bem como uma circular na beira da água, que se torna parcialmente submersa na maré alta. O município de Reykjavik opera o centro de serviços, que oferece aluguel de toalhas e roupa de banho. O uso dos vestiários, chuveiros, piscinas e sauna é gratuito durante os meses de verão, mas uma pequena taxa é cobrada durante o período de entressafra (700 coroas). As pessoas saíam em direção ao mar para nadar com toucas de lã, maiôs, meias e muitas mulheres com uma proteção de lã no pescoço. Entravam em grupos na água, nadavam de uma ponta a outra e de novo retornavam à piscina. O frio era intenso, seria necessário muito treinamento para fazer este trajeto (conjugar a água quente da piscina com o mar gelado). Muitas pessoas faziam exercícios na areia. Era uma cena surreal, nós tremendo de frio e aquele povo se divertindo e relaxando. Não tivemos coragem de entrar no lago e retornamos ao centro da cidade.

Todo o islandês tira no mínimo uma hora por dia para relaxar no seu clube preferido.

Nosso clube era a piscina Sundhöllin…

Decidimos que nesse passeio teríamos de passar pela experiência do banho de piscina junto aos islandeses. Escolhemos o complexo de piscinas Sundhöllin, situado na rua detrás da Igreja Hallgrímskirkja. Pagamos 1000 coroas para passar o dia, mas ficamos somente em torno de duas horas. O complexo foi projetado pelo famoso arquiteto Guðjón Samúelsson. Existem piscinas interiores e exteriores no edifício, ambas com 25 metros de comprimento. Há também banheiras de hidromassagem, sauna e banho de gelo. Sundhöllin é a mais antiga piscina pública da Islândia, foi inaugurada em 1937. Em 2017, o edifício foi renovado e uma nova piscina exterior, várias novas banheiras de hidromassagem e banho de gelo foram adicionados. Ao entrar (homens e mulheres em lugares distintos), se passa por um “fiscal de banho”, profissão que somente existe na Islândia! Ele te explica que você tem que guardar seus pertences no armário, pegar a chave e colocar com uma cordinha no tornozelo e levar consigo uma toalha de banho, um chinelo e a roupa de banho. Tem que tomar uma “chuveirada” nu e depois colocar a roupa de banho. 90% das pessoas que frequentam o complexo são moradores locais e os mesmos têm carteirinhas, é o lazer de todos, uma espécie de clube diário. Eram várias piscinas, com temperaturas que variavam de 38 graus até 42 graus. Em muitas dessas piscinas, por exemplo, tem que ficar no máximo 15 minutos, para evitar problemas com a pressão alta. Tinha também uma “jacuzzi” e sauna. Tudo muito simples e limpo. Saímos relaxados e com a sensação de que fizemos muito bem em não ter ido ao Blue Lagoon. 

Um dia voltaremos, a Islândia é inesquecível.

E aí, valeu a pena?

Enfim, voltamos à nossa Inglaterra, no nosso sexto dia, com a “cabeça livre, leve e solta”. De todos os países escandinavos que visitamos antes (Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia), literalmente, a Islândia mexeu conosco. Não pela sua sua beleza geográfica e nem pelo seu lado inóspito de ser a terra do fogo e do gelo, mas sim, pela sua atmosfera. O país deixa a reflexão de que somos apenas uma “formiga” perante o Universo, pois diante de tanta exuberância, vimos que Deus existe, na forma de um país chamado Islândia. Um lugar que merece ser visitado! É um lugar um tanto inóspito e, na chegada, a paisagem representa ser assustadora, desértica e vulcânica, parecendo ser “lunar”. Porém, depois que você vai entrando na atmosfera e fazendo os passeios pelos principais lugares, a percepção muda e a maioria das pessoas acaba gostando. A Aurora Boreal, os vulcões por toda a parte, os gêiseres, as cachoeiras, as placas tectônicas, o mar com as baleias, os parques, os museus, a paisagem em geral e os banhos de água quente, bem como a pureza da água potável, fazendo com que todos os produtos processados no local, como cerveja, chocolate, iogurte, etc., sejam de ótima qualidade. O salmão e a pasta de salmão são inigualáveis. Por fim, não deixe de provar o “hot dog” típico local, que é servido desde o aeroporto até os vários quiosques da cidade.

