As ViagensHelsinque, a Cidade mais Educada do Fim do Mundo do Planeta

Helsinque, a Cidade mais Educada do Fim do Mundo do Planeta

Decidimos ir para Helsinque para concluir a visitação aos países que compõem a parte principal da região da Escandinávia. Faltava em nossa lista a Finlândia, uma vez que já tínhamos ido à Noruega, Suécia e Dinamarca.

A visita à Finlândia estava completando nosso álbum da Escandinávia.

A Escandinávia é uma grande região do norte da Europa, composta principalmente pela Península Escandinava, que inclui os países da Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia, bem como a Islândia, que se pretende visitar em outra viagem.

Estamos acostumados a fazer nossos próprios roteiros de viagem, sem depender de agências. Mas, desta vez, ao contrário, decidimos comprar um pacote básico na STA Travel (que é uma das maiores agências de viagens do Reino Unido), incluindo voo e hotel. Houve motivos para tanto, pois havíamos pesquisado previamente e ficamos um pouco receosos com o excesso de modernidade da cidade e teríamos de lidar com o diferente ou o desconhecido. A maioria dos vôos econômicos saía tarde de Londres e iríamos chegar perto da meia-noite em Helsinque. A nossa maior dúvida era que quase todos os hotéis não tinham funcionários após determinado horário e não sabíamos como fazer para entrar no quarto. No dia da viagem isso foi resolvido, pois a agência nos passou por e-mail o código de acesso e o número do quarto, ou seja, nem a entrada do prédio do hotel e nem a porta do quarto possuíam chave, apenas códigos digitáveis. E realmente não havia recepção ou qualquer funcionário esperando, apenas uma mesa eletrônica com telefone, para qualquer emergência. A agência nos explicou que o código só era fornecido no dia da viagem por uma questão de segurança. Pagamos, em conjunto para os dois, em torno de 600 pounds, incluindo o voo de ida e volta mais hotel por 5 noites e 6 dias, na capital mundial da felicidade.

Alguns afirmam que a palavra Finlândia vem da raiz para Suomi e Finlândia é suo em finlandês ou fenem em inglês. Suo + maa, literalmente fen terra, ou pântano, poderia ser a origem da palavra Finlândia. A palavra latina fin significa fim, então, concluindo, a “grosso modo”, isso poderia se referir às pessoas que vivem no final desta terra plana. Ou melhor, ao dizer Finlândia, significaria final do mundo.

Das duas línguas oficiais da Finlândia, o finlandês é a primeira, falada por 93% dos pouco mais de 5 milhões de habitantes do país. O finlandês, ao contrário das línguas escandinavas, não é germânico, mas tem sua própria classe. Teoricamente, está relacionado ao húngaro, mas na prática os dois não são mutuamente compreensíveis. A outra língua oficial, o sueco, é falada por cerca de 7% da população, a maioria da qual vive no sudoeste e também é falante do finlandês.
A Finlândia tem aproximadamente 188 mil lagos (cerca de 10% do país) e um número semelhante de ilhas.

A Finlândia é um grande arquipélago.

Em 98 D.C., o historiador e viajante romano Cornelius Tacitus menciona em sua obra “Germania” um povo chamado Fenni, que vive em algum lugar na região nordeste do Báltico, em uma “miséria e pobreza inigualáveis”.
A Finlândia declarou independência da Rússia em 1917. Mas após a derrota para a União Soviética na Segunda Guerra Mundial, o país sofreu forte influência de Moscou durante a Guerra Fria. Apenas quando a União Soviética entrou em colapso econômico é que a Finlândia conseguiu se libertar completamente de novo.
Hoje em dia o país é uma referência política no mundo, pois poucos dias depois que encerramos nosso passeio estava agendado para Helsinque um encontro de cúpula entre os Estados Unidos (Donald Trump) e a Rússia (Vladimir Putin) para discutir assuntos internacionais.

País moderno e referência na educação mundial.

O que também nos chamou atenção para visitar a Finlândia foi o fato de esse país ter dado um salto quântico na educação e se tornado referência educacional nos últimos 16 anos, transformando-se na capital da educação mundial diferenciada. Todos os anos, políticos e especialistas em educação visitam o país para saber o segredo do sucesso do aprendizado tão eficiente. Por lá, aos poucos estão retirando do ensino fundamental o estudo por matéria (física, geografia, matemática, história, etc.). Para melhor exemplificar, um professor entra em sala de aula com um mapa da Escandinávia e outro em branco, e as crianças têm de identificar os países, entender o clima, calcular o fuso horário, compreender as diferenças culturais e históricas, baseadas em fatos reais, o que torna a sala de aula muito mais interessante e interativa. Outro exemplo, um adolescente que estuda um curso profissionalizante pode ter aulas de “serviços de cafeteria”, que incluem elementos de matemática, idiomas (para ajudar a atender clientes estrangeiros), habilidades de escrita e de comunicação. Aproximadamente 650 mil pessoas vivem na cidade, mas nos bairros e nas cidades vizinhas (Espoo, Vantaa e Kauniainen) que, no seu conjunto, constituem a chamada Área Metropolitana, concentram-se 1/5 da população do país.

O mundo inteiro quer saber qual o segredo do sucesso da educação da Finlândia.

Muito curiosos para conhecer Helsinque pegamos um trem da nossa cidade, Nottingham, até a estação de trem St Pancras em Londres e, de lá, outro até o aeroporto de Gatwick (que fica a uma hora de trem, ao sul de Londres). Após 3 horas de voo chegamos à capital da Finlândia em julho de 2018. Um fato interessante ocorreu no voo: já na descida, ao olharmos pela janela da aeronave, vimos nuvens negras e espessas, algo que nunca tínhamos presenciado em todas as viagens que já havíamos feito.

Nuvens espessas era sinal de que estávamos chegando ao fim do mundo.

