As ViagensCardiff, uma Jóia Rara no Reino Unido

Cardiff, uma Jóia Rara no Reino Unido

Havíamos visitado pela primeira vez o País de Gales em 2011, quando resolvemos fazer uma viagem de férias com nosso filho que, na época, morava em Nothingham, Reino Unido, onde hoje residimos. Mas, na ocasião, não havíamos visitado a capital do País de Gales, Cardiff, e, sim, a cidade de Conwy para conhecer um dos castelos mais fantásticos da Europa e que ainda permanece em pé, o qual foi construído no século XIII pelo rei inglês Eduardo I. O Castelo de Conwy se destaca por proteger o pequeno vilarejo de Conwy, que parece ter saído de um “conto de fadas”, todo cercado de pequenas casas coloridas.

Castelo de Conwy protege um Vilarejo chamado Conwy – viagem de 2011.

O País de Gales tem 641 castelos, que se destacam com suas imponentes muralhas entre vilarejos, rochedos perto de praia, campos verdejantes e assim por diante. O País de Gales é considerado a Terra dos Castelos no mundo, pois devido a sua proporcionalidade geográfica, tem mais castelos por metro quadrado no mundo.

O País de Gales é considerado a Terra dos Castelos no mundo, são 641 ao todo.

Dos 641 existentes, os 22 castelos mais visitados no País de Gales são: Caernarfon Castle, Beaumaris Castle, Harlech Castle, Cymer Abbey, Conwy Castle, Rug Chapel, Bryn Celli Ddu Burial Chamber, Pemmon Priory, Strata Florida Abbey, Dolwyddelan Castle, Rhuddlan Castle, Dolforwyn Castle, Criccieth Castle, Dolbadarn Castle, Castell y Bere, Plas Mawr Elizabethan Town House, Denbigh Castle, St Winefride’s Chapel & Holy Well, Ewloe Castle, Montgomery Castle, Valle Crucis Abbey e Flint Castle.

Na nossa atual viagem a Cardiff, visitamos mais 3 castelos o que nos deixou muito felizes (só faltam 637 castelinhos para visitar ainda hehehe).

Escolhemos visitar Cardiff, capital do País de Gales, por dois motivos: fizemos um plano de conhecer todas as capitais do Reino Unido e essa seria a terceira das quatro, pois já conhecíamos Londres (Inglaterra) e Edimburgo (Escócia), sendo que a quarta, Belfast (Irlanda do Norte) deixamos para a próxima oportunidade; e porque todos comentavam que a cidade não tinha atratividade turística nenhuma, então fomos lá para o tira-teima (no final daremos a nossa opinião).

Será que Cardiff não tem atratividade nenhuma!!! Hum!!!

Chegamos para visitar a cidade no finalzinho do mês de março de 2018 e tivemos sorte, apesar de pouco sol, estava um clima bom (ter sol seria a glória). Chegamos a Cardiff de trem, após quase 4 horas, saindo da cidade de Nottingham. Descemos com muita chuva e tivemos que pegar um táxi (apesar de o hotel estar localizado bem próximo à Estação Central. Pegamos um taxista (acreditamos que ele não era alfabetizado em inglês) que nos deixou no endereço errado, em outro dos hoteis da Rede Ibis. Apesar de ser um trajeto relativamente perto, tivemos que pegar outro táxi, em função da chuva. Ficamos hospedados no Ibis Budget e estava muito bom, simples e funcional (chuveiro quente, cama e café de boa qualidade).

Sem “sombra de dúvidas” estamos na capital do País de Gales.

No primeiro dia ficamos encantados com uma das principais ruas comerciais do centro da cidade (St Mary Street), pela quantidade de bandeiras colocadas ao longo da rua, tremulando, com as cores da bandeira do País de Gales, onde se destaca o desenho do “Dragão Vermelho”, com o fundo em verde e branco. Tiramos várias fotos, pois a sensação era de que realmente estávamos pisando no solo de “Wales”, como dizem os britânicos.

