As ViagensEstocolmo, a Terra de Lisbeth Salander

Estocolmo, a Terra de Lisbeth Salander

Para quem é fã da Série “Millennium” (do escritor sueco Stieg Larsson), conhecer Estocolmo é encontrar cenários do livro e do filme, que tem Lisbeth Salander como personagem marcante. A impressão que se tem, antes de chegar a Estocolmo, capital da Suécia e segundo país da Escandinávia a ser visitado, é de que seria um lugar muito avançado, cheio de personagens com “piercings” e tatuagens. Mas, não, a cidade é um misto de Veneza (Itália) e Praga (República Tcheca). Logo no início, vimos escrito em uma camiseta: “Estocolmo – capital da Escandinávia”. Só para esclarecer que a Escandinávia é a região que abrange os países mais ao norte da Europa (Islândia, Finlândia, Noruega, Suécia e Dinamarca). Toda esta região é conhecida no nosso planeta pelo frio intenso e pelos melhores índices de qualidade de vida. Interessante notar que a capital da Suécia é também conhecida como a Veneza do Norte, por ser formada por diversas ilhas conectadas por pontes.

Chegamos à cidade em julho de 2017, vindos de Oslo, após 5 horas de viagem em um maravilhoso trem. Viagem tranquila, com paisagens nórdicas, incluindo campos e cidades pequenas. O trem possui wirelles free, o que facilita a “comunicação com o mundo”.

Para passear na ilha é aconselhável comprar o passe integrado entre barco, ônibus e metrô, que custa, em Coroas Suecas, 315 SEK por pessoa, com trânsito livre para uma semana. Compramos os tickets na Estação central de Estocolmo. Aliás, existem diversos ajudantes circulando pela estação, com coletes de identificação, os quais auxiliam aos turistas perdidos (e nós éramos mais alguns na multidão).

Ficamos hospedados no centro histórico (medieval), muito bem preservado e denominado Gamla Stan. E a arquitetura histórica emocionante e conservada está espalhada por toda a cidade. O lugar mais fotografado em Gamla Stan é a Praça Stortorget e as principais atrações estão a alguns minutinhos de distância, já que essa parte da cidade é pequena.

O lugar mais fotografado em “Gamla Stan” é a Praça Stortorget (os famosos prédios coloridos).

Por ali, encontra-se o Palácio Real (Kungliga Slottet) e o Nobel Museum, que não visitamos, porque simplesmente não deu tempo. Os diversos prêmios “Nobel” são entregues anualmente em Estocolmo, mas o Prêmio Nobel da Paz é entregue em Oslo, na Noruega. No Palácio Real, diariamente ao meio-dia, ocorre a “Troca de Guardas” que, por sinal, é quase uma “parada militar”, tamanha a pompa.

A Troca de Guardas é tão “pomposa” que parece uma parada militar.
Nobel Museum, aqui circulam as “cabeças mais premiadas” do mundo.

A hospedagem.

Ficamos hospedados no Hosteling Internacional Gamla Stan (hihostels.com), no próprio centro de Gamla Stan, o que nos facilitou, em muito, o deslocamento dentro da cidade. Sem contar que o centro histórico tem muitos bares e restaurantes típicos. Praticamente, ficar em Gamla Stan, é estar próximo de tudo, de galerias de arte, lojinhas de souvenirs e outros afins. Andar por dentro de Gamla Stan é vivenciar seus prédios históricos em tons laranja, amarelo e amarronzado. Sem contar que nas suas ruas encontram-se vielas e escadarias que deixam um cenário espetacular para as fotos.

Os restaurantes.

