O IntercâmbioMinha Primeira Entrevista para Trabalho Voluntário

Minha Primeira Entrevista para Trabalho Voluntário

Desde os primeiros dias em que estive aqui na Inglaterra, deu para notar que as pessoas têm muito orgulho do seu “job” (trabalho). Nota-se pela expressão delas, tanto em lojas, como em pubs, restaurantes, transporte público, etc., que todos, sem exceção, carregam no seu peito o crachá de identificação, com muita satisfação.

Quando se pergunta para alguém na Inglaterra a frase usual: “What’s your job?” ou “What do you do?”, todos “inflam” o peito e respondem: “I am…”. Por outro lado, quem não está empregado se sente desconfortável com esta situação e vai à luta. Ainda bem que os índices de desemprego são baixos e insignificantes por aqui.

Na “White Rose” há um novo conceito para “Charity Shop” (Loja de Caridade ou “brechó”), unindo reciclagem e sustentabilidade.

Bem, eu entendi o porquê disso tudo. Passado quase um ano que estamos aqui, e estudando quase o tempo inteiro, o meu inglês não deslanchou como deveria. Estava precisando de um novo desafio. Aí resolvi trabalhar voluntariamente em algum dos “Charity Shops”, que vendem desde roupas, móveis e utensílios, dentre outros diversos produtos. Mas como ir lá e pedir se, para trabalhar, é necessário ter uma fluência média em inglês? Não deu outra, na segunda quinzena do mês de setembro de 2017 bati de porta em porta e solicitei um formulário de preenchimento para trabalhar como voluntária. Só para frisar que, por aqui, aonde tu vais, seja na escola, na livraria ou em qualquer lugar público que requeira identificação, tem que preencher o bendito formulário. Assim, passei em diversos “Charity Shops” do centro de Nottingham e trouxe os formulários para preencher em casa.

Uma nova forma de pensar: para que comprar algo novo, se tem tantas coisas legais disponíveis por um precinho “camarada”?

Preenchi todos, mas somente em duas lojas eu tive a coragem de entregar e rezando para que não me chamassem (vem aquela história do receio do novo, do inusitado). E parece que as coisas se complicam, pois a tal “zona de conforto” é ótima. Bem, uma semana depois, uma das lojas me chamou por telefone. Aí eu conversei com a mulher, mas me bateu um “bloqueio” que mal respondia ao que ela me perguntava. Desliguei o telefone e pensei: “Livrei-me dessa”. Mas uma semana depois me chamaram de novo, aí não teve jeito, e fui para a entrevista. Chegando à loja, o gerente disse para esperar até chegar o “Shopping Director”, de nome Shatig. Não saí correndo por detalhes, mas esperei. Fui para a entrevista com aquele “frio na barriga”. O Shatig me encheu de perguntas e eu respondi a todas. Acho que o fato de o inglês dele não ser “original” também ajudou um pouco, fica mais fácil. Contei da minha experiência no Brasil e tudo que fiz nos meus 30 anos de trabalho efetivo. E aí caiu a ficha que a experiência é algo raro e conta muito em uma entrevista de trabalho. Trabalhei 30 anos da minha vida com Turismo, e tive excelentes oportunidades de emprego e trabalho no Brasil. Agora que inicei esta nova vida por aqui, fazendo o intercâmbio, comecei a viver uma nova fase, uma experiência diferente. Ao final da entrevista, Shatig inflou o peito e disse: “Vania, você irá ser voluntária na maior loja de Caridade do Reino Unido, a ‘White Rose’. Ajudamos muitas pessoas carentes no mundo inteiro, principalmente Ruanda, na África. Faturamos 270 mil libras por ano e temos em nosso quadro mais de 221.000 voluntários em todo o país. Nós temos mais de 8 mil lojas espalhadas por todo o Reino Unido”. E detalhou com orgulho a história do início da instituição “White Rose”.

Saí da entrevista achando que a rua era muito colorida… E é!!!

Apertou a minha mão e disse: “Te espero na próxima sexta-feira, às 2 horas, e você irá trabalhar 2 x por semana conosco”. Vou trabalhar no repositório de roupas e irei ajudar a montar os “looks” nas 4 lojas que ficam perto da minha casa… Huhu.

Sai de lá que nem os ingleses, com um orgulho danado no peito. E se alguém perguntar na rua “What do you do?” Eu responderei, com muito orgulho: “I,m volunteer at the charity store White Rose”.

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