Todas as ruas de Cardiff levam até o Castelo!

A rua tem a sua finalização no Castelo de Cardiff, que fica bem no meio da cidade. Ficamos sabendo, depois, que tem uma lei no país determinando que nenhum prédio próximo ao Castelo poderá ser maior do que a altura do mesmo e aí se entende a harmonia arquitetônica da cidade.

O Castelo de Cardiff é imponente, ele realmente se faz presente na cidade, pois a mesma é muito pequena e a gente se desloca de um lugar ao outro a pé. A impressão que se tem é de que não há “perdida” na cidade, pois por onde se anda sempre é possível chegar até os muros do castelo ou se enxerga o prédio do Principality Stadium, outro ponto de referência.

O Castelo de Cardiff fica muito próximo ao Principality Stadium.

Segundo dados históricos, o Castelo de Cardiff foi construído pelos romanos e pelo menos dois fortes foram erguidos no local (aproximadamente 55 D.C.). Muitas guerras após, foi retomado pelos galeses e com o tempo transformou-se em uma bela construção de pedras. Por este castelo passaram vários reis, condes e foi importante cenário para os acontecimentos históricos da cidade. Após muitas mudanças e reformas, o Castelo de Cardiff foi entregue, em 1947, aos cuidados do Conselho Municipal de Cardiff, que mantém o local em excelentes condições para a visitação turística.

Castelo de Cardiff, o símbolo do País de Gales (esta é a parte normanda).

O tamanho do Castelo revela sua imponência, além de ser muito bem cuidado, não somente na parte dos jardins, mas também pela sua aparência em geral. O valor para entrar no Castelo é de 12 pounds e se tem acesso ao Centro de Interpretação (localizado na entrada do Castelo).

Na entrada do Castelo tem uma ótima exposição sobre a história de Cardiff na Segunda Guerra Mundial.

Neste local, tem filmes e uma exposição demonstrando a história do lugar, que serviu de abrigo antiaéreo durante a Segunda Guerra Mundial.

O Castelo fica no coração da cidade e parece uma fortaleza romana, sendo que no seu interior tem dois castelos menores.
Um deles é um palácio gótico de estilo arquitetônico vitoriano, projetado pelo arquiteto William Burges, que criou o mundo de sonhos medieval para o terceiro Marquês de Bute no século XIX. No interior dessa construção têm diversas salas, bibliotecas com locais para leitura, pinturas nos tetos e vidros decorados, que representam símbolos astrológicos, criaturas da natureza, os prazeres das estações, personagens bíblicos vestidos com detalhes em dourado e desenhos mouros.

Já a outra construção é uma fortaleza medieval normanda, localizada no centro do Castelo, arredondada, onde se sobe uma escadaria de mais ou menos 50 degraus e se tem acesso a algumas salas de pedra. No último acesso (por escada) se tem uma vista panorâmica da cidade, onde podem ser visualizados o Principality Stadium e o Bute Park.

 

Vista da cidade pelo “olhar” do Castelo.

Saindo da fortaleza, pode-se circular pela parte externa da muralha do castelo, onde se tem acesso aos jardins e a um grande corredor que o circunda, e de onde se pode visualizar a cidade.
Na parte de baixo das muralhas pode-se visitar um abrigo de guerra, com exposição de quadros e cenários da Segunda Guerra Mundial, onde uma pequena parte dos moradores da cidade se protegeu por ali. Há, também, em um dos cantos do Castelo um monumento ao Soldado Galês (herói anônimo da Segunda Guerra).

 

O respeito aos soldados mortos durante a Segunda Guerra Mundial.

A visita à Torre do Relógio ocorre somente nos finais de semana, mediante agendamento. Sem sombra de dúvidas, a Torre do Relógio é o ponto mais fotografado do Castelo (e da cidade), pelo beleza do contraste do preto com o dourado dos ponteiros. Era para ficarmos 3 horas e acabamos ficando quase o dia inteiro no Castelo.

