As ViagensBudapeste, a União entre Buda e Peste

Budapeste, a União entre Buda e Peste

Estávamos loucos para terminar o circuito turístico das cidades da Europa Central (Viena, Praga e Budapeste). Visitamos Viena e Praga em maio de 2017 e, no mesmo período, em maio de 2018, viemos a conhecer Budapeste, a última cidade da tríade, exatamente um ano após passear pelas demais.

O objetivo era completar o circuito da Europa Central.

Queríamos entender um pouco mais sobre a história do Império Austro-Húngaro. Depois que visitamos a cidade de Viena e o Museu da Sissi, queríamos saber como era a relação destes dois povos. Ficamos sabendo que a relação entre húngaros e austríacos era de amor e ódio e a cada 50 anos, aproximadamente, havia movimentos exigindo independência. Só em 1867 firmaram um acordo de paz e, assim, passou a se chamar Império Austro-Húngaro, com duas capitais, Viena e Budapeste. Isabel da Baviera, apelidada e conhecida como Sissi da Áustria, teve grande influência na unificação do império. Ela foi a imperatriz consorte do Império Austríaco e a rainha consorte da Hungria devido ao seu casamento com o imperador Francisco José I. A coroa da Hungria só saiu das mãos da Casa de Habsburgo ao final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, na qual foram derrotados.

Sissi, a Imperatriz, o filme de 1956 que mostrou ao mundo a história do Império Austro-Húngaro.

Mais tarde, a Hungria pagou um alto preço por se aliar à Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial (durante o período do Nazismo, 437 mil judeus húngaros foram enviados a campos de concentração em apenas 6 semanas). Na Conferência de Yalta, em fevereiro de 1945, os governos da União Soviética, dos Estados Unidos e do Reino Unido se reuniram e decidiram que, após a guerra, a Alemanha e Berlim seriam divididas em quatro zonas ocupadas, da seguinte forma: soviética, americana, britânica e francesa, esta última formada a partir das zonas americana e britânica. Além disso, com a repartição das demais zonas de influência entre o Oeste e o Leste, a Hungria ficou sob o controle dos Soviéticos. E Stalin não foi nada piedoso, o comunismo no país durou 40 anos, e foi um período marcado pelo terror.

Saímos de Nottingham, via aeroporto de East Midlands, durante a tarde do dia 18 de maio de 2018. Dessa vez, pegamos um ônibus, que sai do centro de Nottingham e leva uma hora até o aeroporto. Levamos um susto no balcão de check-in da Ryanair (companhia aérea irlandesa), pois achávamos que tínhamos comprado a bagagem de porão (ou seja, despacho de mala com líquidos), mas tínhamos nos enganado, pois compramos o “envio de malas de cabine”, ou seja, teríamos de passar pela supervisão do “raio x” do aeroporto, que é rigorosa, detalhista e chata, uma vez que todas as nossas malas teriam de ser revisadas e colocados no lixo os frascos acima de 100 ml.

Tem de ficar atento para não cair nas armadilhas das companhias aéreas.

Para levar os líquidos tivemos de despachar as bagagens e pagar uma taxa extra de 80 pounds, quase 360 reais pelo câmbio da época… E lá fomos para Budapeste, indignados com o contratempo. O voo não foi tranquilo porque viajamos com um time inteiro e não deu para identificar se jogavam basquete, futebol, ou cricket, mas eram muito barulhentos e mal educados, mesmo estando com suas companheiras. Deu para perceber que muitos ingleses, quando viajam, literalmente “soltam a franga”. Tinha um fantasiado de “noiva” (em homenagem a Meghan Markle que iria casar com o Príncipe Harry durante aquela semana) e dentro do avião todos se comportavam como meninos rebeldes. Ficaríamos 5 noites e 6 dias, um bom tempo para conhecer os atrativos da cidade.

O Rio Danúbio é uma inspiração para visitar Budapeste.

Chegamos a Budapeste, estava quente e logo fomos tomar uma cerveja gelada no aeroporto. Optamos por uma local e escolhemos a “Kozel”, sem reparar que tinha um teor alcoólico elevado, o que nos deixou “um pouco tontos” no final da tarde. Obtivemos a informação para ter cuidado ao comprar as cervejas em Budapeste, pois a maioria tem teor alcoólico alto.