Por falar em restaurantes, foi em Gamla Stan que tivemos a grata surpresa de jantar no restaurante temático Viking chamado “Aifur Krog & Bar”. Para começar, tem que entrar no site (www.aifur.se), uns 15 dias antes da viagem, e fazer a reserva, pois o mesmo sempre está lotado. Já na chegada ao local, você entra, a recepção anota seu nome e anunciam para todo o restaurante que chegou o “Fulano de Tal”, vindo do Brasil. Todos que estão no local param de comer e batem palmas para te receber. Além de o ambiente ser todo decorado com utensílios da época, você come como um Viking, com pratos, copos e talheres antigos, em mesas coletivas e com atendentes vestidos a caráter. O cardápio é bem característico, com aves e carnes.  A comida é boa e o atendimento também. É a legítima “Taverna Viking” com culinária escandinava. Os garçons são divertidíssimos e o conjunto musical composto por um casal com instrumentos da época é sensacional.  Em termos de bebida, vale tomar vinho ou cerveja. O valor não é econômico, em torno de R$ 450,00 (comida/bebida) o casal, mas vale cada centavo.

O restaurante temático Viking chamado “Aifur Krog & Bar”. Atração imperdível.
As garçonetes são divertidíssimas.
Os talheres rústicos fazem a alegria do turista.
Tudo muito alegre, como eram os encontros Vikings.

Diferente da “Lisbeth Salander” da trilogia “Millenium”, que só comia pizzas e nacos de queijo, nós encontramos um local bem legal para comer em “Gamla Stan”, bem próximo ao hotel. O restaurante chama-se “Stockholms Gästabud”, um lugar misto de pub com taverna, com um cardápio interessante de pratos escandinavos e uma cerveja deliciosa. Foi ali que comemos o melhor Frikadeller, os famosos bolinhos de carne suecos.

“Frikadeller”, os famosos bolinhos de carne suecos.

Para acompanhar o prato típico, uma boa cerveja, servida direto do barril, por “torneira de pressão”.

Polkagriskokeri – Fábrica de doces.

Ainda em Gamla Stan, é possível conhecer a Polkagriskokeri, a fábrica de doces típicos da Suécia. Na realidade, estivemos na loja que vendem os doces, que mais parecem aquelas balas antigas e bem coloridas que aparecem muitas vezes em filmes. É neste lugar que vendem aqueles “guarda chuvinhas” que colocamos na árvore de natal. Pois é, esses doces foram inventados na Suécia e uma filial da fábrica original fica em Estocolmo.

Polkagriskokeri – Fábrica de doces típicos.

Sankt Nikolai Kyrka  – Catedral de São Nicolau, com a imagem de São Jorge.

A Catedral de São Nicolau fica bem próxima ao Palácio Real, no centro histórico de Gamla Stam. A imagem de São Jorge é a grande atração da igreja. É uma igreja com mais de 700 anos, com interior em estilo gótico, que tem como seu ponto alto a escultura de São Jorge e o Dragão, do escultor Bernt Notke, construída em 1489. O altar e o púlpito também valem a visita. Para entrar, 40 Coroas Suecas, por adulto.

 

A imagem de São Jorge e o Dragão, do escultor Bernt Notke, construída em 1489.

A igreja de Riddarholmen.

Visitamos a igreja onde são sepultados os reis da Suécia e fica próxima ao Palácio Real. A congregação da igreja foi dissolvida em 1807, sendo que o templo é utilizado atualmente para abrigar os restos mortais dos reis. É uma das igrejas mais antigas da cidade, datando do final do século XIII, e já foi um mosteiro franciscano. Interessante é que encontramos o Brasão da República do Brasil em uma das paredes da Igreja e foi um presente do ex-Presidente João Figueiredo ao Rei da Suécia, por ocasião da sua visita ao país.

Brasão da República do Brasil, presente do ex-Presidente Militar Brasileiro, João Figueiredo.

Drottninggatan – Centro Comercial da cidade.

A Drottninggatan é conhecida como a Rua da Rainha. Trata-se do centro comercial da cidade. Tem 1,5 km de extensão, começando na ponte Riksbron, sobre o canal Norrstrom e terminando no parque Observatorielunden, no bairro de Vasastaden. É uma rua que tem a maior parte reservada aos moradores, além de diversos restaurantes, bares, cafés e lojas. Entre outros pontos comerciais, tem um destaque especial o centro comercial Åhléns Cit. Foi neste lugar que deparamos com uma bandeira brasileira, bem no alto de um shopping, e bateu uma saudade da terrinha.