Bem ao lado da Torre do Relógio encontra-se uma série de esculturas de pedras de animais. Este lugar se chama “Animal Wall”, um dos locais mais fotografados de Cardiff. Foi projetado pelo arquiteto William Burges para o 3º Marquês de Bute e é muito amado pelas pessoas da cidade. Burges morreu em 1881, antes mesmo que a estrutura da parede fosse concluída e que as esculturas dos animais tivessem começado. O arquiteto William Frame levou o Animal Wall à conclusão alguns anos depois, com base nos esboços do Arquiteto Burges.

O Muro dos Animais e ao fundo a Torre do Relógio.

A parede original estava localizada em frente ao Castelo e foi decorada com apenas nove animais. Modelos de cada animal foram feitos para aprovação de Lord Bute e dois, incluindo um “cavalo marinho”, foram rejeitados. A muralha original estava mais ou menos concluída em 1892. No final da Primeira Guerra Mundial, o tráfego ao longo do Castelo e da Duke Street havia se tornado extremamente congestionado. Finalmente, decidiu-se alargar Castle St e alinhá-lo com a reedificada ponte de Cardiff. Portanto, uma proposta anterior para estender a Muralha de Animais ao longo do lado norte de Duke St teve que ser abandonada. Para acomodar o alargamento da estrada, a parede inteira foi movida para o oeste até sua posição atual e seis novos animais foram adicionados. Estilisticamente estes são diferentes e não têm os olhos de vidro dos originais.

O Animal Wall inspirou várias obras literárias, dentre as quais a mais famosa das histórias de Dorothy Howard Rowlands, publicada no South Wales Echo and Express de 1933 e que foi muito popular entre uma geração inteira de crianças. Os personagens incluíam William, a foca, Priscilla, o pelicano, Martha e Oscar, os macacos, Larry, o lince, Romulus e Remus, os dois leões. Devido à proximidade a uma rua movimentada, o Animal Wall deteriorou-se muito na virada do século XXI, e não pela primeira vez o tamanduá estava sem o nariz. Em 2010, o muro foi totalmente reparado, remarcado, limpo e conservado para as futuras gerações, como parte do “Bute Park Restoration Project”, financiado em conjunto pelo Conselho de Cardiff, o Heritage Lottery Fund e o Cadw.

Bute Park, um grande espaço verde no meio de Cardiff.

Caminhando pela rua do castelo (Castle St Duke) em direção à Cowbridge Road Easte, bem ao lado do muro dos animais em pedra, encontra-se a entrada para o Bute Park. Caminhamos por uma hora dentro do parque, simplesmente porque ele é gigantesco. São 56 hectares de parque urbano, ou raciocinando que nem “brasileiro” o equivalente a 75 campos de futebol.

Inúmeras esculturas de madeira dão um charme especial no parque.

Cardiff tem mais áreas verdes por pessoa do que quaisquer outras cidades grandes do Reino Unido. A cidade tem 362.000 mil habitantes (pesquisa de 2016), simplesmente uma “capital modelo” se comparada com as grandes capitais brasileiras (não tem como comparar “alhos com bugalhos”, diz o ditado mais do que popular). Andamos por pouco tempo pelo Parque, mas deu para perceber a diversidade de pássaros e esquilos que circulam por lá.

Junto ao parque é possível pegar os barcos para ir até Cardiff Bay.

Além disso, o parque possui uma diversidade de árvores, são mais de 3.000 espécies catalogadas individualmente no parque. Além de insetos coloridos, pica-paus, garças e até mesmo lontras. É o lazer dos moradores, no inverno e no verão, porque tem ar puro, estrutura como bancos para sentar, banheiros e lanchonetes, além da beleza da flora e da fauna, esculturas de madeira, etc. É de lá que saem os barcos turísticos para Cardiff Bay.