A logomarca da cerveja húngara já dizia tudo…

Após indicação do Centro de Informações Turísticas do aeroporto, pegamos um ônibus até o centro da cidade que custou em torno de 2,5 euros cada (Estação Lisz Ferenc Repter, que liga a cidade a todos os recantos), e dali pegamos um metrô até o Monumento da Square Heroes, bem próximo onde estava localizado o nosso hotel Ibis, no lado Peste da cidade (o metrô individual custou aproximadamente 1 euro por pessoa). Tivemos a sorte de pegar a linha amarela, a primeira linha de metrô elétrico do mundo, e o veículo parecia uma “caixinha de fósforos”, antigo e de cor amarela.

Ah, em Budapeste circula o Forint Húngaro (Ft) ou HUF (Hungria Forint), uma moeda diferente e que pode confundir na hora de trocar o seu dinheiro por ela. A Hungria não integra a Zona do Euro (conjunto de países que utiliza o euro). O euro não circula livremente no comércio, mas, em compensação, tem várias casas de câmbio para trocar euros ou pounds pela moeda local. E tem que ficar ligado no câmbio quando da conversão, para não se sujeitar a pagar caro pela viagem.

Chegamos ao hotel e depois fomos jantar. A recepção nos indicou um restaurante chamado Bagolyvár, cujo logotipo era uma coruja igual a do aplicativo de turismo chamado Trip Advisor (que tem a logomarca da coruja também).

Parecia a marca do Trip Advisor, mas era propaganda enganosa…

Entramos e literalmente nos enganamos com o símbolo da coruja. Para quem não sabe, quando se tem a indicação do Trip Advisor na porta do estabelecimento é sinal de que o lugar atingiu uma pontuação positiva máxima no site pelos frequentadores. Já era tarde da noite, passava das nove, ou se encarava o tal restaurante da coruja ou sairíamos com fome. Temos uma frase que sempre vem à nossa mente, em função da experiência com diversas viagens: “A primeira noite em um local estranho a gente quase sempre se ferra”. E foi isto que aconteceu, o jantar para os dois custou 16.943 forint, em torno de 53 euros. Comida típica húngara, mas nada demais, com exceção da sobremesa que era sensacional, uma espécie de queijo cottage com creme. Tomamos um vinho húngaro, Mátrai Sauvignon Blanc, que terminou por salvar a noite.

Csirke Paprik – Frango com molho de paprika é comida presente nos diversos restaurantes da cidade.

Budapeste é uma cidade grande, a sexta maior da Europa, e a Hungria foi o primeiro país a se tornar democrático após o desmembramento do bloco soviético (2004). Achamos a cidade linda, mas nos impressionou muito uma cena pouco comum nas capitais européias, que é o número excessivo de mendigos circulando nas ruas, bem mais do que em Praga, por exemplo, cidade vizinha e do mesmo circuito turístico. Outro detalhe é o transporte público, os trens, e algumas linhas de metrô, ainda são antigos e, ao invés de catracas eletrônicas, a fiscalização para conferência dos tíquetes ainda é feita por pessoas.

No dia seguinte saímos pela cidade, para conhecer um pouco mais, e nos indicaram um grande shopping, o Iwest, que tinha as maiores grifes mundiais, do tipo Zara, HM e C&A, bastante funcional. O local era de fácil acesso, os preços eram razoáveis, mas as vitrines não eram convidativas, portanto, não compramos. Ao lado do shopping tem a estação de trem para aqueles que chegam à cidade por esse meio. Foi lá que compramos o primeiro ticket interligando metrô, ônibus e bonde de superfície, pagando o valor de 1.650 forint, equivalente a 5,17 euros, por 24 horas, cada um. Com este ticket, pegamos um bonde de superfície e depois um ônibus (número 105) e fomos parar no Rio Danúbio, na famosa Ponte da Liberdade (Szẽchenyi com 375 m), a ponte pênsil que liga as duas partes da cidade de Buda e Peste.

São duas partes distintas de uma mesma cidade, uma chamada Buda e a outra Peste.

No final do século XIX houve a unificação das duas cidades e hoje as duas partes distintas, Buda e Peste, ambas às margens do Rio Danúbio, formam uma única cidade que é a capital da Hungria. Esta união de nomes Buda mais Peste se deu em 1873, para facilitar os acordos comerciais. O lado Buda é mais histórico e o de Peste tem mais comércios, restaurantes, lojas, ou seja, é mais pujante economicamente.

A lindíssima Ponte da Liberdade de Budapeste que divide as partes de Buda e Peste.

