As ViagensMônaco e a Riviera Francesa (Cote D’Azur)... O Sol é Azul Turquesa!

Mônaco e a Riviera Francesa (Cote D’Azur)… O Sol é Azul Turquesa!

Em pleno inverno de fevereiro, lá fomos nós para a primeira viagem de 2019, saindo de Nottingham. Seriam 7 dias e 6 noites. Foi mais um madrugadão, pois tivemos de pegar um ônibus às 5h20min da manhã (pagamos 67,80 pounds por pessoa ida e volta). Somente uma companhia de ônibus atende a nossa região, a National Express. Chamar o táxi para ir até a estação de ônibus foi fácil (Nottingham tem mais de 25 companhias de táxis disponíveis, “tipo” Uber). E moramos a menos de 10 minutos da estação de “bus”. Após 3 horas de ônibus chegamos à estação de London Golders Green e de lá fizemos uma troca de ônibus (Stop GE), onde sai a cada meia hora, e depois de mais uma hora de viagem chegamos ao Aeroporto de Stansted. Ou seja, levamos aproximadamente 5 horas de viagem de ônibus. Tem como chegar de trem, mas para nós ficou mais cômodo ir de ônibus.

O aeroporto de Stansted é grande, tem que ir com antecedência. Mesmo chegando quase duas horas antes do voo fomos os últimos a embarcar no voo da Ryanair (tem um trem que se desloca por dentro do aeroporto de um terminal para o outro e, até mesmo, de um portão para o outro). Ou seja, o aeroporto é servido por um trem interno e somente 40 minutos antes do voo fica disponível no painel o número do portão de embarque. Mesmo para quem está super acostumado a viajar, pode haver uma correria de última hora. Pegamos o voo, tudo foi muito tranquilo e duas horas depois desembarcamos em Nice, litoral da França. Da janela do avião conseguimos ver uma cadeia de montanhas com neve, próximas a Nice. Os Alpes franceses estão dentro da França, mas outros, como o maciço de Monte Branco, são compartilhadas com a Suíça e a Itália. A Riviera Francesa fica próxima das montanhas, onde os picos podem chegar a 3000 metros acima do nível do mar. A chegada aérea a Nice é magnífica.

A aterrisagem aérea em Nice é espetacular.

O Mar Mediterrâneo aparece na janela como se fosse uma pintura e, logo a seguir, eis que surge a bonita orla de Nice e uma parte da Riviera Francesa. “Ula’la!”, “Salut, ça roule”, Revenir!!! como dizem os franceses. Chegamos a um dos lugares mais charmosos do planeta. Do alto se enxerga as marinas lotadas de iates e prédios antigos da época de ouro da “Belle Époque” (período de glamour dos anos 1920). Do alto se enxerga uma avenida com palmeiras em tom verde, os prédios dos hotéis em tom de bege e o Mar Mediterrâneo com um tom azulado. A descida do voo é magnífica, a cabeceira da pista fica na beira do mar, onde foi feito um grande aterro (similar ao aeroporto Tom Jobim no Rio de Janeiro) e talvez seja uma das aterrisagens mais charmosas do mundo.

Mas afinal o que é a tal de Riviera Francesa…
A Riviera Francesa, também conhecida como Côte d’Azur, é uma área onde não existem fronteiras oficiais, mas está localizada no sul da França. A Riviera Francesa, segundo algumas fontes, tem início na fronteira França-Itália, perto da cidade italiana de Ventimiglia (Ventimille), indo até a cidade de Saint-Tropez. Muitos conhecem também como a região de Provence-Alpes-Côte d’Azur. Toda a longa costa do Mar Mediterrâneo, seja do lado francês ou italiano, é muito bela, então a Riviera Francesa nada mais é do que a continuação da Riviera Italiana que começa em Marinella di Sarzana, perto de La Spezia, na Itália, e se estende para o oeste ao longo da costa da Ligúria, passando por Gênova até a França. Trata-se de um conjunto de despenhadeiros, vilarejos, encostas, próximos ao mar que, em contraste com o azul do Mediterrâneo, faz qualquer foto comum se transformar em um pôster fotográfico.

Mapa turístico a Riviera Francesa.

Turisticamente falando é viável você conhecer com facilidade as seguintes cidades principais: Nice (se pronuncia Neece) e seguindo para oeste Cagnes-sur-Mer, Antibes, Juan-les-Pins e Cannes. Saindo novamente a partir de Nice, mas seguindo para o leste, Villefranche-sur-Mer, obviamente o Principado de Mônaco (com Monte-Carlo) e Menton. Todas essas cidades estão ligadas por trem ou ônibus da estação de trem de Nice e se chega no máximo em uma hora ou menos, seja de trem ou ônibus.

Para ir a St. Tropez é necessário sair cedo de Nice, em horários pré determinados, e leva em torno 2 horas para se chegar até a cidade. Portanto, mesmo constando como parte integrante da Riviera Francesa, logisticamente, St. Tropez fica um pouco mais distante que as demais.

Na Côte d’Azur, o Sol é azul. A cor da Belle Époque.
Av. Promenade Des Anglais e os seus prédios luxuosos.

Nice
Chegamos ao aeroporto de Nice (fácil e muito moderno) e logo pegamos um ônibus para o nosso apartamento. Bem em frente ao terminal do aeroporto tem uma parada que passam os ônibus para a Av. Promenade des Anglais, a principal avenida à beira mar. Pagamos 1,50 euros por pessoa. Descemos uma parada antes da Praça de Másena e ficamos um pouco perdidos, pois as ruas do centro da cidade não eram retas. Mesmo utilizando o google maps surgem dúvidas. Eis que, do nada, surge uma senhora já de idade avançada com um “saquinho de croissant” nas mãos e perguntou em português com sotaque: “- Vocês estão perdidos, querem ajuda”. Eu logo pensei: “Como ela sabe, está escrito na testa: “brasileiro!!…” Mas ela rapidamente, como que adivinhando o nosso pensamento, falou: “Ouvi o som do seu celular, em português…” Ufa!! Ela abriu um sorriso e contou sua história: “Trabalhei muitos anos no Consulado Francês em São Paulo”. Verdade ou não, foi com ela que achamos com facilidade o nosso apartamento locado pelo aplicativo Booking, localizado na 2 Rue du Commandant Raffali. Ligamos para a dona do apartamento e em alguns minutos apareceu uma francesa muito educada de nome Delphin (golfinho em inglês, hahaha). Apesar da aparência velha do prédio, o seu interior era todo reformado e o apartamento era decorado com simplicidade, mas tinha todos os aparelhos domésticos, TV, sala, cozinha, quarto e dois banheiros (um luxo para a França). Pagamos 398,43 euros por 6 noites. Adios, hospedagem em hotéis convencionais.