Morgan Arcade, que possui boutiques e cafés dos mais elegantes da capital.

Com o início do horário de verão (que entrou justamente no período em que estivemos por lá) tivemos a oportunidade de andar pelas ruas de cidade e conhecer as várias “Arcadas”, que são galerias comerciais decoradas com tetos de vidro. A cidade de Cardiff é conhecida justamente por ter a maior concentração dessas galerias comerciais de estilo vitorianas, eduardianas e contemporâneas do Reino Unido, que dão um charme especial à capital, e a mais famosa é a Queens Arcade que possui boutiques e cafés dos mais elegantes de Cardiff.

Queens Arcade e os tetos de vidro que dão um charme especial a todas as Arcadas.

De acordo com pesquisas, até o ano de 1790 eram apenas 25 lojas de varejo na capital de Wales. Em 1858, a abertura do Royal Arcade aumentou significativamente o número dessas lojas no centro da cidade. No tempo todo em que estivemos na cidade visitamos algumas delas, e as “Arcadas” estavam repletas de clientes, frequentando delicatessens, joalherias, lojas de arte, papelarias, confeitarias, lojas de chocolate, lojas de móveis, barbearias e até antiquários.

Rarebit prato tradicional da culinária galesa.

Aproveitamos um dia e comemos em uma delicatessen, confeitaria e queijaria chamada Madame Fromage (uma das melhores queijarias de Wales), localizada em uma galeria bem em frente ao Castelo de Cardiff. O lugar, além de ser uma “boutique gourmet”, é especialista em cozinha galesa tradicional. Tem uma fila para sentar, mas vale muito a pena. Fomos duas vezes, na primeira vez, tomamos uma sopa tradicional galesa e na segunda provamos o também tradicional “Rarebit”, uma espécie de queijo derretido em cima do pão, temperado com cerveja e ervas, acompanhado com uma saladinha especial, uma verdadeira delícia.

No segundo dia, fomos fazer a visita guiada ao Principality Stadium, um dos maiores estádios de rugby da Europa. O Principality Stadium é um dos principais atrativos da cidade e se pode comprar o ingresso para a visita pela internet.

A Seleção Galesa de Rugby se apresenta neste estádio.

Pagamos o valor de 12,50 pounds por pessoa e valeu cada centavo. Para esclarecer, o rugby é o esporte preferido do país. A Seleção Galesa de Rugby representa o País de Gales no nível mais alto do rugby da liga mundial. Os galeses também são conhecidos como os “Dragons” e competem anualmente no Campeonato das Seis Nações Européias (Itália, França, Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda) e, em 1999, o Principality Stadium foi palco do campeonato Mundial.

Vista do gramado do estádio, simplesmente “estupendo”.

Historicamente, o País de Gales possui uma das melhores equipes de rugby do mundo, com a quase imbatível seleção dos anos 1970. Entretanto, os maus resultados das duas décadas seguintes, acabaram com a reputação de equipe dos sonhos. Nos anos 2000 houve o ressurgimento o que fez com que os dragons voltassem a serem vistos como parte integrante da elite do esporte.
Nunca tínhamos entrado em um estádio de rugby e ficamos impressionados, pois tem a mesma funcionalidade de um estádio de futebol (somente muda as marcações do campo). O estádio é uma arena ultramoderna e se tem várias visões do campo, ora pelas arquibancadas, ora pelo gabinete de imprensa, ora pelas salas VIP.

Toda a parte da funcionalidade/inteligência é mostrada através da explanação da visita guiada.