Já no primeiro dia fomos conhecer a Ponte da Liberdade e o Rio Danúbio, o segundo rio mais longo da Europa (depois do Volga), que tem aproximadamente 2.900 km, e sua nascente é na Floresta Negra na Alemanha até desaguar na Romênia. Sem contar que a valsa mais famosa do mundo, feita em 1867 pelo austríaco Johann Strauss é chamada de Danúbio Azul, para celebrar as águas desse rio de muitas lendas e histórias. Suas águas banham cidades como Linz e Viena (Áustria), Bratislava (Eslováquia), Belgrado (Sérvia) e, claro, a cidade de Budapeste, que é cortada ao meio pelo rio.

O Rio Danúbio é Patrimônio Mundial da UNESCO.

Famoso por inúmeras músicas e poemas, o Rio Danúbio é Patrimônio Mundial da UNESCO, por sua importância geográfica e histórica. Circulamos por lá, apreciamos a vista do rio e em uma das margens encontramos o Memorial do Sapato, que simboliza os maus tratos sofridos pelo povo húngaro durante a Segunda Guerra Mundial, especialmente os judeus perseguidos pelos nazistas.

O Memorial do Sapato, às margens do Rio Danúbio.

Voltamos de ônibus até um bairro comercial chamado Paulay Downtown para o almoço e achamos um restaurante de comida típica húngara de nome Pesti Vendeglo (www.pestivendeglo1998.hu). A culinária húngara é marcante pelos temperos picantes, especialmente a páprica. Alho, pimenta e pimentão são ingredientes que estão entre os favoritos do povo húngaro. Almoçamos Goulash, uma carne ensopada feita na farinha, cebola e especiarias. E também degustamos Csirke Paprik, carne de frango mergulhada no molho de páprica servida com uma espécie de massa parecida com o nosso nhoque. O valor para duas pessoas comer bem, incluindo um litro de cerveja Dreher em jarra, foi de 8.420 forint, em torno de 26 euros.

A Dreher é a cerveja mais famosa e pode ser servida nos restaurantes tanto como “draft beer” (tipo copo de chope) como em jarra de litro, mas o sabor das duas é um pouco diferente.

Dreher é a cerveja mais famosa da cidade.

O tempero páprica é símbolo nacional, por onde se passa, se enxerga um ramo vermelho, seja nas portas dos restaurantes e até mesmo em algumas lojas de decoração. A Hungria é o maior produtor e consumidor de páprica do mundo, e dizem que a páprica húngara é a melhor que há, com sabores variados que vão do doce ao picante. Segundo os historiadores, a páprica tem sido usada como tempero na Hungria desde o final do século XVIII. Auguste EscofiGer, o famoso chef francês, foi responsável por apresentá-la à culinária da Europa Ocidental. Em 1879 ele recebeu o pó vermelho trazido de Szeged no rio Tisza para Monte Carlo, onde ele trouxe fama e reconhecimento a esse “tempero húngaro” nas nobres cozinhas dos melhores hotéis da Europa. Enfim, nós menus de qualquer restaurante que você olha, lá está a páprica.

A culinária húngara é marcante pela páprica e por outros temperos picantes.

À tarde fomos circular pelo centro da cidade atrás de diversão. A primeira surpresa foi não ter wifi livre na rua, o que dificultou em muito achar os endereços de bares e restaurantes. Nossa ideia era conhecer o Szimpla Kert (bar no bairro judeu), mas como não tinha internet na rua, demoramos a achar o bar. Antes, fizemos uma “boquinha” no restaurante chinês chamado Kellys Wok (1052, Károly körút 16), lugar super em conta. Continuamos andando e fomos atrás do Szimpla Kert (Kazinczy utca 14). Custamos a achar, todos diziam que era em volta da grande Sinagoga que também queríamos visitar, mas estava fechada.

A maior Sinagoga da Europa e a segunda maior do mundo.

A curiosidade é que o bar tinha um aspecto de ruína na sua fachada, pois foi todo idealizado dentro de uma fábrica em demolição. O lugar é muito legal de se olhar. Nós chegamos tarde, a fila para entrar no “bendito” bar era quilométrica, avançava quase toda a quadra inteira. Não houve dúvidas, sentamos em um pub bem pequeno em frente à fila daqueles que tentavam entrar no bar famoso. Ficamos bebendo em um pub estilo inglês, frequentado por ingleses e ouvindo um jazz como música de fundo. O nome do lugar era Illegal Pub & Club (1074 BP kazinezy n.4). Tomamos uma cerveja chamada Illegal que custou 580 forint (super em conta).