Para dar uma esticada nas pernas, andamos pela cidade e fomos conhecer o local onde iria acontecer o carnaval de Nice (Praça de Másena). Não pesquisamos sobre o assunto, mas saber que iria acontecer o Carnaval por aqueles dias foi uma grata surpresa. Andamos mais um pouco e acabamos no Monoprix, um supermercado excelente, localizado na 30 Rue Biscarra, próximo a Praça de Másena. Assim, como na Itália, ir a um supermercado francês é uma festa.

Uma taça de Pinot Noir com este queijo derretido no pão é dos “Deuses”.

Os setores dos queijos, vinhos e pães é algo que vai além da imaginação, não só pela qualidade dos produtos, mas principalmente pela variedade da produção. Gastamos quase 60 euros, mas viemos para casa carregados de queijos (Roquefort, Brie, Camembert…) e vinhos (Bordeaux, Pinot Noir, Cabernet Sauvignon…), um baguete (pão típico francês) dourado e macio, chocolate com recheio de frutas cristalizadas, presuntos, croissant, tudo bem fresquinho e saboroso. Isto tudo faz a diferença na hora de programar uma viagem e não tem preço, como saber que os parreirais franceses datam de 600 anos A.C. e ter a possibilidade de vivenciar a cultura local com a imersão dentro da sua gastronomia, pois nos mercados se encontra os melhores hábitos de consumo do seu povo. Caso fôssemos comer em um restaurante, a média de preço por um prato de frutos do mar custaria 20 euros. Assim, comemos melhor e com mais qualidade.

Cenas de inverno em Nice – Côte d’Azur – tem um sol com um fundo azul muito intenso.

O segundo dia amanheceu com muito sol (para quem mora na Inglaterra é uma dádiva de Deus). Com 16 graus em pleno fevereiro, a cidade de Nice estava diferente. Saímos atrás da compra de tickets de passagem de ônibus ou tran (trem de superfície) para circular pela cidade. Ao perguntar na rua sobre o local exato onde se comprava os tickets do trem, não obtivemos um bom retorno. Os franceses não falam inglês, óbvio. Ao pedir informações na rua em inglês, a maioria dos franceses respondem em francês, alguns até tentam falar inglês, mas a pronúncia era terrível. Os franceses adoram a língua deles. O agito na cidade era tão grande, que tudo estava trancado, até os ônibus e trans. Percebemos que estavam trancando as ruas com tapumes pretos e logo descobrimos que ia ter o Carnaval da Batalha das Flores, em francês (“Bataille de Fleurs”). Saímos na corrida e fomos até um dos pontos para comprar o ingresso do Carnaval de Nice, um dos mais famosos da Europa. Compramos dois tickets, um para o Carnaval da Batalha das Flores (Bataille de Fleurs) e o outro para o Desfile Iluminado na noite (em francês Corso Illumine). Pagamos 17 euros cada pelos 2 ingressos (o Carnaval das Flores e o Desfile Iluminado), o primeiro começava às 14h30min e, o segundo, às 21h. Tínhamos que entrar 45 minutos antes do início do desfile. Pasmem, o carnaval era muito organizado, tinha 5 portões de entrada. Dois destinados às arquibancadas e os demais para aqueles que optaram por assistir na rua, de forma livre. Ao ingressar nos portões de acesso, era necessário passar pelo controle de Raio X (semelhante ao dos aeroportos). As mochilas, bolsas e casacos eram devidamente vistoriados. Lembramos do incidente de terrorismo em Nice em 2015, que vitimou mais de 90 pessoas e deixou vários feridos. Com exceção das arquibancadas, a Praça de Másena fica livre para assistir ao desfile, mas tem que ficar atrás de um cercado (parapeitos de ferro).

O Carnaval de Nice
O Carnaval de Nice sempre acontece em fevereiro e é o maior evento de inverno da Côte d’Azur. Suas origens remontam a 1294, enquanto o evento, como é conhecido hoje, é organizado desde 1872. O carnaval foi inventado para proporcionar entretenimento para a sociedade rica da França, na época. Todos os anos, mais de 1.000 artistas de vários países do mundo participam de desfiles coloridos junto com aproximadamente 18 carros alegóricos carregando fantoches enormes.

O tema do Carnaval em Nice 2019 foi os “Reis do Cinema”.

O orçamento do carnaval para 2019 ultrapassou 7 milhões de euros. O carnaval acontece entre a Praça de Maséna e os Jardins Albert 1er. Em 2019, o tema do Carnaval foi “Os Reis do Cinema”, uma homenagem aos melhores diretores de cinema do mundo e suas obras mais famosas. O desfile de luzes (Corso Illumine) é o ponto mais importante do carnaval. O local central do desfile é a Praça Másena (Praça Másena), onde enormes arquibancadas são montadas para o público. Circula uma procissão colorida de fantoches e artistas, com vários destaques, e todos dançam ao ritmo das músicas. Durante o evento, de vez em quando, os confetes são lançados ao ar, 20 toneladas dos quais são consumidos a cada ano! Tal como acontece com a Batalha das Flores, vários desfiles de luz ocorrem durante o Carnaval. Já no Carnaval das Flores, tem um desfile de carros alegóricos ricamente decorados com flores frescas. Aqueles que estão andando nos carros alegóricos, fantasiados com roupas de camponeses (encontramos até um Avatar), jogam flores na platéia, especialmente mimosas, gérberas, lírios e rosas. No total, até 100.000 flores frescas são usadas para jogar para o público. O Carnaval de Nice termina com a queima do boneco do Rei do Carnaval e um espetacular show de fogos de artifício.

A Batalha das Flores ocorre no final, quando o povo disputa cada ramalhete.

Nossa experiência foi incrível. O carnaval da Batalha das Flores começou com meia hora de atraso. Após, um jogo de empurra para achar um bom lugar (francês não é nada educado), encontramos um lugarzinho para ver o desfile. E, pasmem, o desfile começou com a marchinha de carnaval “Cidade Maravilhosa, Rio”!! Mesmo com a música carnavalesca animada, não teve jeito, o povo francês e os europeus de uma forma geral não nasceram para requebrar. Vários blocos carnavalescos iriam desfilar e o que mais chamou atenção foi o das moças vestidas com um antigo traje militar francês. Depois vieram outros, até mulatas parecidas com as brasileiras. Chegou também a ala das moças (os) vestidos de “Rainha de Bateria”, mas nada que causasse um “frisson”!!! haha… Os balões gigantescos, com diversos formatos de monstros do mar, tomaram conta do local. Mulheres e homens com as mais diversas fantasias vestidos com pernas de pau, deram um colorido na rua. A magia do carnaval se fez presente, mas não com a alegria dos brasileiros. Por diversas vezes, ao tentar tirar uma foto, era interceptada por uma francesa ou outra que teimavam em brigar por um lugar mais próximo do gradil (parapeito). Deu para entender, que a tal batalha das flores eram os carros alegóricos cobertos por belos arranjos de flores.