O estádio é um modelo de funcionalidade e inteligência, pois tem um sistema de uso muito bom, pode funcionar tanto para jogos do rugby, futebol e grandes shows, sem contar que, dependendo do tempo, o teto retrátil pode ser aberto ou fechado. O campo possui um gramado com 97% de grama natural e somente 3% artificial, ou seja, uma verdadeira “joia” para os atletas. Conta com uma irrigação através de “carrinhos”, que são similares a trens de pouso dos aviões, e um sistema de ventilação natural. As arquibancadas são confortáveis e tem uma parte somente para celebridades. Através da visita guiada há acesso a salas como a de imprensa, massagem, premiação e, até mesmo, se ouve a voz do treinador motivando os jogadores antes da partida. O ponto alto é o rugido dos 74.500 fãs (capacidade do estádio) quando os jogadores passam pelo túnel em direção ao campo. A visita guiada valeu, mas tem de ficar ligado porque os horários são muito reservados.

Um fato curioso, todos os funcionários que operam os ônibus eram da Melhor Idade (acima dos 60 anos).

Para não perdermos muito tempo, pegamos o City Sightseeing (aqueles ônibus turísticos que circulam na cidade pelos principais pontos turísticos). O passeio custava em torno de 15 pounds por pessoa, mas pagamos 10 pounds (p.p.), porque havia uma promoção (parte da cidade estava interrompida devido a uma maratona). Nossa intenção era chegar a Cardiff Bay, uma das maiores áreas turísticas da cidade. A duração do ingresso era por 24 horas, mas circulamos umas 3 vezes, entre descer e subir novamente. O veículo sai em frente ao castelo, passa pelo National Museum of Wales, Fitzalan Place, área de Cardiff Bay, Principality Stadium, Mermaid Quay, Techniquest, entre outros atrativos.

Cardiff Bay, uma área toda revitalizada para atrair turistas.

Paramos no Cardiff Bay. Logo na entrada se pode ver a Mermaid Quay, uma área de restaurantes, cafés e bares com as melhores grifes da gastronomia europeia. Para se entender melhor, vamos explicar o que é a zona turística de Cardiff Bay. Trata-se de um projeto de remodelação de um cais do porto antigo e é considerado um dos projetos arquitetônicos de revitalização de lazer do Reino Unido. A baía de Cardiff é composta por dois rios, o Taff e o Ely, que formam um lago de aproximadamente 2,0 km². Também neste local é possível fazer passeios de barco pela baía, com durações que variam de 20 minutos até 50 minutos, bem como tem uma embarcação que faz o trajeto até o centro da cidade, servindo como transporte público. Dentro do complexo turístico de Cardiff Bay é possível visitar a Pierhead, a Techniquest, Wales Millenium Centre, Roald Dahl Plass e o Cais da Sereia.

O difícil foi encaixar a fachada do Wales Millennium Centre na lente de uma câmera fotográfica.

Um capítulo à parte e que vale a pena visitar dentro do complexo é o Wales Millennium Centre que é um composto cultural com um grande teatro e dois salões menores com lojas (centro de informações turísticas), bares e restaurantes. Abriga também a orquestra nacional, ópera, dança e teatro.
O prédio é famoso porque foi cenário da série de ficção científica britânica mais famosa do Reino Unido, Dr Who, produzida e transmitida pela BBC Britânica (inclusive com apoio da BBC de Gales) desde 1963. A série mostra as aventuras do Doutor no universo alienígena. Doctor Who foi ao ar pela primeira vez entre as décadas de 1960 e 1980, retornando à baila depois de mais de 15 anos, em 2005, e está no ar até hoje. Ao todo, já foram 34 temporadas e mais de 800 episódios transmitidos. Vale tirar uma foto na frente do prédio, pois o mesmo é enorme e dificilmente se enquadra na tela do celular.

Igreja típica norueguesa que faz parte do complexo de Cardiff Bay.

Um dos atrativos mais fotografados na zona de Cardiff Bay é a Igreja da Noruega, uma típica construção norueguesa em madeira, que tem uma vista panorâmica para a baía. Antigamente era uma igreja para marinheiros noruegueses e também representa um ícone para a revolução industrial, quando o porto Cardiff Docks era o maior exportador mundial de carvão.

Este prédio histórico é do tempo da expansão industrial da cidade.