A Illegal, mais uma das cervejas húngaras, boa e barata.

Como não conseguimos entrar no Szimpla, trocamos de bar e fomos para o Bar chamado StArt, de onde também enxergávamos a fila gigante na quadra posterior e ficamos mais curiosos ainda. Combinamos de voltar no outro dia, para entender o motivo de tanta gente querendo ir ao Szimpla Kert.

Fila e muito movimento em frente ao Szimpla Kert.
Szimpla Kert, conceito de bar no meio do caos.

No dia seguinte resolvemos ver os maiores pontos turísticos de Budapeste, sempre levando em consideração que o Rio Danúbio separa a cidade ao meio, de um lado fica Buda e de outro Peste. Por exemplo, o Parlamento fica do lado de Peste (Kossuth Lajos ter 1-3) e é o prédio mais imponente e bonito da cidade. Fizemos o passeio de 45 minutos por dentro do lugar e ficamos encantados com as salas. Pagamos 2.500 forint por pessoa, preço com desconto, porque tínhamos o passaporte europeu. Tivemos muita sorte em encontrar ingressos, pois geralmente é necessário comprar pela internet com antecedência (www.parlament.hu). Ir a Budapeste e não visitar o Parlamento é quase uma “gafe”.

A visita interna ao Parlamento é a mais importante de Budapeste. Passeio imperdível!

A visita realmente impressiona, os tetos são cobertos de ouro e as paredes são de mármore. Ao comprar o ingresso, você pode escolher o guia e o idioma de sua preferência (não tem em português). Os guias contam nos mínimos detalhes a história do Parlamento e um fato interessante é que o vitral principal do prédio foi salvo durante a Segunda Guerra Mundial pelos funcionários, que removeram o vidro das janelas e o armazenaram no porão. O que impressiona é o luxo da grande escadaria de mármore com corrimão de ouro. É permitido o acesso às câmaras do parlamento onde os parlamentares discutem as votações e também se conhece as Jóias da Coroa de Santo Estevão. Você pode tirar fotos de tudo, exceto as jóias da coroa.

Os detalhes internos impressionam pela arte e o ouro presentes nas decorações e jóias da coroa.

É o terceiro maior edifício dentre os que funcionam os Parlamentos no mundo. Valeu dar uma volta pelo edifício do Parlamento e apreciar a arquitetura neogótica do prédio. Seguindo em frente almoçamos comida árabe na rede de fast food HummusBar, que tem um falafel gostoso e de bom preço. Esta rede está espalhada por toda a cidade. Seguindo adiante, fomos visitar a parte de Buda e pegamos o Funicular, uma espécie de bondinho que leva a gente para ver a Citadela de Buda. O bondinho custou 1.800 forint por pessoa.

O Funicular Budavári Sikló, o trenzinho que liga Peste e Buda.

É um trenzinho que possibilita a subida para a área do Castelo de Buda mais rapidamente. O preço da subida e descida pelo Funicular é de 5.400 forint por pessoa. A subida não é muito demorada, mas dá tempo para se ter uma boa vista de Peste no outro lado. O tal Funicular Budavári Sikló é um trenzinho aéreo pequeno que cabe, no máximo, entre 9 a 12 pessoas por subida, e tem três portinhas de acesso. Pode-se ir a pé, mas é muito cansativo e perde-se imenso tempo. Assim, o melhor é pegar o trem e em pouco mais de um minuto se está lá em cima. Depois, andando pelos arredores do Castelo, descobrimos um elevador free, mas sua localização é muito escondida. Foi um final de tarde muito agradável, andamos na Citadela (área externa do Castelo de Buda) e vimos uma mostra do Festival de Artes Folclóricas (Mesterségek Ünnepe), uma típica feira húngara com apresentações musicais, artesanato e comidas.

Bem na nossa frente, vimos um show musical de uma família tipicamente húngara, onde os instrumentos eram tocados por pai, mãe e duas filhas, coisa muito linda e mágica.

Na cidade de Buda assistimos a um show musical de uma família húngara.

E foi ali que provamos o pão doce enrolado húngaro chamado kürtőskalács. Diferente de outras regiões é vendido sem recheio, com um “banho de açúcar” por fora, assado na hora e servido bem quente. Pagamos 320 forint a unidade, em torno de 1 euro.

O pão doce típico húngaro chamado kürtőskalács.