O colorido das fantasias e a alegria dos artistas compensou a falta de “ginga” no corpo.

A batalha se dava no meio do povo mesmo, pois as moças que andavam nestes carros alegóricos de flores, jogavam os ramalhetes no meio da multidão. Era uma briga para alcançar um. Após muito estica mão daqui, estica acolá, pegamos “unzinho”… hahaha… Após, quase 2 horas, bem no finalzinho, as flores dos carros eram jogadas ao público e todos saiam com sacolas recheadas de flores. O laço do ramalhete era feito com a serpentina que foi jogada ao público. Um carnaval bem interessante, o da Batalha das Flores.

Esperava que o desfile da noite (Corso Illumine) tivesse menos efeito do que o do dia (Batalha das Flores). Até porque o valor do dia era 12 e da noite era 5. Mas, na sequência, vimos que não era bem assim… De novo saímos do apto em plena noite e passamos pelo mesmo processo do dia, a tal de fila para o portão de acesso. À tarde funcionavam os 5 portões e, à noite, somente o 1 e o 5, bem próximos ao mar, junto Av. Promenade des Anglais. Ao passar pela revista do Raio X, tivemos acesso ao tal carnaval noturno. No início, pouca gente, nada que pudesse entusiasmar. Fomos andando, e apareceram alguns bonecos parecidos com os de Olinda, só que com mais qualidade. Logo ali na frente apareceram várias pessoas fantasiadas de Charlie Chaplin e o carnaval foi ficando mais animado. Buscando mais calor na noite carnavalesca, já que o frio tomava conta na beira do Mar Mediterrâneo, fomos andando e logo chegamos ao final de uma rua, onde já se encontravam mais pessoas esperando o desfile. Não havia parapeitos, tudo livre. Achamos tudo meio escuro, sem alegria, estávamos esperando, talvez, o tal grito de guerra “Alô, Bateria da Salgueiro”, o tal “esquenta” que faz a gente arrepiar no carnaval brasileiro, mas nada disso aconteceu. O frio “teimava em ficar”. Vimos que havia um clarão, no outro lado da praça, eram as arquibancadas, onde estava o “calor” do carnaval e que custava 40 euros por pessoa (barato se comparado com os preços brasileiros). Para nós, o carnaval faz sentido nas ruas, nunca gostamos de arquibancadas, ou era tudo ou nada ou era o samba “cara a cara” ou “nadica de nada”. Pois bem, andamos, bateu um cansaço e eu fiz um sinal para uma moça muito bonita do outro lado da pista, pois a mesma estava sentada em uma espécie de banco de plástico (sinalizador de rua). Ela disse “vem”. Sentei ao lado dela e, muito simpática, puxou um francês “Salut mon cher”. Eu achei estranho encontrar uma francesa simpática e pensei “O mundo não está perdido”. Meia hora depois descobri que a minha amiga era australiana e estudante em uma cidadezinha no interior da França “ula’la”. Após ensinar um pouco de samba para a minha amiga australiana, que estava acompanhada de mais duas amigas, seguimos em frente e foi aí que “bateu o coração”.

O Carnaval noturno de Nice é estupendo, maravilhoso!

Bem perto da arquibancada, no meio dos holofotes “Carnaval de Nice” – “Brice de Nice”, vimos o Boneco Arlequim abrindo o carnaval de Nice, um clarão no meio da arquibancada e no microfone alguém gritou: “Alô Nice, aqui é o Rio”… tum, tum, tum… o coração brasileiro bateu mais forte e a música carnavalesca francesa tomou conta das arquibancadas. Chegamos bem próximo ao centro do carnaval e aí rolou a emoção de verdade. Logo após o Arlequim veio uma Moça gigante e depois vários carros alegóricos, um mais lindo que o outro. A noite fria foi aquecendo os corações mais gélidos com a loira do filme Os Pássaros (“The Birds”), o carro dos super heróis da Marvel e outros tantos. Aos poucos, o tema dos Reis do Cinema foi dando o tom na avenida. Que sonho, que noite mágica, voltamos a ter 15 anos!

No terceiro dia, percebemos que o sol da Riviera Francesa é azul, tudo é azul nesta cidade de Nice, até porque descobrimos que a época de ouro da região foi no período da “Belle Époque”, cuja cor símbolo era o azul turquesa.

A “Belle Époque” e a Riviera Francesa.
Os símbolos arquitetônicos da “Belle Époque” estão presentes até hoje em diversas cidades da Riviera Francesa, principalmente nos prédios, palácios e hotéis localizados nos bairros mais nobres de Nice, na Avenida Croisette de Cannes e na Avenida Promenade du Soleil em Menton. Belle Époque significa literalmente “Bela Era” e é um nome dado na França para o período que vai de aproximadamente o fim da Guerra Franco-Prussiana (1871) até o início da Primeira Guerra Mundial (1914). Foi a época de ouro da França. Novas invenções tornavam a vida mais fácil em todos os níveis sociais, e a cena cultural estava em efervescência: os cabarés, o cancan (dança), o cinema, a poesia, tudo havia se renovado, inclusive as roupas das mulheres que ficaram mais curtas e ousadas, e até os cabelos, que foram usados bem curtos.

Prédios do período da Belle Époque em Nice.

A arte tomava novas formas e a arquitetura também. A Belle Époque foi representada por uma cultura urbana de divertimento, incentivada pelo desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte, os quais aproximaram ainda mais as principais cidades do planeta. A Riviera Francesa foi escolhida neste período como o lugar mais fashion da Europa, onde os mais ricos iam passar as suas férias. Este detalhe se faz presente na arquitetura da cidade de Nice, principalmente na parte mais antiga da cidade, Vieux Nice.

Vieux Nice – Passear a beira mar em Nice é um relax para a mente.