No período de 1750 até 1850 (aproximadamente), Cardiff desenvolveu a exploração de minas de carvão e este produto era considerado, na época, o de melhor qualidade do mundo. Para se ter uma ideia, no início do século XIX Cardiff tinha em torno de 2.000 moradores e cem anos após cresceu para cerca de 164.000 (1901). O Marquês de Bute 1793–1848 construiu a Doca de Cardiff (atual zona turística de “Cardiff Bay e arredores) e se tornou a maior exportadora de carvão da Europa. Com a construção de ferrovias o setor industrial e o de mineração deram um “up” econômico na região.
O porto de Cardiff foi expandido repetidamente e em 1913 tornou-se o maior porto exportador de carvão do mundo. Esta riqueza ainda está presente na cidade, seja através da visita aos museus, como também nas belas mansões e prédios antigos vistos no tour pela cidade.

A noite de Cardiff, como diz o termo popular “fervilha”. Como é comum nas cidades universitárias do Reino Unido, por todos os lugares saem jovens fantasiados para comemorar algo de suas vidas, seja aniversário, despedida de solteiro, datas especiais, enfim, motivo é o que não falta para encontrar grupos de pessoas vestidas como “mariposas”, “cowboys’, personagens da Disney e assim por diante. Uma das ruas mais movimentadas é a Queens Street. Por toda a parte tem pubs e casas noturnas com os seus famosos “karaokes”. A noite começa cedo, às 18h já tem um povo andando por todos os lados e às 22 horas, a maioria já está “alto do chão”. O que gostamos é que, na cidade, a concentração fica entre a Queens Street e as ruas adjacentes, o que facilita muito para visitar inúmeros locais na mesma noite.

Brains a cerveja da marca do Dragão.

A cerveja mais curtida e tradicional na cidade (e, acredito, no País de Gales) é a Brains (a cerveja da marca do Dragão, por onde você anda na cidade, visualiza a mesma). A cerveja é datada de 1882, e começou em uma das ruelas antigas de Cardiff, pelo fundador Samuel Brains e seu tio Joseph Brains que reuniram conhecimento e experiência e começaram a testar as primeiras cervejas. O negócio evoluiu e hoje tem a preferência dos galeses. Nas torneiras dos pubs mais tradicionais, jorra esta deliciosa bebida. Tem diversos tipos de Brains, mas a SA é a mais tradicional, consumida pelos apreciadores da bebida. Um copo grande (pint) custa 2,50 pounds.

The City Arms, um dos pubs mais populares da cidade.

Em uma das ruas adjacentes, quase em frente ao Principality Stadium, encontramos uma relíquia de pub, denominado The City Arms. Muitos pubs têm séculos de idade, de uma época em que seus clientes eram frequentemente analfabetos e identificavam os lugares pelas pinturas nas portas. Agora, nos tempos modernos do Reino Unido, são dados nomes aos pubs para identificar e diferenciar um estabelecimento do outro. Este pub é tão antigo que se tem a impressão que era da época dos reis que frequentavam o Castelo de Cardiff. Na real, o pub é muito frequentado por torcedores do rugby. Nós presenciamos isto, pegamos uma saída de um jogo em pleno domingo e o pub ficou lotadinho. Outro fato interessante é que o local era totalmente decorado por “bolachas de chopp” (Coaster) nas paredes, só que em vez de papelão eram de acrílico e alumínio. Muito show mesmo.

Fachada do Mercado Público de Cardiff.

Outro lugar que fomos, mas não achamos tão interessante, foi o Mercado Público da cidade, localizado bem no centro de Cardiff, com entrada pela Queens Street. O interessante neste Mercado não são os produtos vendidos por lá, mas o grande telhado de vidro que tem no local. São dois pisos para compras, sendo que o segundo andar tem somente algumas lojas de disco de vinil. Não tinha muito que ver, mas nos chamou a atenção uma espécie de pão recheado com ovo mole. A aparência estava linda, mas não tivemos coragem de provar.