Era um fenômeno natural, ou as boas-vindas de uma terra localizada no final do mundo. Salienta-se que o voo foi o mais silencioso possível, não se ouvia um ruído ou fala de ninguém (isto que o avião estava lotado e havia muitas crianças), pois diz a lenda que o finlandês é um povo tão educado, que fala muito pouco, aliás, nas rodas de amigos, se você não tem nada a acrescentar de positivo, deve ficar calado, ouvindo e aprendendo com os demais. Hahahaha, amei essa!! A imigração foi rápida e o aeroporto muito fashion, com vários painéis imitando florestas. Mas o que chamou atenção foi que as lojas não tinham funcionários (estavam fechadas, pois chegamos quase à meia-noite), e ainda assim as mercadorias estavam expostas, sinal de extrema segurança. Ocupamos o banheiro e foi o primeiro susto bom, além de painéis imitando as florestas finlandesas, tinha um fundo musical imitando canto de pássaros, o que realmente deixa a gente muito relaxado, após chegar de uma viagem longa. Havia um supermercado dentro do aeroporto funcionando normalmente e com restrição para venda de bebidas alcoólicas, o que é normal na Finlândia após às 19h. O passo a seguir era saber como iríamos até o hotel àquela hora da noite. Já tínhamos tudo anotado, como chegar até o hotel e que havia o sistema integrado de trem, metrô, ônibus, bonde e balsa. Também vimos espalhados por toda a saída do aeroporto as máquinas de tickets “HSL-Rkiosk”, mas resolvemos pedir dicas na Central de Informações Turísticas do aeroporto, que estava funcionando normalmente, mesmo tendo passado da meia-noite.

Centro de Informações Turísticas integrado com a rede de táxis da cidade.

Segundo o funcionário, que falava um inglês corretíssimo, teríamos várias opções, uma delas era atravessar a porta do aeroporto e pegar um ônibus até a estação central de Helsinque e de lá ir a pé até o hotel, pois era perto. A mesma coisa se fosse para ir de trem, pois bastava descer uns dois andares abaixo do local em que estávamos. Devido a ser muito tarde, resolvemos pegar dicas do guichê ao lado, onde um funcionário, puxando um espanhol para tentar nos ajudar, ofereceu um táxi compartilhado, uma espécie de van. Iria custar 29,50 euros o casal, podendo pagar em cash ou no cartão dentro da van. Em torno de 20 minutos após, apareceu um motorista muito gentil que nos conduziu até o veículo, com alguns outros passageiros (são 19 km entre o aeroporto até o centro). De forma muito educada e tranquila chegamos ao nosso hotel quase uma hora e meia da madrugada, caindo uma chuva fina. De posse do nosso número de acesso ao hotel (na Finlândia e demais países escandinavos o usual não é mais a chave e, sim, o código de acesso a qualquer tipo de espaço de empreendimentos), por exemplo, banheiros em lanchonetes e quartos privados de hotéis. Mas este hotel (Omena Hotel Helsink localizado na Av. Lönnrotinkatu, 13), não tinha funcionários, nosso código de acesso ao prédio era 75594 (nunca mais irei esquecer) e o nosso quarto era o 333. Obviamente que cada novo hóspede ganha outro código de acesso, diferente do anterior.

No hotel não havia funcionários, somente o tal código de acesso.

Fomos até o terceiro andar e eis que não encontramos o quarto 333. Bateu o pavor, como iríamos falar com alguém àquela hora da noite… Como gritar, já me imaginei dormindo no corredor. Pensamos que o quarto estava errado, arriscamos e apertamos a campainha em todos os quartos do corredor, e nada. Após, colocar a cabeça para funcionar, resolvemos descer até a portaria e eis que encontramos um telefone de emergência. Explicamos por telefone ao funcionário do hotel o ocorrido e ele imediatamente nos deu outro número de quarto, pronto tudo resolvido. Mas ficou no ar aquela dúvida, se é um país de primeiro mundo, porque erraram de quarto… Ora, o errado éramos nós, pois o no outro dia, descobrimos que o quarto 333 ficava no prédio B, atrás do nosso, que era o A. Glup…

No outro dia em uma das inúmeras máquinas espalhadas pela estação central da cidade, compramos por 72 euros o tíquete para o transporte coletivo integrado para duas pessoas por até uma semana, o que não achamos caro para os padrões de primeiro mundo. Acordamos e fomos andar pelo bairro do hotel e descobrimos que ele estava localizado no Design District, o bairro mais encantador da cidade.

Bairro diferenciado pelo design das lojas e cafés.

É uma área de Helsinque, que abrange Kaartinkaupunki, Kamppi, Punavuori e Ullanlinna. O bairro que ficamos era cheio lojinhas diferenciadas, como papelarias que somente vendiam artigos com logotipia do mapa mundi, lojas de moda, galerias de arte, restaurantes e cafés. Acordamos cansados, resolvemos andar sem pressa pelas ruas do Design District, e vimos que realmente é diferente de qualquer bairro do mundo porque não tem uma lixeira sequer nas ruas. A educação do povo não admite que seja jogado qualquer lixo nas ruas.

Máquinas de reciclagem de latas espalhadas pelos supermercados.

As ruas são organizadas e descobrimos também que o lixo (tipo latinhas de refrigerantes e cervejas) é reciclado em máquinas especiais nos supermercados e todos recebem um crédito em papel por isto. Fomos comer na Ekberg, a cafeteria mais antiga da cidade, onde servem doces tradicionais e pães muitos diferenciados, sem contar o saboroso café. É de deixar qualquer um boquiaberto, pois tanto esta cafeteria como as demais tem um estilo boutique, parece que você está escolhendo uma roupa de grife. É um dos cafés mais famosos de Helsinque, foi criado em 1852 e está nesta loja atual desde 1915. Café Ekberg (Bulevardi 9) é uma propriedade familiar, na sua quinta geração e serve o tradicional e elegante café finlandês. Comemos uma salada verde com diversos legumes, salmão, queijo e água, e pagamos o valor de 22,80 euros por tudo, para duas pessoas.

Café com produtos de primeira qualidade, tudo gostoso e novíssimo.

A atendente do café era educadíssima e “se puxou” no espanhol para nos atender com mais eficiência. A mesma era estudante de espanhol na escola. Nos finais de semana este tal “brunch”, mistura de café da manhã com almoço, onde são servidos diversos tipos de pães, bolos, cereais, ovos, queijos, mingaus, presuntos, salmões, sucos e iogurtes e custa na média de 18 euros por pessoa sem o café. Muitas pessoas que visitam a FInlândia ficam um pouco surpresas com a dependência do país ao café e a preponderância de cafés em todas as pequenas cidades e aldeias. O fato é que os finlandeses consomem mais café por pessoa do que qualquer outro país do mundo, inclusive mais que os outros países nórdicos, que não ficam distantes. Caminhamos mais um pouco e fomos conhecer o Mercado Público Municipal Kauppahall Saluhall, um prédio antigo e bem conservado.

Kauppahall Saluhall tem uma feirinha bem simpática de artesanato de antiguidades.

Tivemos tempo de pegar o final de uma feira de antiguidades bem na frente do local. Mas apesar de ser uma feira simples, não tinha nada especial e todos os produtos eram muito caros. Entramos no mercado e era como se a gente tivesse voltado no tempo, com muitas barracas à moda antiga.