Passamos o dia em Nice, passeando. Para não perdermos tempo pegamos o Hop on Hop e pagamos 20 euros no local; se tivéssemos comprado pela internet sairia em torno de 18 euros. Pegamos o ônibus na Avenue dos Phocéens (centro) e lá fomos nós conhecer a cidade. Nice fica em uma baía chamada de Baía dos Anjos, fechada sobre as montanhas. Por isto que, em determinadas áreas, é melhor pegar um ônibus para visitar. Através deste passeio de ônibus de turismo, descobrimos que a geografia de Nice tem altos e baixos, sendo quase impossível visitar os pontos turísticos a pé. O circuito do Hop on Hop tem 14 paradas, tais como: o Museu Chagall, o Monastério Cimiez, onde você pode espiar as ruínas do Coliseu, passear pelo Olive Grove de 500 anos, que costumava sediar o lendário Festival de Jazz de Nice, visitar o Museu Matisse, parar nas ruínas do banho romano, localizado próximo ao Museu Matisse e também passar nos magníficos jardins do mosteiro de estilo italiano. Outras paradas incluem a Place Garibaldi, 3 paradas ao longo da Promenade des Anglais, uma parada no porto com um passeio panorâmico pela extremidade do porto passando pela Coco Beach e uma parada nos três lados do centro histórico. O circuito sem paradas dura, aproximadamente, 1 hora. Bem no centro vimos a estátua do Garibaldi (herói de guerra de dois países Itália e Brasil) e ficamos sabendo que o mesmo nasceu em Nice, no tempo em que essa região pertencia à Itália. E, ainda, que nunca se conformou com o fato de a cidade ter passado a pertencer à França e não mais à Itália. Ah, só para lembrar também, que a Angelina Jolie teve seus gêmeos nesta cidade em 2008!!! Almoçamos em um restaurante bem simpático (Brasserie Jazz Cafe Pizzeria, na Avenida des Phoceens), com porções bem boas, entrada, um prato com queijo derretido e um frango com fritas e salada, suco de laranja natural e água, e tudo isto não chegou a 29 euros. Foi lá que vimos uma cena muito interessante, pois junto conosco chegou uma família de italianos, daquelas que vai desde o neto de colo até a tetravó, com direito a conversas altas, risadas e tudo o mais. Quando chegaram os pratos, todos eles pararam para rezar. Ficamos impressionados, parecia cena de filme. Saímos dali e fomos andar pela Avenida Promenade des Anglais, final de tarde, um sol em céu azul brilhante. Andamos pela orla e encontramos uma preciosidade, um cantor tocando na beira do calçadão, um espetáculo. E acabamos no alto da praia onde tem o letreiro “I Love Nice”. No caminho vimos algumas mulheres de “top less” (marca registrada da Riviera Francesa), alguns restaurantes e o calçadão com apresentações artísticas de patins. Do ponto alto, antes de chegar à região do Porto, tem uma vista maravilhosa para fotos. De mãos dadas, seguimos para a parte mais antiga da cidade, em direção ao Porto de Nice onde encontramos uma feira de antiguidades. Nada de novo, era domingo à tarde. Bem atrás da feira, vimos a Marina de Nice, com iates luxuosos. Atacamos o ônibus Hop on Hop, no meio da rua, e o motorista muito gentil nos deixou entrar e seguir até o ponto mais próximo à Catedral Russa Ortodoxa de St. Nicolas.

A Catedral Russa Ortodoxa de St. Nicolas, lindíssima.

O templo religioso é considerado uma das igrejas mais bonitas do mundo, uma das maiores fora da Rússia. Foi inaugurada em 1922 e financiada pelo Imperador Russo Nicolau III. Não pagamos entrada e fomos recebidos por uma guia de procedência russa, falando um inglês perfeito. Realmente a catedral, em seu interior, é lindíssima, mas é proibido qualquer foto interna. Tiramos as fotos pelo lado de fora, que realmente impressiona pela beleza. Seguimos a pé, até que uma senhora passou por nós com um saco de baguetes. O cheiro era algo, perguntamos onde ela tinha comprado aquela preciosidade e ela apontou uma padaria bem simples. Sentamos e fomos atendidos por uma moça francesa linda e delicada (raridade a educação). O croissant que comemos era algo que o sabor ficou no nosso paladar até hoje, juntamente com um café quente servido na hora. Para terminar o dia, ela foi tão gentil que nos deu de presente um segundo croissant. Ficamos pensando que o mundo ainda tinha solução, por atitudes tão generosas como essa. E nosso jantar foi sensacional, no apartamento, com um copo de vinho Bordeaux, um baguete da padaria da moça gentil, acompanhado de uma salada Mediterrânea, sardinhas, azeitonas e queijos franceses.

Antibes e Cannes
E, no quarto dia, o sol chegou ainda mais azul que antes. O azul turquesa realmente é a cor da Riviera Francesa. Era o dia de ir a Cannes. Mil coisas passam na cabeça quando se pensa em Cannes, primeiro o Festival de Cinema de Cannes, que antecede o famoso Oscar de Hollywood (maior premiação cinematográfica do mundo) e depois vem o charme das ruas e a beira mar, muito presente em todas as revistas especializadas do mundo. Fomos direto ao ponto de saída dos ônibus, em frente ao Jardim Albert 1er (em frente ao Hotel Mediterranee) e pegamos o ônibus 200 que vai para Cannes. Um verdadeiro “pinga-pinga”, que contorna o litoral da Riviera Francesa. Até Cannes leva 90 minutos, são inúmeras paradas que ligam as duas cidades. A vista da Avenida Beira Mar, Pomerades des Angles, mesmo de dentro de um ônibus comum é formidável (ônibus super limpo e confortável, ao preço de 1,50 euros cada). Andamos cerca de uma hora e o ônibus parou em Antibes (cidade que antecede Cannes). Olhamos pela janela e vimos o Port Vauban. Um dos portos mais famosos da Europa. Usado deste o tempo dos Romanos. O Port Vauban é o Yacht Club d’Antibes e é a maior marina (em termos de tonelagem total dos barcos e iates atracados) do Mar Mediterrâneo. Ficamos na dúvida se parávamos ou não, mas decidimos descer e apreciar Antibes, tendo sido a decisão mais correta que tivemos no dia. Descemos em uma estação integrada de trem e ônibus, ligada por uma escada até uma das ruas da cidade.

Porto de Vauban, o mais milionário da Europa (Antibes).