Encontramos este prato galês no Mercado Público, lindo de fotografar…

Bem próximo ao Mercado Público visitamos a Igreja de São João Batista, única igreja pré-medieval, localizada bem no centro da cidade. É uma igreja anglicana ativa e um dos símbolos da cidade. Até, aproximadamente, duzentos anos atrás, Cardiff era uma cidade pequena, e este é um dos dois únicos edifícios medievais sobreviventes (o outro é o Castelo).

Igreja de São João Batista, única igreja pré-medieval, localizada bem no centro da cidade.

Além do Castelo de Cardiff, visitamos um dos maiores castelos do País de Gales, o Caerphilly, localizado na cidade de Caerphilly.

Caerphilly, um dos maiores castelos do País de Gales.

Foi um dos maiores castelos construídos na Idade Média. O castelo é em estilo normando e está localizado no centro da cidade de Caerphilly, que fica a 30 minutos do centro da Cardiff. Pega-se um ônibus que sai da frente do Castelo de Cardiff e pagamos o valor de 3,40 pounds para ir até a cidade de Caerphilly. O castelo foi erguido entre os anos de 1268 e 1271 e parece um típico cenário de um filme do Rei Artur, pois tem aquele famoso “pontilhão” e se acha rodeado por um lago artificial (com muitos patinhos) que tinha por objetivo retardar o avanço do inimigo e a invasão das muralhas. Uma curiosidade histórica: foi possível visitar o castelo graças a um programa de restauração que levou 20 anos (iniciou na década de 30 e foi concluído na década de 50, com o Marquês de Bute), o que representou um papel fundamental na economia local (na era da Grande Depressão).

É possível pescar carpas e outros peixes comuns nos arredores do castelo.

O que achamos estranho é que a localização do castelo fica em uma área baixa, o que geralmente não ocorre, a maioria deste tipo de construção fica em área alta.
O castelo possui um espaço de lazer para eventos, um centro de informações turísticas com loja de souvenirs e também está licenciado para a realização de cerimônias de casamento (o grande hall é a parte escolhida, uma vez que permite acolher o máximo de 100 pessoas ao mesmo tempo). Também é possível pescar carpas e outros peixes comuns nos lagos norte e sul (arredores do castelo). O maior atrativo dentro do Castelo é uma das torres, que tem um ângulo de inclinação mais acentuado do que o da Torre de Pisa na Itália.

 

Vista da parte interna do Castelo.

Este fato se deve porque em 1648 houve uma batalha naquela região e as tropas de Oliver Cromvell tentaram explodir o Castelo, mas somente conseguiram causar danos às fundações da torre nordeste, o que acabou provocando a inclinação. O Castelo possui duas entradas, mas a principal é aquela que tem acesso via centro de informações turísticas. Dentro do castelo, tem vários atrativos (além da torre inclinada), como salas, maquetes, escadarias e pátios.

Esta torre é mais inclinada que a Torre de Pisa na Itália.

Também é possível circundar o castelo a pé, para vislumbrar a construção medieval. A visita ao castelo dura aproximadamente 2 horas, mas vale visitar a cidadezinha de Caerphilly, por ser muito bucólica. Retornamos de ônibus para Cardiff.

Outra visitação que fizemos, e indicamos, foi o Castelo de Coch, o legítimo “Castelo de Contos de Fadas”.

Mago Merlin, sempre envolvido com dragões e castelos…

Novamente pegamos um ônibus para outra cidade dos arredores, chamada Tongwynlais (pegamos o ônibus em frente ao Castelo de Cardiff, custou 3,40 pounds por pessoa e levamos 30 minutos). Para chegar ao castelo tivemos que dar uma boa caminhada, pois do centro do vilarejo de Tongwynlais até o castelo, se leva em torno de meia hora por um caminho em subida, em meio a uma mata muito bonita. Paga se o valor de 8 pounds pelo ingresso e se pode visitar o Coch.