Em frente ao mercado temos uma vista deslumbrante do Distrito Design.

O mercado foi construído entre 1912-1914, todo em madeira, inclusive os caixotes que vendem verduras e frutas. Tem ótimos restaurantes que vendem frutos do mar e uma excelente cervejaria dentro do local. Foi lá que conhecemos um português chamado André, muito simpático (dono de uma barraca de café) que residia a 18 anos na cidade, o qual nos contou seu estilo de vida no país, após tomarmos um café acompanhado de um pastel de nata muito gostoso. Para o português, a Finlândia era um país de primeiro mundo porque tem um sistema de controle de pagamento de impostos rigoroso e on line, o empresário recebe do consumidor e automaticamente é arrecadado para o Governo no sistema. O sistema de controle é tão eficiente que inibe a corrupção, perto do zero por cento. Em outra oportunidade tivemos um exemplo disso: precisávamos trocar uma cédula de cinco euros por moedas de 1 euro, para utilização em um banheiro público pago. A moça do caixa só pôde fazer nos fazer o favor da operação da troca, mediante a devolução de 4,90 euros (cinco moedas de um euro e noventa centavos em moedas menores). Não é que ela tenha cobrado dez centavos pela troca do dinheiro e, sim, porque ela precisava justificar para o fisco a abertura do caixa, que não poderia dar resultado zero. Obviamente que a justificativa era a troca do dinheiro para ser utilizado no banheiro e que nós não tínhamos sido as primeiras pessoas a pedir isso.

O ensino é gratuito e público desde a escola infantil até o Mestrado, totalmente subsidiado pelo governo e os alunos recebem material escolar grátis. Disse que o governo detém a produção de papel e por isso incentivam a escrita e a leitura de livros e a produção de designs de papeis de paredes. Relatou que as pessoas são amigáveis, porém, só falam o necessário, são extremamente introvertidas e cada um cumpre o seu papel na sociedade. Disse que eram 9 meses de inverno e 3 meses de verão e que no inverno era muita neve e escuridão total. Comentou que a maioria das pessoas tinha um auxílio alimentação entre 9 a 10 euros por lanche e isto era o preço médio cobrado pelos restaurantes por uma refeição. Relatou que as pessoas, em sua maioria, comiam saladas verdes, salmão, atum, pão e água saborizada (de frutas cítricas). Após esta verdadeira “aula” sobre a vida na Finlândia fomos visitar o supermercado Lidl e vimos de perto o estilo de vida do finlandês, tudo orgânico, verde e saudável. Em outra ocasião, tivemos a oportunidade de observar isso na prática. Vimos uma menininha de uns 5 anos, passeando com os pais em outro mercado da cidade e comendo uma cenoura crua enquanto caminhava. A analogia que fizemos foi a de que era como se uma criança “normal” estivesse saboreando um chocolate.

Uma cenoura pode ser bem mais gostosa do que um chocolate…

Compramos o nosso jantar no Supermercado Ravintola Bursa, na rua do hotel (Lönnrotinkatv, 34), e lá entramos no clima da salada e do pão integral com água saborizada. Quase 1 kg de salada com todos os ingredientes saudáveis como verdes, grãos, queijos, salmão e outros itens saborosos e nutritivos por 10 euros. Formidável o nosso dia!

Acordamos cedo para aproveitarmos o dia ao máximo e começamos pelo atrativo mais longe do centro da cidade, o Monumento Sibelius (Mechelininkatu). Pegamos um bonde na Av. Bulevard, próximo ao nosso hotel e depois o ônibus de número 24 que nos levou até o Parque Sibelius no distrito de Töölö, a poucos passos do mar, onde está localizado o atrativo.

Monumento musical diferenciado em homenagem a Jean Sibelius.

O Monumento Sibelius em Helsinque é uma das atrações mais visitadas e encontramos por lá diversas excursões do mundo todo. O monumento foi inaugurado em 1967 e o objetivo é capturar a essência da música de Sibelius. O monumento é uma arte abstrata feita em homenagem ao músico Jean Sibelius e foram utilizados 600 canos de metal prateados que formam ondas musicais. Junto aos canos encontra-se um busto estilizado de Jean Sibelius. Quando vivia no país, o mesmo costumava vagar pela floresta com o violino à mão onde encontrou inspiração para sua música chamada Finlândia. Foi uma composição na forma de poema, escrito por ele em 1899 e revisado em 1900. A composição foi escrita como uma espécie de protesto contra o aumento da censura do Império Russo. A mente criativa e versátil de Sibelius não poderia viver sem a presença da natureza, portanto, o monumento no meio das árvores é uma homenagem ao artista local que muitos dizem ter sido o autor do nome do país Finlândia (que significa fim das terras). Ao tocar nos canos prateados, se ouve um som estranho, uma melodia que remete ao mundo de Sibelius. O parque é extremamente agradável de visitar, tem banheiros públicos adequados ao atendimento ao público, além de um bar em frente a um lago, próximo ao local. Pegamos o ônibus 24 e, no retorno, observamos uma situação interessante, havia alguns cemitérios localizados em meio à mata (espécie de jardins com árvores altas), com calçadas no meio, e este espaço é aproveitado para as pessoas fazerem seus treinos de corrida. Achamos uma boa ideia usar este espaço no meio do verde e da paz espiritual.
Fomos parar no Vanhaan Kauppahalliin, Mercado Público antigo, localizado bem no centro da cidade (South Harbour). É um prédio antigo com mais de 20 lojas e cafeterias. No lugar encontram-se queijos, bebidas, pães, carnes e muitos outros produtos alimentícios locais e internacionais.

Foi no Vanhaan Kauppahalliin que tomamos a nossa primeira sopa de salmão, com vinho branco.

Foi lá que comemos a melhor sopa de salmão do planeta, acompanhada de um pão rústico e de uma taça de vinho. Interessante a visita, porque se acaba por conhecer os hábitos dos moradores, muitas frutas, verduras e legumes frescos para consumir, mas o que nos chamou a atenção foi a carne de rena e de urso que são vendidas normalmente, além, obviamente, dos peixes. Saímos dali e fomos conhecer o South Harbourb, de onde partem excursões marítimas pelas redondezas, bem como os ferries e cruzeiros para outras capitais e cidades europeias, como Estocolmo, Talin e São Petersburgo.

South Harbourb o porto de onde saem os barcos e ferrys para as ilhas do entorno de Helsinque.