Dali, descemos de Funicular e fomos assistir ao Teatro Opereta (Nagymezo utca 17) que custou em torno 6.500 forint por pessoa. Tivemos a sorte de comprarmos na hora, pois geralmente os espetáculos estão lotados (www.operettszinhaz.hu). Vimos um show de danças típicas acompanhada de uma mini orquestra de violinos.

Interessante visitá-lo mesmo sem programação artística, por ser um lugar histórico. O edifício foi construído em 1894 por Fellner e Helmer, famosos arquitetos de Viena. O teatro foi reconstruído em 1966, e todo o seu interior foi remodelado. Em 2001 a acústica foi melhorada e ampliada, e todo o interior do teatro teve a ornamentação original reconstituída e o antigo piso estofado. Hoje, o teatro tem 901 lugares e seu auditório foi climatizado.

O Teatro Opereta e uma bela apresentação de música e dança típicas da Hungria.

Para não perder o embalo, saímos de lá e fomos tentar entrar no Szimpla Ker (o famoso bar em ruínas). Antes demos uma passada no Espaço de Food Truck Udvar, quase ao lado do Szimpla Bar.

O Espaço de Food Truck Udvar, uma experiência gastronômica notável na cidade.

Muito show o lugar. O espaço não é grande, com uma estrutura que pode ser considerada média, mas tem uma boa quantidade de trailers de comida. Comemos hambúrguer vegano de cenoura e um burrito mexicano acompanhado de uma cerveja local. Para acompanhar a “gordice” do dia, pedimos Lángos (custou 1.000 forint) que é uma especialidade húngara feita com massa frita na forma de uma pizza e servida com coberturas salgadas, como manteiga de alho, queijo e presunto.

Lángos é especialidade húngara feita com massa frita na forma de uma pizza e servida com coberturas salgadas.

Mas nós comemos com queijo por cima, foi o “gran finale gastronômico” da noite. Entramos no tal Szimpla Ker, o bar em ruínas. E um galpão semi destruído, com vários ambientes, com diversos “cacarecos” pendurados na parede e no teto. A impressão é que você vai ser “abduzido” a qualquer momento por um alienígena, de tão diferente que é o lugar. São vários ambientes de dança e bar, tem escadas que dão acesso para coisa alguma e a sensação é que você não vai a lugar nenhum. Para se ter uma ideia, um dos DJs estava tocando no meio de um jardim de vasos estranhos, com uma estátua de anão de jardim na parede. Os móveis são de resto de construção. Dizem que o bar foi pensado por arquitetos renomados da cidade (sic) e construído para ser desorganizado. Valeu a visita, mas não chegamos a beber, porque simplesmente o ambiente chegava a ser assustador, do tipo “será que rola cerveja ou xixi nos copos”. Brincadeira à parte, foi o bar mais louco que conhecemos até hoje. Como era tarde, acabamos voltando de táxi, super barato, 800 forint.

Na manhã seguinte foi o dia do relax e fomos conhecer as Termas Szechenyi & Gellert, bem próxima ao hotel. Pagamos 9.900 forint cada por um dia de banho nas termas e mais sauna e uma cabine para a gente se trocar e deixar as mochilas. Cobram mais 2.000 forint pelas toalhas, mas quando se devolve as mesmas ao final do dia, o valor é restituído.

As piscinas térmicas são disputadíssimas na alta temporada.

Além disso, pagamos por uma sessão extra de massagem o valor de 3.000 forint. O prédio das Termas era muito bem conservado, tipo aquelas termas antigas, tudo funcionando, tinha as piscinas normais (três de grande tamanho) e as piscinas menores, além das termas que variam entre 30, 35, 40 graus, chegando a 50 graus. Além disso, tinha a área da sauna, com calor à base de pedra de vulcão, em torno de 70 graus. Quando chegou a parte da massagem um de nós se perdeu dentro das Termas, a numeração estava errada. Após 20 minutos de intensa corrida acabamos por achar a massagista, que estava esperando com uma cara de “poucos amigos”. Foi a pior massagem recebida nos últimos tempos, pela “má vontade” demonstrada durante o atendimento, em decorrência da perda do horário agendado. Em compensação, um de nós teve a sorte de ser massageado por um cego e foi super bem atendido.