Bateu uma saudade da terrinha.
Arredores da rua Drottninggatan.

Sua majestade, o Navio Vasa – Vasamuseet.

O atrativo número 1 de Estocolmo é o Museu do Barco Vasa (Vasamuseet), portanto, reserve no mínimo umas 3 horas para curtir este lugar. O museu fica na ilha de “Djurgärden”, uma das que formam a cidade de Estocolmo, com parques verdes e muitas opções de lazer e museus. O mais procurado é o do Barco Vasa. Pela sua peculiaridade e características únicas no planeta.

Museu do Barco Vasa (Vasamuseet).

O Museu possui 7 andares, e a embarcação tem em torno de 65 metros de comprimento e 20 metros de altura. É possível entender bastante sobre a história da Suécia do século XVII, apenas observando o Vasa, as diversas maquetes associadas ao barco, as projeções e as reconstituições feitas pelo Museu.  É considerado, dentre os navios antigos, o mais preservado no mundo. O Barco Vasa foi construído a partir de 1625 e levou três anos para a sua conclusão. O verdadeiro “Titanic” para a época. Foram centenas de operários e artesãos envolvidos na construção do navio que utilizou toneladas de madeira de carvalho na sua estrutura.

Vasa, foram mais de vinte anos de trabalho para concluir a restauração.

O Vasa foi decorado na época com 26.000 esculturas destinados a glorificar a autoridade, a sabedoria e o orgulho do rei na época. Em agosto de 1628, após percorrer 1300 metros, o navio acabou naufragando devido ao excesso de peso. Muitas tentativas foram feitas para resgatá-lo do canal, mas restaram frustradas. Apenas em 1961 o seu resgate se tornou realidade. O casco estava em bom estado, apesar dos mais de 300 anos de submersão, graças à baixa salinidade do Mar Báltico e a durabilidade da madeira. Foram mais de vinte anos de trabalho de restauração e recuperação das suas estruturas. Ao seu redor foi construído um edifício, que hoje deu vida ao extraordinário Museu do Barco Vasa, que foi inaugurado em 1990. Os mastros do barco extrapolam o teto do edifício.

Reserve no mínimo 3 horas para ver o Museu Vasa.

Os parques de Djurgärden.

A ilha de Djurgärden tem uma geografia alongada e no passado servia de reserva de “caça real”. Atualmente é a ilha mais visitada em Estocolmo devido aos seus parques famosos como o Skansen (Museu vivo e Zoo) e o Gröna Lund Tivolium, um dos mais antigos parques de diversões do mundo (inaugurado em 1893). Nos arredores do Skansen encontramos um dos cenários mais bonitos de Estocolmo.

Visão panorâmica da Ilha de Djurgärden, em Estocolmo.
Em pleno verão, os parques da Ilha de Djurgärden, com muita gente bonita.
Vista panorâmica do Parque de Diversões “Gröna Lund Tivolium”.

A alegria do Parque Skansen.

O Skansen é o museu ao ar livre mais antigo do Mundo, e foi inaugurado em 1891. Para o museu foram trazidas casas, quintais e aldeias de todos os cantos da Suécia. O objetivo era mostrar à população da capital como viviam os camponeses nas áreas mais remotas do país. Com isso, o Skansen acaba contando um pouco sobre a história da Suécia e os seus principais aspectos culturais. O Skansen é um misto de museu com jardim zoológico. Reserve um bom período do dia para visitar o parque, até porque tem uma parte dos animais do Zoo que são nórdicos (ursos, lobos, cervos, bisões, linces, entre outros). Já na parte cultural, onde tem os casarios e outras construções antigas, há algumas casas que possuem atores que falam um pouco sobre a vida na época. Na área do lanche se encontra aves, como galos, pombas, patos e pavões.

A criançada curtindo as aves do Skansen.
Demonstração da produção de vidro artesanal dentro do Parque.
Ursos brincando no verão escandinavo.

Historiska – Museu Histórico da Suécia.