A subida até o Castelo de Coch é meio fantasmagórica…

Segundo a história, o Castelo de Coch foi construído pelos normandos em 1081, para proteger a vila de Tongwynlais. Foi destruído por volta de 1314. Em 1760, as ruínas do castelo foram adquiridas por John Stuart, Terceiro Conde de Bute, como parte de um acordo de casamento. E foi reconstruído ao final do século XIX.

A torre do Castelo de Coch é perfeita para encenar um filme da Disney.

O castelo é relativamente pequeno e tem vários recantos para visitação, um deles é o salão de jantar totalmente decorado com objetos da época, além da decoração e pintura do teto e laterais. O ápice da visitação é o quarto da Lady Bute, muito luxuoso para o período (quarto de cinderela), decorado com pinturas de animais como macacos e borboletas. A cama da Lady é decorada com bolas de cristal. Nota-se que este quarto fica em uma das torres (impossível de fugir, como nos contos infantis).

O quarto da Lady Bute fica localizado na torre mais alta do castelo.

Tem uma pequena capela com vitrais coloridos. Antes de chegar neste quarto tem os aposentos do Conde Bute, simples, mas com um “toalete” bem apresentável para a época. Tem uma sala na subida das escadas, meio escondida, onde há a engrenagem da ponte levadiça (bem original e é necessário dois homens para mexer na mesma).

O Castelo de Coch serviu de cenário para o último filme do Mago Merlin (2012).

Valeu a pena conhecer este castelo, sempre lembrando que o País de Gales, é a região que mais abriga castelos por metro quadrado no mundo.

Com relação à gastronomia, praticamente é a mesma existente nas demais cidades do Reino Unido, com exceção do tradicional “Welshcakes”. Trata-se de um bolinho achatado, popular em todo o País de Gales desde o século XIX. Tem diversas lojas de culinária que vendem esta guloseima na cidade. Ele é bem pequeno e tem vários sabores, como os amanteigados ou misturados com geleias. Podem ser servidos quentes ou frios. Também há muitos pratos veganos, à base de alho poró, componente significativo para diversos pratos típicos da culinária galesa.

O “Gourmet Guru”, um espaço para lanches alternativos.

Pergunte-nos se vale a pena conhecer Cardiff e se voltaríamos para essa cidade e a resposta será um belo e duplo “sim”, com certeza, pois nos surpreendeu muito positivamente. Além disso, faltou visitar os museus de Cardiff, estivemos apenas na lojinha de lembranças de um museu, que já estava fechando. O principal deles é o St Fagans National of History, uma espécie de museu a céu aberto com réplicas e construções que recriam a história galesa. Ficamos com muita vontade de conhecer o Museu Nacional que tem coleções de arqueologia botânica, geologia e zoologia e faltou, ainda, fazer um passeio de barco pelo Rio Taff.

 

Por todos os lados o Dragão, revelando a importância do arquétipo para um país.

Curiosidades de Cardiff

– No início do século XXI, Cardiff também se tornou um importante centro de produção televisiva, mais notadamente como a base da popular série da BBC – Doctor Who.

– A Universidade de Cardiff é considerada umas das melhores da Europa e está classificada, pelos quatro maiores rankings internacionais de educação, entre a 100ª e 200ª no mundo. Recebe estudantes internacionais de mais de 120 países.

– É impressionante a quantidade de shoppings, centros comerciais e mercados cobertos espalhados pela cidade. As ruas são limpíssimas e há muitos jardins floridos. Não tem como não se apaixonar por Cardiff, especialmente na primavera e verão.

Sites para saber um pouco mais sobre Cardiff

visitwales.com/es

bute-park.com

cardiffcastle.com

principalitystadium.wales/tours

theboathousecardiff.co.uk

mermaidquay.co.uk

stagecoachbus.com

cardiffcruises.com

gov.wales/cadw

cadw.wales.gov.uk

fabulouswelshcakes.co.uk

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