Descemos um pouco e entramos no Porto de Vauban. O trânsito de pessoas é livre e muitas pessoas aproveitam para passear ou tirar fotos. O porto estava lotado de iates luxuosos, e é simplesmente impressionante a quantidade de embarcações atracadas dos mais diversos pontos do mundo, cada um com o nome do seu país de origem. Cenário de pôster cinematográfico, com uma baía de iates coloridos, mar azul e com um castelo romano, mais acima, em uma montanha. Foi uma bela surpresa, uma vez que no mundo inteiro, praticamente se vê os iates de longe, pois os mesmos ficam distantes de qualquer “toque de estranhos”, por segurança. Deu para perceber que essas embarcações são, praticamente, casas completíssimas com sala, quarto e tudo o mais. Vimos, ainda, uma senhora, que estava na nossa frente, carregando um baguete, a qual entrou em um dos iates e, logo a seguir, montou a mesa para o almoço, sem nenhum tipo de glamour. Decidimos almoçar em Antibes, na tal Pizza & Co (recomendada pela Trip Advisor), mas depois de andar pelas ruelas antigas do centro da cidade vimos que a mesma estava fechada para férias. Entrando um pouco na história, por muito tempo, Antibes foi à única cidade grande entre Marseille (França) e a Itália. Era também a única cidade da costa protegida por muros, conservando assim monumentos históricos, cada um de uma época diferente. Mas só se nota esse clima histórico quando se caminha pelas ruas da cidade. Deu para perceber, também, que a mesma tinha mais características italianas do que francesas. As pessoas que circulavam por lá falavam francês, mas com um sotaque italiano. Mesmo sendo um território francês, a sensação era de que estávamos andando em uma cidade italiana. A fome bateu forte e nos indicaram um restaurante italiano para comer, o Ristorante Italiano “La Famiglia”, localizado em uma das ruelas do centro. O dono nos recebeu de avental, lugar pequeno e lotado. Conseguimos uma mesa e no cardápio somente tinha massa, lasanha e pizza, pratos acompanhados de um bom vinho da casa. Almoçamos uma lasanha à parmegiana, carregada no molho vermelho, com recheio de berinjela, presunto e queijo. De sobremesa foi um canelone siciliano, uma espécie de torta de limão. Tudo isto custou 49,00 euros para os dois. Mesmo com a sensação de ter comido um “boi pela perna”, caminhamos em direção à Estação de ônibus e trem de Antibes e pegamos, novamente, o ônibus 200 em direção a Cannes, pagando mais 1,50 euros pelo trajeto. O ônibus foi subindo a encosta e logo apareceu Cannes, uma cidade em estilo mediterrâneo, com casas e edifícios com poucos andares, com aspecto dos anos 1960 e 1970. O ônibus parou no final da linha (Estação Central de Cannes).

O charme do cinema está presente na arte gráfica das ruas.

Caminhamos em direção ao mar, na rua “La Croissete”, para visitar o famoso “Palais des Festivals et des Congres de Cannes”, onde ocorre o festival de cinema. O primeiro palácio foi construído em 1949, somente para sediar o festival de cinema.

Porém, com o tempo, o festival cresceu, e a cidade decidiu construir um novo prédio, mais moderno. E, em 1979, surgiu um centro de eventos com seis andares que foi ampliado em 1999, com um novo espaço de 10.000 metros quadrados (localizado nos fundos do prédio principal).

Tivemos sorte, o sol estava pleno e vimos a orla glamourosa de Cannes, realmente é cinematográfica. O mar azul contrastando com as areias brancas da praia, me lembrou um pouco das praias brasileiras. Mas quando você olha em volta e vê a quantidade de hotéis e prédios antigos e majestosos, é quando “cai a ficha” e se tem noção de que se está em um dos lugares mais charmosos do mundo.

A Marina de Cannes impressiona pela quantidade de iates de luxo.

A Avenida La Croisette é para ricos, mas também vimos circular por lá gente do povo. Encontramos um sanitário cinematográfico à beira mar, sinal de respeito aos visitantes e moradores. Vimos ao longo da orla algumas das famosas cadeiras espreguiçadeiras em tom azul, símbolo de Cannes e da Riviera. Andamos mais um pouco e ingressamos no espaço secundário do Palácio do Cinema. “Ula’la”, que lindo! Pegamos uma fila e entramos dentro de um salão que dava diretamente em um Campeonato de Xadrez. Cannes, a cada ano, recebe mais de 50 eventos, um deles foi esse campeonato que tivemos a oportunidade de ver de perto. Entramos no local por acaso, pois bem na entrada do local estavam distribuindo ingressos. Era interessante, pois dentro do centro de eventos, encontramos inúmeros jogadores em mesas separadas, esperando um parceiro para jogar. Havia pessoas de diversas idades, dos 8 até 80 anos, e os jogadores eram organizados por lista e identificados por nomes e números.

Andamos por tudo, rodeamos o centro de eventos e tiramos muitas fotos, inclusive da marina de iates de Cannes. O cenário era deslumbrante. Andamos mais um pouco e tiramos a foto clássica na frente do “Palais des Festivals”, aquele mesmo que recebe todos os anos inúmeros famosos, que tiram a tradicional foto no tapete vermelho.

O “Palais des Festivals et des Congres de Cannes” e o seu tapete vermelho.

Andamos pela principal rua comercial da cidade, denominada Rue de Antibes. Era um verdadeiro shopping de luxo, a céu aberto, de um lado Louis Vuitton, Prada, Chanel, Cartier, Gucci e outras famosas marcas. Eram mulheres e homens circulando como se estivessem desfilando em uma passarela. Também percebemos que uma grande parte das mulheres circulava com seus cachorros de raças caríssimas como “Spitz Alemão” ou “Lulu da Pomerânia” e outros tão famosos quanto. Algumas dessas pessoas eram extremamentes bronzeadas, o que chamava a atenção no inverno de fevereiro. No final da tarde, início da noite, pegamos o ônibus de retorno a Nice.

Principado de Mônaco
No dia seguinte decidimos passar no Principado de Mônaco. Era Dia de Aniversário.