Fomos lá para ver a história dos Vikings. O Historiska é um museu dedicado à história da Suécia e de seu povo. Neste museu encontra-se a história sueca desde a pré-história até os dias atuais. Seguindo a linha do tempo é possível saber mais sobre Vikings, reis e rainhas, o início dos movimentos feministas, e muito mais. Tem várias atrações interativas. A entrada é grátis, apenas se paga o aluguel do áudio para ouvir os atrativos, se quiser.

Historiska – Museu Histórico da Suécia.

O mercado público – Ostermalms Saluhall.

Estivemos visitando o Tysta Mari  (localização temporária, pois o Ostermalms Saluhall estava sendo reformado). O mercado de peixes de Estocolmo não cheira a peixe, mas, sim, a um restaurante 5 estrelas, de tão limpo. A comida exposta é fresca, bem como todos os produtos inseridos nas vitrines (desde o salmão até os doces típicos). Foi lá que compramos um salmão com purê de batatas e levamos para o hotel para saborear à noite com um bom vinho. Ah, por falar em vinho, na mesma rua do Tysta Mari, nos indicaram uma loja de vinhos de deixar qualquer um de “boca aberta”, devido à diversidade (de quase todas as partes do mundo) e à qualidade, sem contar os preços, que eram muito atrativos em se tratando de Suécia.

O mercado público – Tysta Mari.
Loja de vinhos ao lado do Tysta Mari.

Algumas boas curiosidades de Estocolmo.

Simplesmente adoramos ver, próximo ao Museu Histórico da Suécia, uma árvore vestida com crochê, estilo “fuxico”. Achamos tão charmoso que tivemos que registrar o momento.

A árvore vestida de crochê.

O nome é esquisito, “Djurgårdsfärjan”, mas é o nome do ferry boat que tem conexão com os transportes públicos da cidade. Pode ser utilizado o mesmo cartão do metrô e do ônibus. A vantagem é que o número de viagens é ilimitado em todos os meios de transportes da cidade (metrô, ônibus, ferry, tram e até alguns percursos de trem). Não esqueça que Estocolmo tem 14 ilhas interligadas por 57 pontes. Você fica tão perdido que não sabe distinguir se os atrativos são perto ou longe do seu hotel.

A gente se sente tão perdido, que acha que tem de pegar barco para ir a qualquer lugar da cidade.

A Rainha da Suécia é “meio brasileira”. A Rainha Sílvia, Sua Majestade, embora tenha nascido alemã, é uma rainha “brasileira”, criada em São Paulo. Dona de um português fluente, quase sem nenhum sotaque, ela passava as férias entre as jabuticabeiras da tia, no interior paulista.

As portas são bem reforçadas por causa do frio, geralmente tem umas 2 ou 3 camadas grossas de vidros e boa madeira para segurar tudo. Então, para abri-las, requer certo esforço. Além disso, algumas são diferentes do Brasil, abrem quando são puxadas por dentro e não para fora.

A maioria dos banheiros públicos tem códigos, ou seja, você tem que ter o número para abrir a porta. Até no Mac Donald’s, precisamos pegar o segredo.

A moeda do país é a Coroa Sueca, internacionalmente expressa por SEK. Essa valiosa moeda torna tudo muito caro por lá ou, analisando por outro ângulo, isso se deve ao baixo poder aquisitivo do real. Não circula euro, como é usual em quase toda a Europa, mas há casas de câmbio em todo lugar. O mais prático é usar o cartão VTM a débito, podendo sacar em cash na moeda local, quando necessário.

Enfim, em se tratando de lugar bonito, agradável, seguro, com gastronomia apreciável, enfim, de “Primeiro Mundo”, o tempo nunca é suficiente para se visitar tudo o que te oferecem de bom. Fica sempre o gostinho de “quero mais”, planejado para a próxima oportunidade. Ainda bem que, no momento da saída, o destino era outro país escandinavo, a Dinamarca, e sua capital Copenhague, com a perspectiva de manutenção do “padrão de qualidade” encontrado em Estocolmo.

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