Bem em frente visitamos o Kauppatori, que é uma praça de alimentação ao ar livre, estilo “barracas de fast food” localizado no cais do porto da cidade e a dois quarteirões da Praça do Senado, quase em frente ao prédio da Prefeitura. Muitos barcos fazem o bate e volta entre Suomenlinna e o mercado. No local vendem comidas de todos os tipos, são poucas barracas, e as mais lotadas são aquelas que vendem o prato “take way” de salmão ou sardinhas grelhados acompanhado de batatas e vegetais quentes (cada prato custou 13 euros por pessoa). Em um dos dias que passei por lá, resolvi comer a tal carne de rena, e confesso que eu não gostei, fiquei o tempo todo me lembrando das renas que tem o “doce papel” de levar o Papai Noel para passear na noite de Natal.

O finlandês curte comer salmão grelhado, mas o prato preferido é a sardinha frita.

Brincadeiras à parte, achei a carne seca e sem gosto. Já o salmão, ao contrário, é bem saboroso e para comer bastar sentar nas mesas comunitárias das próprias barracas, tudo muito simples. Em cima das barracas, tem uma rede de nylon, quase invisível, que impede que as gaivotas disputem os pratos com os visitantes. No quarteirão das barracas de alimentação não tinha cheiro de fritura, nem lixo espalhado, até mesmo as gaivotas eram educadas. Ah, não poderia deixar de citar as barracas de souvenirs, roupas e artesanato do povo finlandês, que ficam na mesma praça. Nesta praça fica um dos símbolos da cidade, o obelisco chamado Pedra de Czarina.

O monumento tem duas cabeças de águia mas a gaivota veio de brinde na foto.

O monumento comemora a visita da família real russa em 1833. Este impressionante monumento é colocado no local onde Czar Nicolau e Czarina Alexandra pisaram pela primeira vez em Helsinque em 1833. Curiosamente, foi a primeira escultura pública da cidade. Bem no alto em direção ao céu, tem em seu ápice uma águia de duas cabeças que simboliza a dinastia Romanov.

No ímpeto de ver coisas diferentes acabamos por pegar o bonde turístico que circula pela cidade (pagamos 6 euros por pessoa).

O bonde turĩstico “voa’ pelas ruas de Helsinque.

Aliás, todo o sistema de transporte da cidade é uma maravilha, os bondes são antigos, mas funcionam com sistema elétrico. Pegamos um trem histórico e turístico, todo de madeira que faz um trajeto pela cidade em 15 minutos. Ele é todo de madeira e vale a pena fazer este passeio, mais parecia um “trem bala”, porque correu em alta velocidade, e mal deu tempo de curtir a cidade ou tirar fotos durante o percurso. Aliás, tem como fazer a maioria dos atrativos turísticos da cidade, usando os bondes 2 ou 3. Acordamos e fomos pegar o nosso desjejum no supermercado em frente ao hotel, que servia um café super gostoso com um croissant. Pegamos o bonde 2 e voltamos à praça Kauppatori, pois era o dia de conhecer o complexo de piscinas e sauna do Allas Sea Pool.

Vista do Complexo de Saunas de Allas Sea Pool para o Mercado Público.

A capital finlandesa abriu novas piscinas e várias saunas, o que significa que os visitantes podem dar voltas ou relaxar no oceano durante todo o ano, por exemplo, na piscina junto à praça Kauppatori. Algumas piscinas são aquecidas a 27 graus Celsius, uma vez que no inverno o Mar Báltico pode chegar a uma temperatura de menos 30 graus. Há também uma piscina de água do mar que foi preenchida com água do mar filtrada. A temperatura nesta piscina muda de acordo com o mar, por isso, qualquer pessoa que deseje ter uma experiência autêntica de natação no gelado inverno finlandês pode fazê-lo neste lugar. Além das piscinas, o Allas Sea Pool também tem saunas disponíveis, funcionando como um clube, aberto a moradores e visitantes. Vale frisar que o hábito de utilizar as saunas e logo depois imergir na água gelada do mar é uma “invenção” finlandesa e se constitui em uma característica comum de muitas famílias de lá, tanto por uma questão de saúde, proporcionada pelo choque térmico, como por lazer. As temperaturas nas saunas podem atingir 80 graus Celsius. No Allas Sea Pool custa em torno de 15 euros para fazer a sauna compartilhada com a piscina. O complexo é muito bonito e na parte de cima tem uma espécie de terraço com almofadas e cadeiras espalhadas por diversos espaços, além de um bar que serve bebidas. A vista do South Harbourb lá de cima e do complexo de edifícios históricos rende boas fotos. Bem ao lado, tinha a roda gigante SkyWheel Helsink.

SkyWheel Helsink, a roda gigante de Helsinque.

A volta na roda custa 12 euros. O skywheel é tranquilo e anda devagar. Ideal para tirar fotos da cidade a partir do topo. Não fizemos porque achamos a mesma com pouca altura, não teria muitos benefícios para tirar fotos boas da cidade. Andamos um pouco e fomos visitar a Catedral Ortodoxa Russa de Uspenski.

Catedral Ortodoxa Russa de Uspenski com 13 torres coloridas.

Situada a menos de 1 km da praça do Senado e erguida em 1868, no topo de uma colina. O templo tem estilo bizantino, russo ortodoxo, construído com tijolinhos vermelhos. Tem 13 torres estilo “cebola”, com suas cúpulas douradas representando Jesus Cristo e os 12 apóstolos. O curioso é que a igreja no seu interior não tinha um altar, algo específico para a congregação fazer uma prece, sendo que todas as paredes são extremamente bem pintadas e com trabalhos decorativos e tem em seu altar pinturas de santos católicos como São Nicolau, de grande valor artístico. Do seu terraço tem-se uma vista privilegiada da cidade. É a maior Igreja Ortodoxa da Europa Ocidental. Pegamos o bonde 4 e paramos em frente ao Senaatintori, a famosa Praça do Senado.

Senaatintori, a famosa Praça do Senado, símbolo da cidade.

A parte antiga da cidade, em frente à Catedral de Helsinque, está cercada por prédios construídos em estilo neoclássico russo, como a Universidade de Helsinque, a Biblioteca Nacional da Finlândia, o Conselho de Estado e alguns museus. Também se destaca o belíssimo prédio do Palácio Governamental, que já foi sede do Senado e de diversos órgãos de governo, e onde atualmente está instalado o Gabinete do Primeiro Ministro da Finlândia, o escritório do Chanceler de Justiça e o Ministério das Finanças. No centro da praça, está a estátua em homenagem ao imperador russo Alexander II, que tomou medidas que iniciaram o processo de reformas que culminaram com a independência da Finlândia em 1917, inclusive oficializando a língua finlandesa, ao lado da sueca. Por isso os finlandeses o chamam carinhosamente de “o czar bom”. Em volta há também lojas de artigos turísticos e pequenos restaurantes. Falando em política, a Finlândia tem um conjunto de prioridades, mas os principais são a segurança e a educação. No século XXI a segurança é enfatizada cada vez mais, pois os políticos estão preocupados com o bem-estar e a segurança dos cidadãos finlandeses.