Afinal o que é o tal Principado de Mônaco…
É como se fosse uma cidade-estado com toda a soberania de um país e que fica dentro da França. Mônaco foi fundada em 1297 e possui uma área de 202 hectares (2,02 km²), sendo o segundo menor Estado do mundo, atrás apenas do Vaticano (44 hectares). Também é o estado com a densidade populacional mais alta do mundo. A forma de governo é a monarquia e o nome do Monarca atual é o Príncipe Alberto II de Mônaco. É um dos seis micro-estados da Europa e um dos 24 do mundo… É governado há mais de sete séculos pela Família Grimaldi. O país tem sua economia baseada na atividade turística e é conhecido por seu circuito de Fórmula 1, o Grande Prêmio de Mônaco, pelo Cassino de Monte Carlo e, principalmente, pela história da Princesa Grace Kelly, uma famosa atriz que se tornou a Princesa de Mônaco. Também é conhecida como um “Paraíso Fiscal”, onde milionários e investidores colocam suas rendas no sistema bancário do país, não estando sujeitos aos controles fiscais pertinentes. Sendo assim, o custo de vida na cidade é muito alto, pois se trata de um dos lugares mais ricos do mundo.
Tomamos um café com croissants em Nice e fomos direto achar o ponto de saída da Linha 100 para Mônaco, pois a mesma contorna todo o litoral pela beira do mar. Caminhamos muito, praticamente fomos até o Centro de Nice, na Praça Garibaldi. Pergunta daqui e pergunta dali, um motorista de ônibus nos deixou próximo a um ponto, em frente ao Porto de Nice. Somente dali sai o ônibus para Mônaco. O trajeto é muito lindo e chegar em Mônaco não tem explicação, realmente é a “cara da riqueza”. O trajeto passa por diversos vilarejos e encostas que deixam qualquer um boquiaberto. Descemos do ônibus bem embaixo do Palácio de Mônaco (Palais de Mônaco). Fui perguntar a um guarda onde ficava o Palácio e o mesmo nos indicou o caminho, mas falou em italiano. Aliás, a indumentária dos guardas de rua era algo cinematográfico.

Antes de subir para o caminho do Palácio de Mônaco, tomamos café em uma cafeteria sensacional, toda decorada com motivos de camisetas esportivas (tanto dos pilotos da Fórmula 1 como da equipe de futebol de Mônaco). Subimos a montanha (chamada de Mônaco Villa), por uns 10 minutos, e a vista na subida é impressionante. Chegamos na Praça do Palácio, residência oficial da Família Real Monegasca, que atualmente é representada pelo príncipe Albert ll de Mônaco. Os Grimaldi’s dominaram a área primeiramente como senhores feudais e, a partir do século XVII, como príncipes, mas os seus poderes derivam dos frágeis acordos com os seus países vizinhos, maiores e mais fortes. Só a vista já vale a pena a visita. O Palácio Mônaco é um conjunto de edifícios construídos em uma montanha, onde tem a cidade velha, o palácio e esta vista incrível de Mônaco (dá para ver Monte Carlo e um pedaço da Itália).

O glamour da Ferrari em frente ao Palácio do Príncipe Albert.

Tivemos a sorte de ver uma filmagem de uma cena (propaganda) de alguns tipos de carros da fábrica da Ferrari. Ficou surreal tirar uma foto da Ferrari em frente ao Palácio de Mônaco, pelo glamour do lugar. Entramos em uma loja de souvenirs bem em frente ao Palácio e vimos um “boneco do Ayrton Senna”, momento que bateu um orgulho, pois foi realmente um talento mundial da Fórmula 1. Andamos mais um pouco e fomos até a Catedral de Saint Nicholas onde estão enterrados os restos mortais da Grace Kelly e do Príncipe Rainer II, sendo, também, o lugar onde ocorreu o casamento de ambos.

Catedral do Principado de Mônaco.

Só para lembrar que Grace Kelly, atriz de Hollywood premiada com o Oscar, aos 26 anos de idade casou com Príncipe Rainier II. Foi o casamento do século, assistido por 30 milhões de pessoas em todo o mundo, numa época em que não havia televisores em todas as casas. Mais de 1500 repórteres chegaram ao pequeno Principado, cuja população era de apenas 23.000 habitantes na época. Havia mais repórteres cobrindo o casamento do que a totalidade dos que participaram da Segunda Guerra Mundial. Os repórteres ficaram tão descontrolados que o príncipe Rainier teve de chamar a polícia de choque francesa. O glamour e a beleza da princesa chamavam tanto a atenção que até hoje ela é lembrada em filmes.

Principado de Mônaco, onde até os pássaros são charmosos.

A Princesa Grace (Kelly) morreu em 14 de setembro de 1982, após um acidente de carro trágico enquanto ela estava dirigindo na estrada entre sua casa de campo e o Palácio de Mônaco. Seus restos mortais estão juntos com os do Príncipe Rainer II (falecido em 2005).

A maioria das pessoas que entram na Catedral é para ver o túmulo da princesa e de seu marido. Bem em frente à catedral tem o maravilhoso Jardim Saint-Martin. É realmente um lindo jardim, com adoráveis esculturas, das quais a mais impressionante é a de um casal, onde um se apoia no ombro do outro. É muito agradável passear por ali, pois a vista é absurdamente linda e em um dos lados se observa a Marina de Mônaco e seus iates milionários. No meio do jardim há sanitários bem conservados, o que denota organização para o turismo.

Já constava em nossas anotações que iríamos almoçar no restaurante Bimbo (local favorito dos mecânicos da Fórmula 1). Descemos muito, a pé, até chegarmos à parte plana da cidade de Monte Carlo, procuramos o tal restaurante e não achamos. Até que um trabalhador de rua nos falou que havia quase dois anos que estava fechado. Ele nos indicou o Chez Edgar, na Boulevard Albert 1er. Comemos muito bem, com entrada, filet de carne, fritas, sobremesa e uma taça de vinho por 49 euros. Não achamos caro, considerando que estávamos no lugar mais caro do mundo. Dali seguimos com pressa para dar “conta do recado” do passeio, em direção ao Roseiral da Grace Kelly. Não tínhamos tempo de pegar ônibus, foi uma correria para encontrar o lugar, pergunta daqui e pergunta dali, após andarmos pelas ruas mais charmosas do mundo e passando pelos túneis da Fórmula 1 encontramos o Roseiral da Grace Kelly.

Um dos túneis da Fórmula 1 do circuito de Monte Carlo, em Mônaco.

Conveniente explicar que o Campeonato Mundial de Fórmula 1 faz parte de um conjunto de empresas chamado Grupo Fórmula 1 que faz a promoção do evento esportivo e é responsável pelos direitos comerciais do esporte. Só para lembrar que as corridas de Fórmula 1 acontecem em Monte Carlo – Mônaco – desde 1929, com o apoio da família dos monarcas. Monte Carlo é famosa pelo circuito de Fórmula 1, pela sua natureza sinuosa, que exige a habilidade dos pilotos nas ultrapassagens, pois o percurso é estreito e perigoso.

Andando pelas ruas do Principado se tem a ideia do luxo do lugar, são grifes de carros, roupas e jóias por todos os lados. Em determinados locais, no meio da cidade, encontra-se escadas rolantes para ajudar na subida a algumas das passarelas mais altas. No meio de um rochedo encontramos um elevador que dava acesso a um centro comercial, muito impressionante. Por todo o tempo, se tem a sensação que se está no topo do mundo. Após 20 minutos de caminhada, chegamos ao Roseiral de Grace Kelly.