De uma sauna de mais de 70 graus você se refresca em uma piscina de 50 graus. Um refresco só… hahaha

Um detalhe que chamou a atenção foi o excesso de pessoas em todas as piscinas e nos bares, além do que não achamos nada organizado. As Termas Szechenyi & Gellert (www.tiqets.com) é a mais famosa de Budapeste e está localizada em Peste, na margem esquerda do Danúbio. As termas foram construídas em moderno estilo renascentistas entre 1909 a 1913, e as águas estão em uma profundidade de 1246 metros, sendo o segundo poço mais profundo do país com temperatura de 76 graus. O país possui um dos maiores sistemas de termas do planeta. Vale passar um dia para desfrutar e apreciar os banhos. Deu aquela fome e acabamos indo comer a melhor comida tailandesa da cidade, no Banguecoque Restaurante (So utca 3), que custou em torno de 5.643 forint para cada um comer, e foram os melhores pratos servidos na viagem.

Banguecoque Restaurante, a melhor comida tailandesa da cidade.

Acordamos e fomos conhecer outros atrativos da cidade, começando pela Margaret Island (Margitsziget 23800). A ilha fica no meio do Rio Danúbio, acessível pela ponte do mesmo nome. A melhor maneira de chegar lá é através do bonde 4 ou do bonde 6, e descer na parada Margit híd Budai hídfő. Na Idade Média, foi chamada de a Ilha dos Coelhos (Nyulak Szigete) porque funcionava como uma reserva real de caça.

Monumento em homenagem a fusão das duas cidades Buda e Peste

A ponte Margarida que dá acesso ao parque foi construída em 1901. Há acesso a ilha a pé, descendo em uma parada no meio da ponte e caminhando um pouco. O primeiro monumento que se vê é o Centenário (de István Kiss) feito para o aniversário de 100 anos da fusão de Buda e Peste. O segundo é a Fonte Musical, que foi totalmente renovada em 2013.

Fonte Musical, com diversos gêneros. No dia da nossa visita estava tocando rock clássico.

A piscina de 35 m de largura, com uma superfície de água de 1000 m³, é uma das maiores fontes públicas da Europa. Os jatos de água são jorrados até 10 m de altura, mas o mais incrível é que, no dia de nossa visita, os chafarizes dançantes estavam tocando rocks clássicos como fundo musical o que amplia, em muito, o seu charme. Após o pôr do sol a fonte é iluminada por 250 lâmpadas led coloridas, tornando-se um dos melhores locais românticos de Budapeste. Inventamos de alugar um carrinho com dois pedais para passear pela ilha, mas foi a maior furada do planeta (todos os quadriciclos a motor estavam locados), porque simplesmente, mesmo os dois pedalando, parece que o carrinho não andava, pois era muito pesado. Andamos uns 20 minutos e desistimos, pagamos 300 forint por meia hora. Valeu pelas boas risadas, afinal, isso que deixa a vida mais colorida. Dali, pegamos um bonde e mais um ônibus (26) conjugado e fomos parar na Citadella de Buda, onde está localizado o Bastião dos Pescadores (Szentháromság st). O Bastião dos Pescadores fica do lado Buda, vizinho à linda igreja de São Mathias, no distrito do Castelo Buda. Não subimos de Funicular, mas tivemos que ir de ônibus, que nos deixou dentro da Citadella.

Bastião dos Pescadores, o atrativo tem a vista mais bonita da cidade.

Trata-se da vista mais linda da cidade (lado de Peste) tendo como cenário o Rio Danúbio ao fundo. O lugar é lindo, foi todo reconstruído devido aos estragos da intempérie e da Segunda Guerra Mundial. A Citadella fica em uma colina que se chama Gellert. Impossível tirar uma foto “sem vizinho”, sempre tem um turista por perto, pois são centenas de pessoas do mundo inteiro circulando por lá. O Bastião dos Pescadores (monumento em estilo neogótico) fica ao lado da Igreja de São Matias, construído entre o final do século XIX e início do século XX em homenagem às 7 tribos Magiares que fundaram a Hungria ao final do século IX. Dizem que tem esse nome porque eram os pescadores quem protegiam a cidade das invasões.

A Igreja de Matias tem um dos telhados mais lindos da Europa.

A Igreja de Matias (ao lado do Bastião dos Pescadores) é uma igreja católica. A igreja atual foi construída no estilo gótico e restaurada no final do século XIX. Não entramos na igreja, mas o melhor dela é o seu telhado colorido, muito legal para tirar fotos. Tinha também a igreja de São Martin, com um telhado colorido que contrastava com o Bastião dos Pescadores.