Curiosidades que amamos na Islândia…

  • Não alugamos carro para circular por lá e nem é necessário. É um dos países que menos tem gente por metro quadrado.
  • Deu para perceber, nas piscinas públicas, o carinho e atenção dos pais com relação aos filhos.
  • A interação se dá no momento de lazer, nas brincadeiras das piscinas. Não vimos muita coisa sobre os povos “Elfos”, mas as feições dos islandeses eram, em sua maioria, meio Elfos, meio Vikings. Segundo a lenda, os Elfos eram seres com poderes mágicos (altos, loiros e com olhos azuis), uma beleza sobrenatural, uma espécie de povo “feiticeiro do bem”. 
  • Desde 1975, o país nórdico abriu caminho na igualdade de gênero e agora, da infância à maternidade, mulheres e meninas são preparadas para ter os mesmos direitos que os homens. A Islândia também é um dos países que mais valoriza o trabalho da mulher. É um país onde é proibido ter preconceitos de qualquer tipo, seja de sexo, raça, religião ou outro.

Motivos para voltar para a Islândia…

  • Fazer o passeio de observação de baleias grandes, na cidade de Dalvik e também visualizar os fiordes islandeses.
  • Saímos desolados porque não vimos a rocha, conhecida como “Ófeigskirkja”, que esteve em discussão por 8 anos (porque estava atrapalhando a construção de uma estrada) e alguns islandeses acreditavam que essa pedra era um altar de Duendes ou Elfos e que o lugar era sobrenatural. Enfim, retiraram a pedra do lugar e colocaram na cidade de Hafnarfjörður, nos arredores de Reykjavik. Mais da metade da população acredita que exista uma comunidade paralela de Elfos, anões e fantasmas que reside próximo à cidade e muitos já viram os mesmos.
  • Sentimos não ter ido à Reynisfjara, a praia “preta e branca”. Uma das únicas praias com areia negra do mundo. É negra devido aos vulcões. Ali, nesse local, foi filmada uma das cenas da série “Games of Thrones”. A praia tem colunas de basalto e formações rochosas sinistras. Ficou para uma próxima aventura, com certeza.
  • Tem locais que você chega somente nos meses de alto verão e com veículos com tração nas quatro rodas. A parte mais habitada da Islândia fica ao longo da costa. O anel viário tem aproximadamente 1332 km, então achamos que era muita aventura para um casal andar sozinho e, em outra oportunidade, talvez isso possa ser feito em grupo.
  • Não comemos “tubarão fermentado”, desta vez não tivemos coragem.
  • Não compramos nenhuma roupa de lã de ovelha, famosas na Islândia. Um blusão estava na faixa de 18 mil coroas. Ao tocar na roupa, se sentia a leveza da lã. Ficou para uma próxima viagem. 

Sites de pesquisa de gastronomia e hotel para uma próxima viagem

Não tem como escrever nome de ruas na língua islandesa, então fica a dica:

Supermercado – www.bonus.is ou www.super1.is

Pizzaria – www.flateypizza.is

Hotel – www.apartmentk.is

Centro de gastronomia – www.hlemmur.is

Restaurante da sopa – The Downtown Cafe and Bar – fica na Laugavegur, 51.

Sites de pesquisa de passeios para uma próxima viagem:

www.straeto.com

www.mountainguides.is

www.vulcanohouse.is

www.lavacentre.is

www.harpa.is

www.swimminginiceland.is

www.bryggjanbrugghs.is

www.re.is

www.flybus.is

www.reyjavikcitymuseum.is

www.fontana.is

www.northsailing.is

www.geysir.is

www.icelandicsagas.com

www.intotheglacier.is

www.hiddeniceland.is

www.perlan.is

www.nordichouse.is

www.aurorareykjavik.is

www.seatrips.is

www.south.is

www.sagamuseum.is

www.whalesoficeland.is

www.offer.is

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