A cidade é tão limpa que não tem lixeiras nas ruas.

É uma nação preocupada até com as consequências da grave crise econômica global em diversos países, que podem surtir efeitos negativos para os próprios finlandeses. Sendo assim, o governo tem interesse em maximizar a participação nas relações internacionais. Na prática, isso significou garantir um assento nos programas da OTAN e maior participação na Comunidade Europeia. Decidimos visitar, naquele dia, as igrejas mais importantes da cidade e pegamos novamente o bonde elétrico 4, que nos deixou no centro e lá fomos visitar a Kampin kappeli (a Capela do Silêncio). A capela vista de fora parece um navio de madeira atracado no meio de uma praça.

Kampin kappeli, a Capela do Silêncio, onde a comunicação com Deus é pura energia.

A mesma foi desenhada por três arquitetos finlandeses (Mikko, Niko e Kimmo). A capela tem 11,5 metros de altura e é composta por três tipos de madeiras diferentes. Nas paredes externas foi utilizada a madeira de abeto. As paredes internas são revestidas com um tipo de cera especial. As madeiras foram encaixadas e feitas de amieiro-vulgar. O teto da capela contém placas de gesso, que tem um efeito de insonorização. A capela por dentro é muito simples, um altar com uma cruz, uma mesa e algumas cadeiras, todas de madeira. A capela foi concebida para ser um local de paz e silêncio. Neste local não acontecem cerimônias, por exemplo, casamentos. São breves momentos de oração. A mesma está aberta todo o ano das 8h até as 20h. Entramos, e por um acaso do destino, uma dos fiéis deu um ataque de espirros (alergia), o que quebrou todo o silêncio do lugar. São ironias da vida.

Pegamos o bonde 1 e o mesmo nos deixou em frente à Temppeliaukio Kirkko (Igreja na Rocha), que fica bem próxima ao centro, no bairro de Töölö, projetada pelos irmãos Timo e Tuomo Suomalainen. Este Templo foi construído dentro de uma sólida rocha de granito, dinamitada em 1969.

Temppeliaukio Kirkko igreja incrustada em uma rocha, cuja acústica é considerada excelente pelos musicistas.

A cobertura da Igreja é feita por um círculo côncavo de cobre, e o conjunto resultante é diferente de tudo no gênero. É utilizada para batizados, casamentos e concertos musicais. Está aberta todos os dias e a entrada custa 3 euros. Sua acústica é excepcional e concertos regulares acontecem com frequência. Tivemos a graça de ver uma musicista tocando piano dentro da igreja e foi algo quase que angelical. A igreja é um super atrativo turístico, a todo o momento se encontra pessoas circulando pelas lojinhas de artesanato que estão próximas à igreja. Voltamos ao centro e fomos visitar a Mannerheimintie, uma avenida super comercial da cidade, onde se encontram os principais hotéis de Helsinque, além de restaurantes, lanchonetes e diversos comércios, com destaque para a loja de departamentos Stockmann, a maior de Helsinque. Pegamos o bonde 2 até o centro da cidade e de lá fomos visitar uma ilha através do Helsinki City Transport Ferry, que sai da Praça do Mercado (South Harbourb). O ferry opera todos os dias (menos nos dias 24 e 25 de dezembro), e o trajeto é de, aproximadamente, 15 minutos, com saída a cada 20 minutos. Os tickets devem ser comprados um pouco antes da partida. Mas nós tínhamos direito a utilizar o ticket integrado e foi o que fizemos. Suomenlinna é formada por 8 ilhas, mas boa parte da fortificação fica na ilha de Kustaanmiekka, a maior de todas, e na ilha de Iso Mustasaari.

Suomenlinna é formada por 8 ilhas, todas navegáveis por barcos menores.

As duas ilhas são conectadas por pontes. Ela foi originalmente chamada de Sveaborg, em sueco, ou Viapori, na tradução fonética para o finlandês. A construção prevista para 4 anos acabou se arrastando por 4 décadas, mas não atingiu seu propósito. Em 1808 teve início a Guerra da Finlândia e o exército russo conseguiu sitiar a fortaleza sendo que, no ano seguinte, a Suécia perdeu o território da Finlândia para a Rússia. A Finlândia tornou-se então um Grão-Ducado do Império Russo e, aos poucos, Viapori foi perdendo suas características militares e decaindo. Em 1855, na Guerra da Criméia, as ilhas foram bombardeadas durante 2 dias e ficaram severamente danificadas. No século seguinte foram feitos alguns reparos e reconstruções, mas a fortaleza continuou em decadência. Em 1918, após a independência do país, Viapori foi tomada pelo governo finlandês e rebatizada como Suomenlinna – Fortaleza da Finlândia.

Muitas casas de madeira antigas são ponto de visitação na Ilha.

Apenas em 1972 ela passou à administração civil. Hoje cerca de 850 pessoas vivem no arquipélago, que é um importante destino turístico finlandês e figura na lista de Patrimônios Mundiais da Unesco. Não há grandes monumentos ou atrações imperdíveis. Os motivos para ir até lá são muito verde, construções históricas e o visual do Mar Báltico.
Para facilitar a visita, foi criada a “Blue Route”, que é a principal rota da ilha, indo de norte a sul, e, andando por ela, é possível ver tudo o que há de mais importante. A primeira parada é a Igreja de Suomenlinna, construída em 1854 como uma Igreja Ortodoxa, com 5 domos em forma de cebola (característicos das Igrejas Russas). Mais de 60 anos após sua construção, com a Independência da Finlândia, foi convertida em Igreja Evangélica Luterana, e sofreu algumas alterações como, por exemplo, o número de domos foi reduzido para apenas um, e hoje em dia é usado como um Farol.

A Ilha era um forte militar e mantém muita história em cada canto de visitação.