Mas o melhor estava por vir, seguindo pelas ruelas da Citadella encontramos o Museu de Houdini (The House of Houdini). O Museu de Houdini oferece uma pequena visita guiada à história da vida do famoso mágico húngaro Houdini, apresentando diversos de seus pertences e instrumentos de trabalho, que dura em torno de 45 minutos, incluindo um show de mágica de aproximadamente 20 minutos, o qual foi realmente emocionante e testou o cérebro. A visita vale muito a pena, tanto pelo atrativo em si, como pelo baixo custo, de 2.400 forint por pessoa.

O Museu de Houdini foi uma agradável surpresa no meio do passeio em Buda.

Saímos dali e fomos visitar a Basílica de São Estevão (Szent Istvan ter 1). Trata-se da maior igreja da Hungria, com capacidade para abrigar no seu interior perto de 9.000 pessoas. O nome da basílica teve por finalidade homenagear o primeiro rei da Hungria, Estevão I, sendo que no interior está uma das relíquias mais sagradas e importantes do país: a mão direita do Rei mumificada. Toda a igreja está decorada com muito luxo e opulência, objetos preciosos em prata e ouro, uma réplica da coroa húngara, jóias religiosas, vitrais fabulosos, estátuas, lustres, mármores e granitos.

O espetáculo musical de Gyulia Pfeiffer, que tocou o órgão gigante da Basílica de São Estevão juntamente com outros musicistas, foi inesquecível.

Chegamos por volta das 6 pm e tivemos a sorte de encontrarmos ingresso para um concerto dentro da igreja (o espetáculo começava as 7 pm). Um dos musicistas, muito conhecido na Europa, chamado Gyulia Pfeiffer (homem) iria tocar o órgão gigante da catedral juntamente com outros musicistas (um trompete, um soprano, um tenor e um violinista). Sabedores de que a igreja tem uma das acústicas mais fabulosas da Europa, compramos o ingresso por 7.200 forint cada um, mas valeu cada centavo. Foi uma noite mágica, onde o espetáculo “Duna Palota” com a Rajko Orchestra and Folk Ensemble durou aproximadamente 1h30min. Ouvimos a “Ave Maria de Schubert e de Gounod”, a “Tocccata de Bach” e “Aleluia de Mozart”, dentre outras obras divinas da música clássica mundial. Com certeza, levaremos para sempre esta lembrança em nossos corações. O sistema de iluminação é inovador, sem qualquer vestígio de fios ou cabos elétricos, enfim, nada foi deixado ao acaso, cores, pinturas, pavimentos, bancos, tudo muito organizado.

Para brindar a noite, fomos no bar Csak a Jo (Kertescz VTCA 42), mas estava fechado. Acabamos indo em outro, bem do lado daquele, um pub estritamente local, onde a cerveja era super boa e provamos três tipos: a branca, a red e a preta, essa última com gosto de “sal grosso” hahaha (B-Terv Café, na Kertész Utca 46).

Budapeste apresenta uma imensa variedade de cervejas locais e o charme são os copos personalizados com os nomes das marcas.

Era nosso último dia na cidade e visitamos uma das praças mais importantes de cidade, próxima ao nosso hotel e no final da Avenida Andrássy, a tal Praça dos Heróis. Foi construída em 1896, em comemoração aos mil anos da fundação do estado húngaro na base dos Cárpatos. Os seus destaques são o Monumento do Milênio (estátua do Arcanjo Gabriel segurando a Santa Coroa Húngara de Santo Estêvão) e duas colunas idênticas decoradas com as estátuas de figuras políticas húngaras importantes.

No final da Avenida Andrássy encontra-se a Praça dos Heróis.

Há também estátuas de Marx, Lenin, Stalin, Bela Kun, juntamente com governantes anônimos. A praça é bem bonita e grande, boa de andar e ficar um bom tempo apreciando as estátuas, mas não é um programa para mais de uma hora. Vale uma foto noturna. Era o dia de comprar artesanato e comprar paprika e lá fomos nós no Mercado Central de Budapeste (Vamhaz Korut, 1-3).

Mercado Público onde todas as espécies de paprika são vendidas.