O Jardim da Princesa e suas rosas cheirosas.

O jardim possui 4.000 rosas e uma estátua da Princesa Grace, tendo sido criado em 1984 como um memorial para a falecida esposa do príncipe Rainer III. A homenagem para a princesa Grace Kelly foi em função de que ela amava rosas e flores. Em 1980, ela publicou um livro intitulado “My Book about Flowers”, sobre flores e plantas de Mônaco e da região do Mediterrâneo. O jardim não é muito grande, mas tem vários bancos para poder sentar e descansar enquanto se está rodeado de vistas e cheiros incríveis. Para aqueles que estão interessados em rosas, o jardim tem um terminal interativo que pode identificar a localização de cada roseira em um mapa. Seguimos a pé e fomos visitar o “Heliport Fontvieille”, um lugar mais do que “high society” no entorno do Principado. Realmente, logo que saímos vimos um “Lamborghini” estacionado esperando o seu dono descer do seu helicóptero.

Já estava anoitecendo e fomos até o Porto de Monte Carlo. Passamos pelo Iate Clube de Mônaco, com super iates de luxo, dando realmente a sensação de que se dá pisando no “metro quadrado mais caro do mundo”. A Marina de Monte Carlo é um dos 10 distritos de Mônaco, e seria a sua capital.

O cenário é cinematográfico, Monte Carlo é luxuosa nos mínimos detalhes.

Monte Carlo é a cidade luxuosa mais conhecida no mundo pelo seu glamour, celebridades que fazem parte das “manchetes cor de rosa”, praias, cassinos e também bares da alta sociedade. Fomos, de novo, em direção ao Porto de Monte Carlo e pegamos um ônibus na Boulevard Albert 1er até a Avenue D’Ostende, local que tem alguns pontos para tirar fotos panorâmicas da cidade.

“Casino Square”, a quadra mais cara do Planeta.

Caminhamos e chegamos à Casino Square, a quadra dos cassinos, que é a quadra mais glamourosa do Planeta. A quantidade de carros caríssimos (Bentley, Rolls Royce, Porsche, Jaguar, etc.) que se encontra na frente dos hotéis é algo impressionante. Tudo é luxuosíssimo, a começar pelo shopping da Louis Vuitton e outras lojas menos conhecidas. Também é possível visitar os dois cassinos localizados na praça; o primeiro é o Cassino do Café Paris e, o outro, o famoso Cassino de Monte Carlo. Inicialmente entramos no Cassino do Café Paris, um local sem o glamour do Monte Carlo Cassino (ao lado), mas com alas de jogos muito modernas, caça-níqueis, roleta americana e outras máquinas de jogos. O Café também é uma brasserie construída no estilo da virada do século XIX para o XX, um terraço e lanchonetes. Era um cassino muito semelhante aos da cidade de Nice. Não ficamos muito tempo no lugar, pois estávamos loucos para conhecer o Cassino de Monte Carlo, cujo complexo inclui a Ópera de Monte Carlo e que foi construído no final de 1800 com detalhes da Belle Époque do final do século XIX. Simplesmente parece que você está dentro de um filme hollywoodiano. Foi o mesmo arquiteto, Charles Garnier, que construiu Palais Garnier (Paris – França), só que em uma versão muito menor, apelidada de “Salle Garnier”. O Cassino estava em obras, mas ficamos impressionados com o luxo da pintura das paredes com adornos decorativos inspirados na mitologia antiga e com motivos da Belle Époque. O Cassino é mantido pela Société des Bains de Mer de Mônaco, uma instituição pública do governo. Foi neste Cassino que James Bond apareceu em algumas cenas de seus filmes de ação, rodeado de glamour, dinheiro e mulheres. Um filme denominado Nunca Digas Nunca, com Roger Moore, de 1983, e Golden Eye, com Pierce Brendan Brosnan, de 1995. Dentro do Cassino, não se encontra máquinas de jogos comuns, mas sim Blackjack, roleta inglesa e européia, punto banco (Bacará), Poker Texas Hold’em e Trente et Quarante. Tem alguns salões que são famosos como o Salle Europe, o Salles Renaissance e o Amérique. Existem os salões privados, que não tivemos acesso, mas ficamos impressionados com a riqueza da decoração do bar. O cassino tem acesso normal, com apresentação de documentação e mediante uma taxa de 17 euros que poderá ser utilizada com drinkes ou jogos. O prédio do Cassino e da Ópera foi completamente restaurado em 2005, sendo preservados todos os detalhes arquitetônicos clássicos. O cassino estava em reforma, mas em funcionamento, e ficamos por lá, tomando um drink e sentados em um dos sofás mais caros do planeta. Não jogamos, não “apeteceu” (hahaha). Não era permitido tirar fotos das roletas e das salas, mas tiramos do banheiro, com suas torneiras douradas. A entrada da Ópera é simplesmente adorável, o teto todo decorado em dourado, demonstra o luxo da Belle Époque, além de alguns painéis que demonstram o que era o lugar na época.

Voltamos até o Porto de Monte Carlo, pegamos um ônibus, descemos no Porto de Nice, andamos um pouco e jantamos em um restaurante muito legal, de uma família de italianos. Comemos frutos do mar, bebemos vinho, tudo isso com direito a um bolinho de aniversário (o restaurante fica próximo à Praça Garibaldi). Que luxo de dia!

Menton
No último dia antes do retorno fomos a Menton, mas antes vamos contar o seguinte episódio. Acordamos e fomos direto para a Gare de Nice Ville, a estação de trem que leva até a Praia de St. Tropez. Pegamos um tran de superfície na Praça de Másena até bem próximo à estação. Após passar por diversas situações constrangedoras com funcionários “estúpidos” na Estação de trem, fomos até a Central de informações turísticas para tirar dúvidas de como ir até St. Tropez e foi pior ainda. Após discutirmos com a funcionária da central e por não entendermos o inglês ruim dela, acabamos sendo atendidos por uma funcionária dos guichês de serviços. Ela nos enviou para um departamento que vendem tickets de trens. Neste momento ficou claro que para chegar até St. Tropez tem de pegar um trem até St. Raphael (80 Km e em torno de 1 hora) e depois um ônibus até St. Tropez (20 Km e mais meia hora). Realmente a logística de Nice até St. Tropez não é favorável. Então, resolvemos ir a Menton, uma cidade balneário, situada após o Principado de Mônaco. Comprarmos os tickets (máquinas antigas), pagarmos 11 euros para os dois, e meia hora depois estávamos desembarcando em Menton. Que surpresa maravilhosa, a cidade dos Cítricos!

A simplicidade de Menton é um encanto!