A próxima parada é o King’s Gate, que é o ponto alto da visita (e também o lugar mais longe), ficando no lado oposto da ilha principal. Antigamente, era a principal porta de entrada da ilha, construído entre 1753 e 1754, e hoje é um ótimo local para se apreciar a paisagem.
Pode-se também ver o submarino finlandês Vesikko, que foi utilizado durante a Segunda Guerra Mundial, e foi o único que sobrou, pois, de acordo com o Tratado de Paris de 1947, a Finlândia estava proibida de possuir submarinos. Todos eles foram vendidos e desmanchados, com exceção do Vesikko, que foi transformado em museu em 1959. Há visitas ao interior do submarino. Outra parte que também merece uma visita são as Docas Secas, estaleiro mais antigo da Finlândia, hoje usado na restauração de barcos antigos. É recomendado, nos meses de inverno, ver no site se a Fortaleza vai estar aberta devido às condições do tempo. Para se chegar até lá, a única forma é através do mar.

Ficamos apaixonados pela história infantil, mas apenas olhamos as figuras, pois estava escrito em finlandês!

Foi lá na ilha que matamos a vontade de conhecer uma biblioteca finlandesa, toda construída de madeira, com destaque para o setor de livros infantis totalmente organizados. Em pleno domingo, tinha uma assistente e algumas famílias lendo livros para seus filhos. Voltamos a frisar que a educação de base é tudo.

O transporte fluvial é muito comum para os finlandeses.

Nossa visita não durou mais do que duas horas, porque queríamos conhecer mais lugares em Helsinque. Pegamos o ferry de volta até o mercado. Aproveitamos e comemos de novo o tal salmão com batatas (já estava virando um vício). Dali fomos até o centro com o bonde 4 e pegamos o ônibus 24 até o Museu a Céu Aberto de Seurasaari, localizado na parte leste da cidade (meia hora de ônibus do centro), que é um museu ao ar livre representando o interior da Finlândia.

O museu a céu aberto de Seurasaari possui 86 construções antigas.

Construído aos moldes do Skansen de Estocolmo, o local tem residências, igrejas, estábulos, escolas e diversas outras construções do país, reproduzindo sua arquitetura original. Ao todo são 86 prédios reproduzindo a vida numa comunidade típica do interior, durante os séculos XVIII e XIX. O prédio que mais chama a atenção é uma igreja de Kiruna datada de 1686. Quase na totalidade os antigos edifícios de madeira foram realocados de outras partes do país e colocados na floresta da ilha. Para chegar a ilha é necessário cruzar uma passarela de madeira.

Para se chegar a Seurasaari tem que cruzar uma passarela de madeira.

Este é o lugar para aprender como os finlandeses viveram há muito tempo, antes da era moderna. Chegamos um pouco tarde na vila e não encontramos os personagens interagindo com os turistas (fecha às 5 horas da tarde). Mas mesmo assim, ficamos um bom tempo lá dentro, observando a floresta e os casarios.

A lembrança final de Seurasaari foi este templo no meio da mata.

Ao final da tarde fomos provar a sahti’ (cerveja tradicional finlandesa) no Vitava, um pub mesclado com restaurante (tcheco) que está situado ao lado da principal estação de trem. O edifício Art Nouveau (Jugend) tem mais de 100 anos. Neste lugar pudemos observar que tem finlandeses que curtem beber muito, como em qualquer parte do mundo. Aliás, encontramos, pela primeira vez, algumas pessoas um tanto alteradas no meio da tarde. A idade de permissão legal para beber é de 18 anos para bebidas mais leves, enquanto que para comprar licor você precisa ter 20 anos. Documento geralmente é solicitado a todos os clientes de aparência jovem. Alguns restaurantes têm maiores requisitos de idade, até 30 anos, mas estas são as suas próprias políticas e nem sempre são seguidas.
No domingo, após acordarmos fomos para a sauna. Mas antes, vamos falar um pouco sobre a importância da sauna na vida dos finlandeses. A Finlândia é uma nação de 5,3 milhões de pessoas e incríveis 3,3 milhões de saunas, encontradas em residências, escritórios, fábricas, centros esportivos, hotéis, navios e nas profundezas do solo em minas.

A sauna faz parte da vida familiar dos finlandeses desde tempos remotos.

Suas raízes são difíceis de rastrear, mas as primeiras versões dizem que sua existência data a partir de 7000 A.C. O ritual de banho vem sendo realizado em toda a área da Finlândia desde que os primeiros colonos cavaram uma vala no chão e aqueceram uma pilha de pedras. A água foi lançada sobre as pedras quentes para emitir um vapor conhecido como loyly. Cada sauna é considerada como tendo seu próprio caráter e seu próprio distintivo loyly. Quanto melhor o loyly, mais agradável é a sauna. Para os finlandeses a sauna oferece um alívio para lavar e acalmar os músculos doloridos e a mente também. Antigamente, as mulheres davam à luz nelas porque as paredes das tradicionais saunas de fumaça estavam cobertas de fuligem naturalmente resistente a bactérias, tornando-as a sala mais limpa da casa.

É normal para os finlandeses fazer sauna 2 x por semana e se exercitarem ao ar livre no verão.

As saunas também eram o lugar para rituais de purificação antes do casamento. Usadas até no ritual fúnebre, onde os corpos dos mortos eram lavados e preparados para o enterro nos bancos de madeira do interior da sauna. É necessário entender a diferença da sauna finlandesa para as demais do mundo. A sauna finlandesa funciona em instalações de madeiras e geralmente estão localizadas às margens do Mar Báltico ou às margens dos numerosos lagos da Finlândia. O dia tradicional da sauna para os finlandeses é o sábado.

As saunas são todas de madeiras especiais, que fornecem o calor ideal ao ambiente.

Estas salas de madeira têm bancos comuns de madeira e no centro encontra-se o caldeirão que fornece o calor para todos os usuários. Frescuras como luzes coloridas, fragrâncias aromáticas e música relaxante não têm nada a ver com a sauna finlandesa. As saunas finlandesas reais são pouco iluminadas, não há músicas ou cheiros, exceto bétulas frescas e alcatrão natural. A “vasta” ou “vihta” (o nome depende da região) é um feixe de ramos de bétulas frescas com os quais você gentilmente se “chicoteia”.

Vihta é um feixe de ramos de bétulas frescas com os quais você gentilmente se “chicoteia” na sauna.

Parece estranho, mas é muito bom para a sua pele – você vai sentir a suavidade depois. Após uns 5 minutos você estará suando muito em uma sauna, então é necessário beber bastante. Não há regras reais quando se trata de sauna, e a forma como isso é feito depende totalmente da ocasião. A coisa mais importante é relaxar, socializar, mas, pelo menos para nós, o “ritual” era entrar em uma das saunas com a onda de calor úmido que se acumula ao redor dos tornozelos e das pernas antes de envolver todo o corpo e, logo em seguida, sair para dar uma refrescada nas águas geladas do Mar Báltico para, depois, entrar em outra das saunas com maior ou menor calor e assim sucessivamente, intercalando o calor e o frio com o consequente choque térmico que decorre do procedimento, o que é recomendado como muito bom para a saúde em geral. Na sauna seus poros se abrem e o suor cobre a pessoa da cabeça aos pés.

