Tomei coragem e lá fui eu de novo trabalhar e praticar o meu inglês na Loja da White Rose, tendo ficado estabelecido que seria sempre às sextas-feiras às 14h. De novo, ao chegar lá, me deu um frio na “espinha”, aquela vergonha inusitada de chegar a um lugar onde você fala pouco o idioma e ainda tem de ser simpático e receber ordens. Mas a superação tem de ser maior que tudo, tem de ir sempre seguindo em frente, pois é a única forma de vencer novos desafios.
Chegando à loja (vou ficar na loja masculina) meu segundo chefe de nome Maicon (um polonês de 26 anos que está em Notthingham a 8 meses) me explicou brevemente qual seria a minha tarefa do dia. Explicou uma vez somente e eu tive de entender o contexto do que ele estava falando. Aprendi que se você quer aprender o inglês, em hipótese alguma deverá traduzir as palavras no cérebro, é necessário entender o contexto e responder: “Yes”, “No” ou “Maybe” (no máximo, você solicita um: “Please, repeat slowly, I don’t understand”), pois falar o tal “What?” ou Por que? é falta de educação, ou uma expressão não polida. A primeira tarefa do dia foi montar dois “looks”. O Maicon disse que eu tinha experiência em montar “looks” e já determinou para eu vestir os manequins. Não deu outra, me lembrei que as cores em lojas devem ser chamativas, pois isto alegra as pessoas na hora de comprar. Também lembrei que o “look” “despojado” chama a atenção de todos, pois quem não gosta de ser elegante e ao mesmo tempo estiloso? E lá fui eu escolher as roupas para montar o “look”.
Fui rápida em escolher as roupas, o mais difícil foi desmontar os manequins. Eram antigos e pesados e colocar as roupas foi um trabalho daqueles. Por fim, após um jeitinho daqui e outro dali, montei os meus dois primeiros “looks” na White Rose. Maicon ficou super feliz e me elogiou. Mais o mais legal foi que não passou meia hora e já tinha gente desmontando os meus manequins, levaram os casacos e as camisas, mais da metade dos “looks”.
À medida em que eu ia mexendo nos cabides, passando vaporizador nas roupas e conversando com o Maicon a tensão foi passando. Diversas situações aconteceram, do tipo: gente que abria os sacos de doações e queria levar as roupas mesmo não tendo preço, o que eu achei muito estranho!! Pessoas que pediam desconto em cima de preços muito baixos, mesmo sabendo que a loja era uma “Charits Shops” cuja função é fazer caridade. Outros que entravam extasiados pelas roupas, achando tudo maravilhoso, mesmo sabendo que eram usadas. Enfim, mais uma lição de vida, mais um dia de batente…