A convite da dona da casa de família onde ficamos hospedados em West Bridgfort fomos passar um final de semana em Bradfield, em novembro de 2016. Diana reside neste local junto com marido. O convite espontâneo partiu dela e ficamos muito felizes, pois seria uma bela oportunidade de praticar o inglês, além de ter sido a primeira viagem desde nossa chegada para fazer o intercâmbio em Nottingham. A viagem durou cerca de 3 horas de carro (Notthingham x High Bradfield) e fomos “testando” a língua até lá. Para se situar, a vila para onde fomos fica próxima à cidade de Sheffield. No caminho, fizemos um lanche em um pub rural, simplesmente maravilhoso.
O Pub serve comidas tradicionais inglesas como o famoso “Yorkshire Pudding” e a “Jacket Potato”. A batata faz parte das refeições diárias dos britânicos. Preparada de todas as formas, a batata é um ingrediente essencial na culinária daqui. Os ingleses têm verdadeira adoração pelo tubérculo, consumindo em torno de 130 kg por pessoa/ano.
Cinco minutos após a parada no Pub, depois de circularmos por uma das estradas mais lindas que já vimos na vida, totalmente verdejante, paramos no Vilarejo de High Bradfield. É uma aldeia rural a 10 km a noroeste do centro da cidade de Sheffield (South Yorkshire).
A vila encontra-se dentro do Parque Nacional de Peak District. A característica mais marcante da vila é a igreja medieval de São Nicolau, um cenário cinematográfico.
Fomos recebidos pelo marido da Diana (nosso anfitrião), um Médico Professor da Universidade de Sheffield. Nossa surpresa foi saber que eles moravam em uma antiga escola primária, que funcionou até meados de 1940. O local foi totalmente reformado, através do apoio de arquitetos autorizados pelo governo britânico, que transformaram a escola em um verdadeiro lar. Além do extremo bom gosto do mobiliário, a casa contava com um pátio e uma casa anexa para hóspedes, totalmente independente.
O casal tinha um hábito muito saudável, a caminhada diária. Durante o final de semana caminhamos muito, pelas colinas de Bradfield. O lugar tem poucos moradores e uma vista espetacular da cidade de Sheffield.
O que mais chamou a atenção neste passeio foi a oportunidade de passar um final de semana com um casal de ingleses na “Terra da Rainha”. Ambos muito cultos, mantinham um clima agradável para nós, os convidados. Serviram-nos um jantar cinematográfico com lagostin e saladas de entrada e faisão como prato principal, regado com excelente vinho branco neozelandês. Ah! A sobremesa era de frutas vermelhas. Quem cozinhou? Ele, Adrian, um dos melhores Chefs que já conhecemos.
Como qualquer casa localizada em uma Vila Medieval, nada pode ser mudado na sua fachada externa, porém, internamente a casa era um sonho. Diana tem um extremo bom gosto, e a vontade era a de ficar morando por lá, eternamente.
Conhecer o estilo de vida de uma família estrangeira é vivenciar uma experiência única, desde a forma de dar um simples “good morning” até a maneira como te convidam para o jantar é tudo muito diferente de uma família brasileira. Os ingleses são muito formais, gostam de conversar diversos assuntos, principalmente geografia e política. Neste jantar com Adrian e Diana, mesmo a gente (eu e o meu marido) não tendo absoluto domínio da língua, tivemos que fazer uma explanação breve sobre como andava a economia, a corrupção e a política no Brasil. Quando necessário, fomos socorridos pelo Google Tradutor. No final do jantar, ajudamos a colocar a louça na máquina de lavar e logo a seguir, por educação, pedimos licença para nos recolher.
Alguns “insights” que tivemos com o casal de ingleses.
O Brasil é muito desconhecido para a maioria dos ingleses. O filme mais visto por aqui é “Cidade de Deus” ou “City of God” e a célebre frase dita pelo personagem no início do filme: “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, representa mais ou menos o que eles pensam do modo de vida dos brasileiros no Brasil. A cantora brasileira mais ouvida por eles chama-se Virgínia Rodrigues, uma baiana que aproxima o canto lírico aos ritmos populares brasileiros. E as cidades mais lembradas são Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.
A caminhada pela Residência e Parque de Chatsworth.
No dia seguinte fomos convidados pelos nossos amigos ingleses a visitar Chatsworth, uma espécie de Castelo, localizado a 14 km de Chesterfield. A casa é a sede do Duque de Devonshire (não nos pergunte quem é, pois no Reino Unido o que não falta é realeza). Para explicar de uma forma mais corriqueira, segundo Diana, a Casa seria uma espécie de residência de verão dos “primos da Família Real”, onde em determinados períodos, principalmente nos meses mais quentes, alguns membros se encontram para fazer um “jantarzinho de confraternização”.
O Castelo de Chatsworth é muito visitado no verão, onde muitas famílias passam o dia, com lugares especiais para descansar e caminhar pelo Parque. O Castelo é aberto para visitação nos meses de março até setembro.
Porém, a nossa aventura foi acompanhar a caminhada de quase três horas de duração pelo Parque de Chatsworth, tendo como guias Adrian e Diana. Quase desistimos, mas ao ver a disposição dos dois, ambos com mais de 60 anos, ficamos envergonhados e o jeito foi acompanhá-los.
A mata é fechada e, de vez em quando, você encontra uma escadinha para ajudar a “pular” o muro que separa um campo. Haja fôlego.
Encontramos no caminho vários senhores na faixa de 70 anos ou mais, munidos de cajados, tênis, roupas de frio, e descobrimos que a “caminhada” é um dos esportes preferidos por aqui.
O final de semana foi indescritível. A companhia dos nossos amigos Adrian e Diana foi adorável. Em um mês de “sobrevivência” do intercâmbio em Notthigham, este foi o nosso primeiro desafio. Acho que passamos no teste.
Valeu! Eles nos deixaram na estação de Chesterfield e voltamos de trem para Notthigham, muito felizes com a nossa primeira aventura, na “Terra da Rainha Elizabeth”.