A Löyly Sauna está localizada em frente ao Mar Báltico e o prédio é todo de madeira.

Para irmos até a Löyly Sauna pegamos o ônibus 14 no centro da cidade e fomos em direção a esta sauna, que é a mais famosa de Helsinque e está localizada junto ao Mar Báltico e a 20 minutos do centro (2 km). A proposta da Löyly Sauna, que é particular, é justamente proporcionar aos visitantes a oportunidade de vivenciar um dos hábitos mais comuns dos finlandeses. O edifício é todo construído em madeira e composto por duas partes: saunas públicas e um restaurante. As saunas e os espaços públicos abrem para um espaço livre, aberto e com diversas mesas e cadeiras de praia. A sauna abre às 13h diariamente e é permitido ficar somente 2 horas lá dentro, utilizando quantas vezes quiser as saunas e os mergulhos no Mar Báltico. Pagamos o valor de 19 euros por pessoa. Após pagar o valor e deixar os sapatos dentro de um armário, se recebe uma chave de outro armário e mais uma toalha e um pano para sentar na sauna. A seguir, se coloca a roupa de banho e toma-se uma ducha (essa área é totalmente separada, homens de mulheres). Uma cortina de couro cobrindo a porta indica a entrada na área unissex, da sauna em si, em cujo ponto os visitantes precisam usar uma roupa de banho. Tradicionalmente, homens e mulheres tomam banho separadamente e nus. É comum tomar banho de sauna nu na Finlândia, mas, no nosso caso, felizmente todos estavam com roupas de banho e as saunas eram mistas. Há três saunas diferentes que são todas aquecidas com madeira: uma sauna continuamente aquecida, uma sauna aquecida (que é aquecida de manhã antes de abrir e permanece quente a noite toda) e uma sauna tradicional – uma verdadeira raridade em uma sauna urbana. Assim se experimenta todos os tipos de saunas finlandesas chamadas de Löyly, durante uma única visita. Mas a grande surpresa é uma passarela com um acesso de escada (tipo piscina) que dá acesso ao Mar Báltico. No verão você sai da sauna de uma temperatura de mais 70 graus e entra no mar com menos 5 graus. Já no inverno, o mar se transforma em gelo, com uma temperatura de menos 30 graus. Isto é realmente incrível. Um dos espaços mais legais é o terraço, que permite uma vista gloriosa e ininterrupta do mar.
Usufruir da Löyly Sauna foi uma das melhores experiências de viagens que já tivemos e saímos de lá tão relaxados que fomos direto ao hotel para depois curtir um pouco do restante da tarde e da noite de Helsinque.

No final de tarde resolvemos visitar o banheiro mais famoso de Helsinque, localizado no Hotel Torni.

Vista a partir do banheiro mais famoso da cidade no Hotel Torni.

A cidade não tem prédios altos e, durante muito tempo, o Hotel Torni (Torre do Hotel em finlandês), com 70 metros de altura, era o edifício mais alto de todo o país. Ainda hoje oferece uma das vistas mais bonitas da cidade. Mesmo não estando hospedado, basta chegar ao hotel e subir o elevador até o 14º andar, onde tem um bar com vista panorâmica da cidade. Não é necessário consumir qualquer bebida, caso não queira, até porque os preços são altos. Depois, basta descer a escadaria (estilo caracol) que você tem acesso ao banheiro mais famoso da cidade. E realmente vale dar uma sentada no vaso sanitário e ver a cidade sob outro ponto de vista. Hahahaha… Ao sentar-se no banheiro feminino, você tem uma visão clara do Parlamento, da casa Finlândia, da Casa da Música, do Museu Nacional e do Museu Kiasma. Você consegue reconhecer vários em poucos minutos, até porque tem fila para entrar no famoso lugar.

Seguimos em frente e fomos conhecer a cervejaria Bryggerri, que fica localizada entre a Praça do Senado e o Mercado Público, um bom lugar para tomar algumas cervejas. Embora tenha uma seleção limitada, as cervejas que estão na torneira (draft) são especiais e muito boas. O local tem uma grande área para sentar ao ar livre com guarda-sol e terraço com aquecedores. Acostumados aos pubs ingleses, achamos interessante o lugar, mas nada muito convidativo para ficar bebendo por longo tempo. Na Escandinávia, se compararmos com outros países produtores de cerveja da Europa, como a Alemanha e o Reino Unido, beber é caro. No que diz respeito à comida, o cardápio era especializado em hambúrguer e batatas fritas. Saímos dali e fomos em direção ao centro visitar a segunda cervejaria mais famosa a Teerenpeli Kamppi. Todo mundo indicava que era a maior cervejaria da cidade, que tinha 10 torneiras com a sua própria cerveja, sendo a Teerenpeli, a mais famosa delas. Jantamos por lá, uma espécie de torrada de salmão (de novo!!!) acompanhada de um copo de Teerenpeli. Nada emocionante a noite finlandesa, tipo 6 horas todos saem para jantar e à meia-noite não tem mais nada aberto. Muito parecido com o nosso estilo de vida em Nottingham.
Amanheceu do que seria o nosso último dia e escolhemos visitar o Kansallismuseo (Museu Nacional da Finlândia).

A visita do museu era nosso alvo, mas eis que apareceu o convite para a exposição da “Barbie”.

É o maior museu histórico em Helsinque, bem no centro da cidade, e exibe uma vasta coleção da pré-história ao século XXI, com a maior coleção arqueológica do país. De arquitetura românica, data do começo do século XX. Possui seis complexos com obras diversas, passando pela era pré-histórica; Idade Média, com peças da sociedade finlandesa da época e Era Pré-Industrial, expondo o modo de vida rural antes da industrialização do país. Mas tudo isto foi por “água abaixo” quando vimos uma faixa escrita “Maior exposição da boneca Barbie no Mundo”. Foi divertido, pagamos 11 euros cada, com desconto da carteira internacional de estudantes, entramos no museu e o nosso pouco tempo que restava foi aproveitado dando uma olhadinha na exposição da boneca mais famosa do mundo. Muitas mães e meninas enlouquecidas e nós dois juntos, curtindo as três salas da exposição.

A exposição contou a historia da mulher através dos trajes da Barbie.

