As ViagensDinant, a Cidade dos Saxofones e da Melhor Cerveja do Mundo

Dinant, a Cidade dos Saxofones e da Melhor Cerveja do Mundo

Tínhamos em nossa lista de preferências outras cidades para visitar na Bélgica e uma delas, por exemplo, era Antuérpia. Mas escolhemos visitar Dinant, por um simples motivo: era o berço da cerveja Leffe, que tanto apreciamos e que é servida em poucos lugares aqui na Inglaterra. Além do que, pelos cartões postais, chamava a atenção, a Igreja ao lado de uma montanha (Igreja do Colégio Notre-Dame) e lá fomos nós, em outubro de 2017, atrás de mais um sonho de cidade. Localizada a 1h45m de trem de Bruxelas, Dinant é uma simpática cidadezinha. Está distante aproximadamente 100 km ao sul de Bruxelas e a apenas 20 km da fronteira com a França.

Dinant, uma das cidades mais lindas da Europa.

Por todos os lados encontramos diversos monumentos de saxofones. Dinant, nada mais é do que a Terra Natal de Adolphe Sax, um construtor de instrumentos (seu pai também era). O saxofone foi descoberto em 1841 e deixou a cidade muito famosa.

A Terra dos Saxofones.

E parece que a cidade agradece até hoje, pois onde você anda encontra um monumento colorido alusivo a este instrumento, uma simpatia. São diversos tipos de saxofones expostos na ponte principal da cidade e na base de cada um existe uma placa alusiva a determinados países que são membros da Associação Internacional de Saxofone Adolphe, a qual realiza, a cada quatro anos, um evento para saxofonistas com menos de 31 anos, com o objetivo de descobrir novos talentos.

A ponte chamada “Charles-de-Gaulle” fica no coração de Dinant.

A ponte se chama “Charles-de-Gaulle” e fica no coração da cidade. Os saxofones expostos ali são uma homenagem ao famoso Festival de Jazz que acontece na cidade. Uma vez por ano a cidade recebe músicos e adoradores do jazz que vem assistir ao Dinant Jazz Night (Leffe Jazz Night). A ponte é um lugar ideal para tirar fotos espetaculares de todos os ângulos e trata-se de uma das cidades mais lindas da Europa.

O belo vitral da igreja é um dos locais mais visitados da cidade.

A cidade possui alguns pontos turísticos importantes e um deles é a Igreja do Colégio Notre-Dame (Collégiale Notre-Dame Église), localizada ao pé da montanha, e a Cidadella (Citadelle). Ao passar pela ponte, obrigatoriamente se entra na Igreja do Colégio Notre-Dame (católica), que foi originalmente construída em estilo românico. A queda de pedras nas encostas próximas a destruiu em 1227. A Igreja foi novamente parcialmente destruída na Primeira Guerra Mundial e reconstruída em estilo gótico, com o calcário de Dinant. Só para lembrar que Dinant sofreu grande devastação no início da Primeira Guerra Mundial. Em 15 de agosto de 1914, as tropas francesas e alemãs lutaram pela cidade na chamada “Batalha de Dinant” e entre os feridos estava o então tenente Charles de Gaulle (personalidade mundialmente famosa, ex-presidente da França, e que hoje dá nome ao principal aeroporto de Paris).

A cúpula da igreja tem uma forma de cebola, semelhante às das igrejas russas.

Mais tarde foi adicionada a torre do sino com sua cúpula em forma de cebola como as das igrejas russas. Dentro da igreja encontramos a imagem de São Perpétuo, além de um belo vitral, que é considerado um dos maiores da Europa.

Ao lado da Igreja há um bondinho que leva até o alto do morro para a Cidadella, onde tem uma vista deslumbrante de toda a cidade. Mas devido ao tempo curto deixamos para ir mais tarde, ainda naquele dia, mas infelizmente não pudemos visitar porque fechava às 17h. É possível subir a pé, mas são quase 500 degraus. Seria muito legal ver o panorama da cidade lá de cima já que fica a 100 metros acima do rio Meuse.

Por engano, acabamos no Restaurante Leffe e não na Maison Leffe.

Nosso objetivo era conhecer a Maison Leffe (aquela casa que aparece no rótulo da cerveja), mas, por uma indicação errada, acabamos no Restaurante Leffe, um pouco distante do centro, quase em frente à Igreja Eglise St. Georges. Chegamos com muita fome, mas o local só recebia clientes com reservas. Glup!! Por sorte, acabamos comendo o melhor lanche da viagem.

