O IntercâmbioO Gato Luisuline e a Francesa

O Gato Luisuline e a Francesa

Não sou fã de gato, mas sim de cachorro. A maioria dos ingleses também adora os cachorros, mas já os franceses (adoram gatos)…

Até nos jardins os cães não são esquecidos.

Mas não posso deixar de contar a história do Luisuline, o gato francês. Era um bichano diferenciado, um tanto (muito) esperto e cheio de atitude. O nome é francês, Grisouin, mas nós o apelidamos de “Luisuline” (“abrasileiramos” o gato).

Uma francesa chamada Ariane e seu gato Luisuline.

Uma semana após a nossa vinda para Nottingham, chegou à nossa acomodação, para morar na mesma casa, uma francesa chamada Ariane e seu gato Luisuline. Como todo o bom francês o gato, além de bonito (olhos verdes e um pelo acinzentado puxado a uma tonalidade da cor dos olhos) era charmoso e se alongava por todos os cantos da casa. A Ariane veio para trabalhar em uma empresa inglesa para fazer traduções de etiquetagem de produtos. Já no primeiro dia o gato entrou em nosso quarto e queria se “atirar” pela janela; se não fosse a gente correr para fechar, o Luisuline iria se machucar feio (ou não!! Sete vidas??).

E nos primeiros dias o Luisuline queria se jogar pela janela.

O gato vivia na maior mordomia, tinha uma casa de 5 andares e morava no quarto com a sua dona. O “luxo” era tanto que, às vezes, sua dona viajava para a França para visitar seus pais e o gato ia junto, dentro de sua caixa, de carro, atravessando o túnel do Canal da Mancha. Durante o dia ficava na janela, observando a rua com um jeito triste de viver. Eis que um dia, a filha da dona da casa (em West Bridgford), teve a brilhante idéia de abrir uma portinhola que dava para o pátio (por aqui é muito comum as casas terem uma pequena abertura na parte inferior da porta, para entrada e saída de gatos). Para o Luisuline soou como se tivesse sido aberta a porta do paraíso. Por uns três dias, a fio, ele saía e chegava a todo o momento, como se tivesse descoberto o mundo.

A portinhola era o acesso para muitas aventuras.

Chegava somente para comer a sua ração diária e saía novamente para a rua. Até que um dia aconteceu um fato interessante: ao chegarmos em casa, vindos da escola (final da tarde), encontramos alguns gatos na porta da casa, rosnando, e achamos estranho tal situação.

Bastava abrir a porta que o gato entrava que nem um raio.

Ao abrir a porta, eis que surge como se fosse um raio, nosso amigo Luisuline que entrou na casa correndo muito. Aí, caiu a ficha, o Luisuline estava fugindo dos inimigos e tivemos que fechar a porta imediatamente. Dali em diante, era quase uma rotina, chegar e abrir a porta para o Luisuline, para que ele saísse do sufoco da briga. Para quem se lembra das histórias em quadrinhos, era uma cópia real do gato “Manda Chuva” e suas travessuras. O maior inimigo do Luisuline era um gato amarelo, gordo, com aspecto de muito mau, tipo assim “sou o gato da zona”…

Pois, bem, um dia estávamos jantando e a portinhola abriu como se fosse um “estouro” e entrou Luisuline de forma repentina com o “coração na mão”. Dava para sentir a batida do coração do gato, tamanho era o susto que ele tinha tomado. Hum, lá fora, tinha um barulho de pisadas de outros gatos, alguns até “miando” em torno de ameaça. Neste momento, vi que Luisuline tinha aprontado muito, pois senti o terror em seus olhos.

Os gatos ingleses vivem soltos em pátios comunitários e andam livres nas ruas.

Ele acabou gostando da gente, porque uma vez ou outra a francesa ia viajar e a gente ficava responsável por cuidar do bichano. O que deixava a gente apreensivo, devido às “escapadas” do gato pelas redondezas, sem contar que a criatura subia nas árvores para “afiar” as unhas… hehe…

Após 3 meses na casa de West Bridgford, acabamos nos mudando para outro lugar, mas ficou um saudade enorme do Luisuline e de suas aventuras. A Ariane (sua dona) era jovem e tinha como hobby fazer doces e bolos ornamentados nas horas vagas. Passamos por momentos deliciosos na casa, principalmente na companhia da Ariane e do Luisuline.

Só faltaram as flores, porque o olhar dele era este aqui… de gratidão.

No último dia Luisuline veio se despedir da gente e foi muito emocionante; ele brincava conosco, corria pela casa e demonstrava suas habilidades. Parece que ele sabia que talvez a gente nunca mais fosse se encontrar nesta vida.

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