É o principal mercado de Budapeste e muito lotado. No andar térreo você encontrará legumes, frutas, muitos temperos e outros produtos de uso diário. No andar de cima encontrará comida tradicional húngara e souvenirs. Acabamos comendo em uma das barracas uma espécie de almôndega com salada e confesso que não gostei, comida fria e a atendente não era nada simpática. Vale a foto externa pela arquitetura e o telhado colorido do prédio. Também compramos diversos tipos de paprikas, algumas vêm em embalagens de presentes com pazinha de cozinheiro de porcelana. Acabamos pegando um ônibus para o aeroporto que levou em torno de uma hora.

Impressões de Budapeste
– A cidade tem um pouco menos que 2 milhões de habitantes. Faz parte da União Europeia desde 2004, porém, não adotou o Euro como moeda. A moeda do país é o Forint Húngaro e, para facilitar a conta, 1 euro equivale a aproximadamente 320 forint. Mas não se engane, nada é baratinho por lá, com exceção das cervejas locais.
– A maioria da população não fala inglês, mas sempre tem algum ou outro que “te salva”, principalmente os jovens. O povo húngaro, em geral, não é nada hospitaleiro e nem de fácil trato. Em alguns casos, são ríspidos, poucos carinhosos e tem de ter muita paciência e calma para lidar com eles. Por exemplo, se você estiver dentro de um bar e fechar às 9h da noite, os funcionários te expulsam, sem deixar você terminar a cerveja. Mas pelo menos soa um sinal antes
– Os serviços públicos não são de boa qualidade, principalmente nos guichês de venda de bilhetes de metrô e a fiscalização não é eletrônica, ainda depende de funcionários mal humorados.
– Nas máquinas há facilidade em comprar o ticket integrado de metrô, ônibus e bonde, em torno de 1.650 forint por pessoa por 24 horas.
– As linhas de metrô funcionam muito bem. As estações são enormes com escadas rolantes gigantes.
– Os taxistas são honestos, parece que não existe malandragem na cobrança de corrida. O mesmo vale para bares e restaurantes.
– O vinho branco húngaro é famoso na Europa, praticamente se encontra em todos os supermercados das principais cidades. Sempre gostamos porque era “leve”, ocorre que fomos tomar as mesmas marcas nos restaurantes e o teor alcoólico eram bem maior.
– Não tem wifi livre nas ruas.
– Andar pelas ruas de Budapeste não é nada fácil, além da língua local (magyar) ser de difícil entendimento, a escrita é pior. Sem contar que os mapas turísticos não têm o desenho dos atrativos turísticos.
– A boa notícia da Hungria é que é mais barato tomar um copo de cerveja do que tomar uma garrafinha de água. Em todos os cantos se encontra turistas bebendo em copos, beber é uma boa diversão por lá. O teor alcoólico das cervejas é alto, para quem não está acostumado, no primeiro gole pode ficar tonto.
– Os atrativos turísticos, com exceção do Parlamento e do Bastião dos Pescadores, estavam precisando ser revigorados nas fachadas.
– Com exceção do aeroporto, não encontramos um Centro de Informações Turísticas na cidade

Alguns motivos pelos quais retornaríamos a Budapeste
– Não conseguimos visitar a maior Sinagoga da Europa e a segunda maior do mundo, apenas passamos pela frente e estava fechada.
– Não fizemos os passeios de barco pelo Rio Danúbio para curtir a vista linda que este passeio proporciona, ficou para a segunda vez.
– Também não visitamos a cúpula da Basílica de São Estevão. Por 500 forint é possível subir à torre, quer pelas escadas (mais de trezentos degraus), quer por um elevador. No topo tem uma vista impressionante da cidade.
– E, por último, realmente não deu tempo de ver o Museu do Terrorismo, onde tem acervo de fotos, vídeos e ambientes criados para reproduzir momentos da 2ª Guerra Mundial. Em 3 andares. Tem até a descida de elevador ao subsolo, onde são preservadas as celas dos presos. Meu marido irá com certeza, mas eu não curto muito esta parte da história.

Dicas de Budapeste:
– Estando na cidade compre o ticket do Big Bus Tours, somente assim se tem uma ideia dos principais pontos da cidade, não é fácil se deslocar por Budapeste. Tem vários pontos espalhados pela cidade.
– Compre o ticket para entrar no Parlamento com antecedência.
– Para assistir o espetáculo na Catedral de São Estêvão – www.ticket.info.hu
– Um prato médio de frango com legumes nos restaurantes da cidade custa 3.000 forint.
– Museu do Mágico Houdini – www.househoudinibudapest.com
– Para aqueles que querem contratar uma agência para organizar todos os passeios na cidade tem a Robinson Tours – www.robinsontours.kiev.ua

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