Menton, apelidada de Pérola da França, é banhada pelo Mar Mediterrâneo e está localizada bem na fronteira franco-italiana, em frente à cidade de Ventimiglia, na Itália. Após passarmos um dia de luxo em Mônaco, andar em uma cidade como Menton, era como estivéssemos entrando em uma cidade real, daqueles balneários brasileiros, com muitas lojinhas, calçadões e uma beira de praia com bares e guarda sóis.

Vimos muitas arquibancadas instaladas na beira mar e a conclusão foi a de que chegamos em pleno carnaval de Menton. O nome do evento é Menton Lemon Festival, e é único no mundo, onde os carros alegóricos são feitos de esculturas de frutas cítricas, em torno de 145 toneladas.

O Carnaval “Castelo da Bruxa”, todo feito com limões e laranjas”.

O Carnaval segue um determinado tema a cada ano, por exemplo, nos anos anteriores já houve Viva a Espanha, Disney, Neverland e Índia. O festival dura alguns dias, com diferentes bandas passando pelas ruas de Menton a pé ou em trailers de caminhões. Durante o festival, as ruas de Menton pertencem aos gigantes, desfiles de instrumentos de sopro, acrobatas, assobios, bateristas e ao público mascarado que dança de acordo com a música dos desfiles. O festival é semelhante aos maiores carnavais do mundo. São mais de 220.000 mil visitantes em poucos dias. Ficamos impressionados com os números (mais de 10 carros alegóricos, 200 artistas que desfilam, 15 pessoas encarregadas de trocar as frutas, 5 toneladas de frutas adicionais, 750.000 faixas elásticas adicionais para amarrar as frutas, etc.). Dando prosseguimento, andamos pela beira da praia, vimos o Cassino Barrriére, mas não entramos. Andamos pela cidade de mãos dadas, olhando cada lojinha, onde se encontrava todos os formatos de limões, seja na forma de sabonete, perfume, saquinhos de lavanda, biscoitos e até o famoso Licor de Limoncello. A grata surpresa foi o nosso almoço. Por pura intuição entramos em um restaurante muito simples (Tratori La Mamma – 1, Rue de La Marne 06500), uma cantina italiana. Sentamos, como quem não espera muita coisa, olhamos o cardápio e pedimos uma sugestão ao garçom, e eis que o italiano, com jeito “afrancesado de ser”, nos explicou como era preparado o peixe provençal. É também conhecida como a Cozinha do Sol, pois se baseia nos produtos típicos da estação. Uma culinária colorida de acordo com a Riviera Francesa, repleta de sabores, cores e texturas.

A culinária provençal foi um ponto alto em Menton.

A culinária provençal é um capítulo à parte na cozinha francesa. No lugar da manteiga, entram os azeites de pequenos produtores locais. O sabor único das receitas vem principalmente da mistura de ervas aromáticas, sobretudo nos peixes, e de legumes frescos da estação. As ervas mais usadas são o tomilho, alecrim, louro, sálvia, lavanda e estragão. O alho também tem espaço entre os principais ingredientes. Foi assim que comemos o melhor prato dos nossos dias na França, de uma forma simples e muito natural. Depois de saborearmos o peixe provençal, realmente foi aprovado.

O dia foi romântico, fomos em direção à praia, andamos até a orla e tiramos fotos do Mar Mediterrâneo. A vista do castelo à beira mar era maravilhosa.

Castelo à beira do Mar Mediterrâneo.

Enfim, Menton é charmosa, talvez não tanto como a St. Tropez de Brigitte Bardot, ou das estrelas de cinema de Cannes ou dos grandes apostadores de Monte Carlo, mas a simplicidade é que torna a cidade tão atraente. A oportunidade de namorar de mãos dadas, andando pelas ruas do balneário, sem se preocupar com nomes de ruas ou monumentos, sendo bem recebidos pelos franceses, quase italianos, serviu para dizermos: “Até breve França e Riviera Francesa, iremos descobrir mais lugares românticos como estes!”

Dicas
• Com esta viagem, chegamos à conclusão de que se hospedar em um apartamento é muito mais confortável e econômico de que em um hotel. A primeira vantagem é a localização, você pode ficar em lugares próximos de pontos de interesse como estações de trem ou ônibus ou até mesmo no centro das cidades. A outra vantagem e comodidade é poder fazer as suas próprias refeições em casa, linkando assim, a dieta com a economia. Muitas vezes, os restaurantes turísticos só servem pratos à base de carboidratos como massas e pizzas. Sem contar que nos supermercados encontram-se os melhores vinhos e comidas típicas locais. Encontramos o nosso apartamento no www.booking.com.

• Nesta viagem ficamos hospedados em um apartamento localizado na 2 Rue du Commandant Raffali, bem próximo à Promenade des Anglais (Passeio dos Ingleses) e da Praça Massena (onde saem os trans – trens de superfície) e alguns ônibus para diversos pontos da cidade.

• Vá sem stress e se tiver um “pequeno incidente” com o “nervosismo” de alguns franceses, dê risada. A quantidade de gente boa é maior que aqueles não tão educados ou mal-humorados.

• Para visitar os vilarejos charmosos em volta de Nice como o Villefrance-Sur-Mer e outros tem que alugar um carro, o que é relativamente econômico, levando se em conta o custo x benefício.

• Para se deslocar de uma cidade para outra na Riviera Francesa, o ônibus circula mais rápido do que os trens e também circulam pela orla do Mar Mediterrâneo. Os trens são mais cômodos.

• St. Tropez (praia da Brigitte Bardot). Tem de ter tempo para curtir este lugar, a logística de chegada não é fácil. Tenha pelo menos dois dias com pernoite neste lugar paradisíaco.

• A Linha 100 de ônibus faz o “geralzão”, que vai de Nice a Menton, e a Linha 200 é a que liga Nice a Cannes.

• Para ir ao aeroporto tem uma linha especial (98 e 99) que circula na Avenida Promenade des Anglais e leva no mínimo 45 minutos, mesmo sendo perto do centro de Nice.

• Mônaco – A forma mais econômica de conhecer a cidade é através do Hop On Hop (ônibus turístico) – Mônaco Le Grande Tour. Pesquise no www.monacolegrandtour.com.

• Fique pelo menos dois dias em Mônaco para curtir a Coleção de automóveis do Principado de Mônaco. Também, se possível, visite o Museu Oceanográfico.

• E, por último, faça uma loucura romântica e gastronômica: compre um baguete, um queijo formagge e um bom vinho Bordeaux e vá para a praia curtir o pôr-do-sol. Aí sim, a viagem terá valido a pena!

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