Para dar conta de visitar as cidades mais importantes da Bélgica, tivemos de fazer o “Roteiro de Um Dia”, ou o famoso “Bate e Volta”, a partir de Bruxelas, onde estávamos hospedados em outubro de 2017, e foi assim que conhecemos Gent. Pela diversidade de idiomas falados na Bélgica, a cidade pode ser denominada de Gante em neerlandês, Gand em francês, sendo que em inglês é conhecida como Ghent e, aportuguesada, como Gent, mesma grafia usada em alemão.
Fomos de trem e levou em torno de 40 minutos (18,40 euros/cada, ida e volta). Gent é considerada o “Coração Histórico dos Flandes”, uma espécie de “Manhattan Medieval”, pelos numerosos prêmios turísticos e elogios internacionais que recebeu e possui em torno de 250 mil habitantes. Antigamente, Gent foi uma das cidades mais importantes do mundo na Idade Média, com construções monumentais e obras de arte mundialmente famosas do mesmo período de Michelangelo e da Vinci e, na antiguidade, já foi tão importante quanto Paris. No século XIII Gent era a maior cidade da Europa, ao Norte dos Alpes, depois de Paris. Mais de 70.000 mil estudantes vivem na cidade e trata-se da maior população estudantil da Bélgica. É um centro cultural com fama internacional e tem uma ótima infra-estrutura. Descemos na estação central da cidade, reformada para a exposição mundial de 1913 e desenhada pelo arquiteto Louis Clocquet. A Estação de trem de Gent passa a primeira boa impressão para quem chega à cidade, um pomposo prédio de tijolos com uma alta torre do relógio e uma decoração interna no estilo mourisco, toda colorida com diferentes arabescos, de onde pegamos um train até a Igreja de São Nicolau (St. Nicolas Church).
Pagamos 6,00 euros cada pelo passe de um dia integrado para train/ônibus. Antes, tomamos uma consistente e saborosa sopinha em um simpático restaurante natural chamado “Soup’r Guat”. Foi neste restaurante que percebemos que a cidade é tipicamente universitária, pois circula muita gente jovem e bonita por lá.
Gent é a terceira maior cidade da Bélgica. A cidade realmente encanta. Porém, muitas pessoas não colocam Gent em seu roteiro de viagem, por não ser tão famosa como Bruges. Nossa primeira visita foi na Igreja de São Nicolau, o padroeiro dos comerciantes e marinheiros. A catedral é magnífica. A Igreja de São Nicolau fica na Praça de Korenmarkt.
O estilo arquitetônico é gótico e imponente, justamente por tratar da representação da riqueza dos comerciantes. Em seu interior tem vitrais muito antigos, que quando entram os raios de sol, iluminam a igreja de uma forma muito interessante. Em toda a região de entorno da Igreja de São Nicolau se encontram os maiores atrativos turísticos da cidade, além do comércio. Outro ponto interessante e muito turístico da cidade é o prédio antigo dos Correios.
O prédio fica na Praça Korenmarkt e é o mais expressivo da cidade. Na Idade Média era onde se comercializavam os grãos (uma espécie de mercado público) e hoje é um lugar onde tem vários restaurantes, bares e lojas de grifes. O majestoso prédio antigo dos Correios tem uma torre com um relógio e foi construído entre 1898 e 1910.
Tiramos foto do prédio dos correios e caminhamos até o Castelo da Cidade, que se chama Los Condes de Flandes, onde na frente tinha um cara vestido de armadura. O Castelo dos Condes (Gravensteen) é do século XII, e fica a poucos minutos do Prédio dos Correios. Tem como entrar no Castelo e subir nas torres para ver Gent do alto, mas não fizemos isto porque não deu tempo.
Originalmente, o Castelo era uma fortaleza e foi construída em 868 pelo Conde Boudewijn. Mais tarde, em poder do Conde de Flandes, Philip of Alsace, foi reconstruído em forma de castelo. Chegou também a ser usado como moinho de algodão e é o único castelo medieval remanescente em Flandes.
Saindo do Castelo dos Condes, ficamos encantados com a praça repleta de casinhas históricas que fica em frente ao castelo. A praça Sint Veerplein foi batizada em homenagem a um dos santos da cidade e já serviu de lugar para execução dos falsificadores de dinheiro, e, também, de mercado de frutas e peixes. Hoje é uma das praças mais turísticas da cidade com vários barzinhos com mesas ao ar livre. Essa pracinha me lembrou um pouco o centro de Bruxelas… Seguimos a Belfort, que é um dos pontos turísticos mais visitados na cidade. Trata-se de um campanário que fica entre a Saint Bavo’s Cathedral e a Igreja de Saint Nicholas (Sint-Baafsplein) e é um símbolo da independência da cidade. No alto há um dragão que vigia a cidade desde 1380 e você pode subir para ter uma vista magnífica da cidade, a 95 metros de altura.
Caminhando pelo centro da cidade nos deparamos com uma cena típica da formação e educação europeias. Um grupo de alunos, crianças com menos de 10 anos de idade, devidamente supervisionadas pela professora, nos abordou visando a arrecadar dinheiro para a caridade. A professora explanou para nós, em inglês, qual era o objetivo da caminhada com os alunos pela cidade e as crianças ficaram muito atentas. Obviamente que, pelo carinho e inusitado da situação, fizemos uma doação.
Outro destaque na cidade é o centro de informações turísticas de Gent, onde você poderá pegar mapas e informações e fica no piso principal do Campanário. Vale dar uma olhadinha, porque foi um dos centros turísticos mais bacanas que já visitamos. Além da organização com folhetos de todos os tipos (organizado por tipologia de roteiros), tinha também mapas on line, onde você poderia ver tudo mediante o toque do dedo em uma grande mesa.
A seguir fomos ao Red Light Quartier (zona de prostituição), local indicado pelo próprio centro turístico, pegando o train 4. Fomos até a Red Light Quartier, pensando que era semelhante a de Amsterdam (que é um ponto turístico), mas a de Gent era bem menor e ficava em uma galeria fechada, interligada com outra parte aberta, que dava para a rua. Nos arredores, encontramos uma casa de chá, onde provamos uma xícara acompanhada de deliciosa torta de chocolate com laranja. Andamos pela cidade, tiramos inúmeras fotos, estava anoitecendo com rapidez e isto fez com que andássemos muito, sem nos importar de entrarmos em atrativos.
Um fato muito legal aconteceu em Gent, enquanto andávamos pela cidade, encantados com todos os monumentos, praças e prédios históricos, quando meu marido foi abordado por uma fotógrafa profissional que queria tirar umas fotos dele. Achamos graça, pela delicadeza da moça, que registrou um “click” daqueles de um homem maduro.
A cidade é linda, pode ser feita a pé, e no centro histórico existem inúmeros monumentos e prédios que valem muitas fotos, não só pela imponência dos locais, mas pelo paisagismo que a cidade oferece aos seus visitantes.
Jantamos falafel com salada, pegamos o trem de volta até a estação central e de lá voltamos a Bruxelas.
Como dá para perceber, existem muitas coisas para se ver e explorar em Gent e o ideal seria passar um ou dois dias completos para poder fazer tudo com calma. Como dizia a minha avó, dentro da sua simplicidade: “Vá com calma, deguste cada instante da sua vida, que, afinal, é para ser apreciada”… Gent é daquelas cidades que tem de ser curtida com mais calma, pela sua beleza e importância histórica no cenário europeu.