E dá-lhe, dá-lhe Leffe…

A garçonete nos serviu pão, manteiga e alguns tipos de cervejas da Leffe. O restaurante era muito especial, estilo italiano e ficamos admirados com a bela decoração do local.

Finalmente chegamos ao Paraíso, a Maison Leffe.

Já pelo adiantado da hora, tivemos de correr muito. Atravessamos a cidade a pé e fomos até a Maison Leffe. Finalmente, chegamos ao lugar que muito queríamos conhecer. Amantes da cerveja Leffe, descobrimos que a Abadia de Notre Dame de Leffe foi fundada em 1152 à beira do rio Meuse, nesta cidade tão encantadora, Em 1200 passou a se chamar somente Abadia de Leffe. A cerveja só foi aparecer na Abadia em 1240 (segundo os registros históricos). Como tradicionalmente era feito por toda Europa, aquele mosteiro contava com os premonstratenses, verdadeiros cânones da cerveja.

Foi por lá que descobrimos que a cerveja era mais abençoada do que o vinho…

Era muito comum a fabricação de cerveja pelos monges, por ser um tipo de bebida que, ao mesmo tempo em que aquecia o corpo, também fornecia todos os nutrientes necessários, uma vez que os países da Europa possuem, até os dias de hoje, invernos rigorosos. Além disso, a cerveja tinha um importante papel sanitário, uma vez que impedia que epidemias como a Tifo e outras doenças se espalhassem através da água contaminada, já que a esterilização durante sua fabricação impedia a contaminação. Então, utilizando-se de um conhecimento passado de geração a geração, e contando com todos os ingredientes encontrados na natureza (perto do mosteiro), estes monges desenvolveram uma cerveja única, a Leffe, fabricada apenas naquela região. Mas a Abadia sofreu várias intempéries, naturais e humanas, através dos anos: uma enchente em 1460; um incêndio em 1466; tropas a danificaram em 1735; e durante a Revolução Francesa, em 1794, os monges tiveram que abandoná-la. A fabricação de cerveja continuou em uma escala menor até 1809, quando foi interrompida completamente. Os monges só retornaram para a Abadia em 1902, que foi restabelecida oficialmente somente em 1929. Em 1937 a Abadia de Leffe foi oficialmente declarada como patrimônio histórico. Atualmente a Leffe oferece em sua linha regular seis rótulos: Blond (carro-chefe da marca, é uma cerveja aromática, encorpada, forte e frutada, com teor alcoólico de 6.6%); Brown (segue o padrão de qualidade da versão loira, mas é feita de malte torrado, o que valoriza as notas de café e chocolate eliminando as especiarias); Tripel (extremamente forte, com teor alcoólico de 8.4%, e que continua fermentando na garrafa devido à presença de levedura, é uma cerveja com rico gosto picante de coentro e laranja, sendo uma excelente alternativa para qualquer vinho branco mais encorpado e cheio de sabor); Radieuse (cerveja extremamente forte, com teor alcoólico de 8.2%, cuja composição leva cravo e semente de coriandro, especiaria originária da Ásia e norte da África, que conferem ao produto aroma e sabor únicos); Nectar (cerveja leve com sabor aromático de mel); e Rituel 9º (cerveja de alta fermentação com uma coloração dourada e teor alcoólico de 9%, cujo maravilhoso sabor e rico aroma lhe conferem uma personalidade única).

Na Maison é possível tomar dois tipos de cervejas e levar outra para casa de brinde.

A nossa paixão pela Leffe aumentou com todo este conhecimento e essas informações são repassadas ao se visitar o Museu interativo do Maison Leffe. Antes da degustação é necessário ver as explicações nos filmes que são repassados nos televisores disponíveis. Logo após a visitação ao Museu, tem a degustação oficial da cerveja Leffe. É possível tomar três tipos de cervejas (duas no bar da Mansão e levar uma para casa). O valor do ingresso por pessoa custa 7 euros. Adoramos a visita.

A cidade pode ser vista da Citadella.

De lá pegamos um táxi e fomos até a Citadella para pelo menos se ter uma ideia do lugar. Chegamos ao topo, mas estava tudo fechado (17h). Era final de tarde e ficamos com gosto de “quero mais”. Voltamos para Bruxelas de trem exatamente às 18h11m (neste horário o trem saiu da estação de Dinant). Ah, por absoluta falta de tempo, não comemos os “Couques de Dinant”, uma especialidade da cidade. Que dia incrível!

Últimas postagens

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

error: O conteúdo está protegido !!