Nada é em vão nesta vida, pois sou apaixonada por bonecas de porcelanas que contam a história da mulher através dos trajes. A exposição da Barbie trouxe a mostra, desde 1959 (quando foi fabricada a primeira boneca) até 2018, todos os tipos que marcaram história na vida das mulheres no mundo. Além de 59 tipos de trajes, um para cada ano, tinha aquelas que homenageavam os países e seus trajes típicos e, no caso do Brasil, era a Carmen Miranda (cantora e atriz). Mas tinha as Barbies históricas, como a Cleópatra (Rainha do Egito), a Audrey Hepburn (atriz), a Farrah Fawcett (atriz) e tantas outras mulheres que marcaram história pelo mundo. Foi lá que descobrimos que alguns trajes foram criados pelos maiores costureiros do mundo, como Versarce e Armani. Enfim, foi muito proveitoso, às vezes a vida nos apresenta agradáveis surpresas e essa foi uma delas.

Todas as praças da cidade, sem exceção, têm um encanto mágico.

Estivemos na Praça onde estava localizado o Teatro Nacional Finlandês (Suomen Kansallisteatteri) que foi fundado em 1872. Trata-se de um teatro localizado no centro, ao lado norte da Praça da Estação Ferroviária Central de Helsinque. O Teatro Nacional da Finlândia é o mais antigo teatro profissional de língua finlandesa na Finlândia. Era conhecido como o Teatro Finlandês até 1902, quando foi renomeado para o Teatro Nacional Finlandês. Junto a esta praça tinha outros prédios antigos e bem decorados que mostravam, no seu conjunto, a arquitetura e deixavam uma linda lembrança da cidade.

Depois fomos a um shopping e a uma lojinha para comprar souvenirs e, logo em seguida, nosso último almoço na cidade foi em um buffet livre de comida mexicana a 10,00 euros por pessoa no Runsas Buffet Lounas. O dono, relativamente jovem e muito simpático, era um finlandês de pais mexicanos e avôs italianos, e se comunicava em vários idiomas. Disse-nos que o restaurante funcionava em Helsinque apenas nos meses de verão e que, no inverno, o negócio do restaurante dele era na Itália.

O Pub bonde Sparakoff nos convidando para dar o último passeio pela cidade.

Já estávamos indo para a estação para pegar o trem até o aeroporto (5 euros por pessoa) quando vimos circular pela cidade o famoso bonde “vermelho”, o Sparakoff. É um bonde que leva as pessoas a conhecerem a cidade, todo vermelho por fora, decorado com mogno e latão por dentro. Enquanto você admira a cidade, oferecem uma seleção de cervejas. O passeio dura 50 minutos e custa 11 euros. O trajeto começa na estação ferroviária em frente ao edifício Fennia.

Pegamos o trem, não levou mais do que meia hora para chegar no super aeroporto moderno, todo automatizado, sem check in das companhias aéreas, sem stress ou filas, com pessoas simpáticas te tratando como cidadãos do mundo. Pela janela do trem pudemos observar várias vilas residenciais em volta da cidade de Helsinque, localizadas literalmente no meio da floresta. Deu para perceber, também, que nestes vilarejos havia núcleos comerciais com as principais marcas de supermercados e artigos de primeira necessidade. Ficamos pensando, ah, como é viver com menos 30 graus, no meio da neve, chovendo constantemente, com 9 meses de escuridão. Foi neste instante que pensamos que “nem tudo são flores”, cada país com o seu jeito de viver… Viva a Finlândia, voltaria mais vezes para conhecer seu interior, mas sempre no verão.

Dicas sobre a Finlândia.

O design está intensamente vinculado à cidade. A UNESCO tombou a cidade como a “Cidade do Desenho”. Para os arquitetos interessados tem um tour especial para este fim, basta consultar o site myhelsink.fi.

Quem tiver um tempinho vá visitar Tallin (Estônia). Diariamente, no verão sai um ferry boat para esta cidade que fica a 2 horas de Helsinque. A cidade medieval foi fundada em 1050 e é cercada por muralhas. Tem como pegar o ferry boat às 7h30min da manhã e retornar as 16h30min. Ou outro que sai às 9h30min e retorna às 19h. Trata-se de uma das cidades mais bonitas do mundo e vale dar uma chegada por lá. Não fomos porque deixamos para conhecê-la em outra oportunidade, com mais tempo, pois concluímos que era outro país e outra viagem.

Passear de barco por Vallisaari e Kuninkaansaari, que são ilhas diferenciadas para passeios, ao lado da fortaleza de Suomenlinna, a apenas 20 minutos de barco da Praça do Mercado em Helsinque. Estas duas ilhas têm servido como lar e local de trabalho para centenas de pessoas e como o local de serviço militar para milhares de soldados. Fortificações, edifícios e uma gama de espécies de árvores.

Helsinque é uma das metrópoles mais verdes do mundo, mais de um terço da cidade é formada por parques e áreas verdes. Existem 42 reservas naturais na cidade. No verão aproveite para fazer caminhadas ao ar livre e no inverno os mesmos são feitos para esquiar. O principal é o Central Park de Helsinque que oferece excelentes oportunidades para esportes ao ar livre e recreação. A natureza no Central Park é variada, com muitos tipos diferentes de terreno e espécies de aves e mamíferos. O Central Park começa no sul da Baía de Töölönlahti, no centro da cidade, e termina em Haltiala e no rio Vantaa, na fronteira norte de Helsinque. Cobrindo mil hectares, o Central Park tem dez quilômetros de extensão e uma excelente representação da natureza rica e variada na área costeira do sul.

Passar um dia no Parque Nacional de Nuuksio é uma das principais atrações naturais da Finlândia e pode ser facilmente visitado em uma viagem de um dia. No Parque Nacional de Nuuksio tem cerca de 33 quilômetros de trilhas marcadas, cozinhas e parques de campismo que o tornam um excelente destino para caminhadas. Todos os anos, quase um milhão de visitantes visitam Nuuksio. Além de caminhadas, os visitantes podem, por exemplo, esquiar, pescar, pedalar, cavalgar, escalar, pescar e nadar nos lagos.

Visitar a pequena cidade costeira de Loviisa a cerca de 87 km de Helsinque. A cidade é histórica, com casas de madeiras antigas e belas paisagens que caracterizam a região. A cidade também é conhecida pelas fortificações do século XVlll. É uma espécie de cidade de verão dos finlandeses.

Sites interessantes para pesquisar antes de visitar o país.
myhelsinki.fi
helsinkicard.com
visitloviisa.fi
didrichsenmuseum.fi

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