As ViagensMunique, a “Miami da Alemanha”

Munique, a “Miami da Alemanha”

No mês de agosto de 2017 fomos de Nottingham até o aeroporto de Luton e voamos para Hamburgo, iniciando nosso passeio de 12 dias pela Alemanha. Atravessamos o país germânico de trem, nos hospedando e visitando diversas das principais cidades até a etapa final, em Munique.

Caso me dessem a oportunidade de definir Munique em uma só palavra, eu diria: “divertida”. Sim, a cidade é alegre, colorida e tem um ambiente descontraído.

Munique vem da palavra alemã Mönche, que significa monges.

Talvez porque ao chegar à cidade, após cinco horas de trem, vindo de Colônia, se encontra uma cidade receptiva. Segundo historiadores, a origem do nome Munique vem da palavra alemã Mönche, que significa monges, devido à construção de uma abadia para monges que deu origem à cidade.

A cidade pode ser definida com um único adjetivo: “divertida”.

Já na estação central você tem uma idéia do quanto a cidade é típica “alemã”. Por todos os lados se encontra o famoso “Pretzel” e dizem que a receita é oriunda de Munique. É uma comida típica dessa região. Na verdade, é muito mais que isso, o “Pretzel” representa uma tradição muito forte dentro da cultura, da religião e da história dos alemães.

Dizem que a receita do “Pretzel” vem de Munique.

Sabe-se, no entanto, com certeza, que é uma iguaria antiga, com registros em manuscritos que comprovam o seu consumo na Europa durante a Idade Média. Mas o fato é que, chegando à cidade, você encontra esta “rosca gigante” em todos os lugares. Chegamos tarde e pegamos o metrô errado, indo parar em uma estação muito longe do centro de cidade. Nossa hospedagem era no Mercure Hotel München Ost Messe, longe do centro (pelo menos na nossa ótica). Tivemos que chegar à estação do metrô, pedir auxílio para os trabalhadores noturnos da estação (que estava fechada) e dali pegarmos um ônibus (mais de 20 minutos) chegando bem próximo ao hotel, em uma zona residencial. Tivemos que contar com a boa vontade da motorista do ônibus, que foi muito profissional e atenta ao nosso bem estar, deixando-nos no local correto, perto da nossa hospedagem.

A torre de Neues Rathaus, com o relógio “Carillon” e a dança dos bonecos, é o melhor atrativo da cidade.

Já no primeiro dia descemos na Marienplatz (Praça de Maria), a principal praça do Centro Histórico de Munique. A praça é dominada pelo belíssimo edifício da Neues Rathaus (prefeitura), com uma fachada imponente exibindo imagens da história e das lendas da Baviera. O edifício foi erguido em estilo neogótico, na segunda metade do século XIX. É ali que se encontra o relógio mecânico (Carillon), que fica no alto da torre, o qual executa a dança de bonecos em miniatura em determinadas horas do dia: 11h, 15h e 17h (horário de verão). Nesse momento, todas as atenções dos turistas e os flashes de máquinas fotográficas e dos celulares existentes na praça se voltam para o funcionamento do relógio. Encontra-se de tudo, pessoas dos mais diferentes cantos do mundo, que se encantam com o movimento dos bonecos. Até porque é de parte do edifício da Neues Rathaus que saem os vídeos e as fotos de final de ano com as imagens que representam o Natal da Alemanha. O prédio foi destruído pelo fogo em 1460, reconstruído no estilo gótico entre 1470 e 1480, sendo completamente destruído novamente durante a Segunda Guerra Mundial. A fachada da Neues Rathaus exibe estátuas de duques, reis e príncipes da Baviera, além de santos e figuras míticas. No centro do prédio fica a Torre do Relógio, com 80m de altura. Tem-se a visão de uma procissão de cavaleiros e bonecos representando o povo dançando para comemorar o fim da peste do século XVI.

Paulaner, uma das cervejas mais saborosas e conhecidas mundo afora.

Bem perto dali tem vários bares para tomar aquela cerveja da Baviera e a nossa opção foi pela Paulaner, uma das mais saborosas e conhecidas mundo afora, fabricada desde o final do século XIX. É feita com lúpulo fino e aromático e malte de cevada. Para os apreciadores da bebida a mesma tem baixa fermentação, é leve e balanceada. Cerveja de fácil digestão, boa para se consumir com pratos da culinária alemã.

É no entorno da Praça da Marienplatz que tudo acontece.

Perto da Neues Rathaus está, praticamente, a maioria dos pontos de alta atratividade de Munique. É na Praça da Marienplatz que tudo acontece. É neste local que se encontra o grande “calçadão de comércio” com lojas como a Sendlinger Strasse e a Neuhauser Strasse. No entorno da Marienplatz encontra-se o Virtualienmarket, a Frauenkirche, o Palácio Residenz, a Odeonplatz, o Hofgarten, a Igreja de St. Peter, a cervejaria Hofbäushaus e os portões medievais da antiga cidade murada. No primeiro dia ficamos somente na área de entorno da Marienplatz e ainda faltou tempo para ver tudo.

“Weißwurst mit Brezel”, prato típico formado por salsicha branca, chucrute, pão escuro e mostarda adocicada.

Um dos pontos altos da cidade é Virtualienmarket, o mercado público próximo à Marienplatz. Foi lá que comemos um dos pratos mais tradicionais da cidade o “Weißwurst mit Brezel”, a famosa salsicha branca, acompanhada de chucrute, pão escuro e mostarda adocicada, além, é claro, da cerveja Paulaner. O Viktualienmarket possui diversas opções de gastronomia entre os mais de 140 Biergartens (bares). É possível encontrar vários menus diferenciados no Virtualienmarket. O ponto alto do mercado é a praça com as mesas comunitárias, onde se tem a impressão de que se está em plena Oktoberfest (a festa alemã mais famosa do mundo).

Biergarten, uma parada para tomar uma cervejinha alemã.

Outro lugar muito divertido que visitamos perto da Marienplatz foi a Hofbräuhaus, ou simplesmente HB, a cervejaria mais popular e conhecida da Munique. Foi neste local que em 1920 Hitler apresentou o Programa dos 25 Pontos, que foi aprovado por mais de 2000 pessoas do seu partido.

Hofbräuhaus, ou simplesmente HB, a cervejaria mais popular de Munique.

O prédio onde se encontra esta cervejaria foi destruído durante a Segunda Guerra Mundial, tendo sido reconstruído em 1958. O mais legal é que bem no centro da cervejaria tem uma bandinha que toca as tradicionais marchinhas alemãs e onde a maioria dos visitantes tira aquela foto para lembrança. A casa é muito grande, toda ambientada nos anos 30 e com mesas comunitárias, do tipo “Oktoberfest”, sendo possível visitar o salão onde ocorreram alguns eventos históricos.

Há um cuidado especial com a decoração do ambiente.

O lugar é muito movimentado, as garçonetes estão vestidas com o traje alemão “Bayerisch”, e carregam as cestas para vender o “Pretzel”. Dizem que lá se come o melhor “joelho de porco” do mundo. Acabamos comendo um pedaço de carne de porco com batatas, muito saboroso, mas faltou coragem para comer o tal do joelho.

No dia seguinte fomos à Allianz Arena, o estádio de futebol do Bayern de Munique, inaugurado no final de abril de 2005, e que está localizado no distrito de Fröttmaning (meia hora de metrô, a partir da Marienplatz).

O Allianz Arena do Bayern de Munique, um espetáculo de estádio de futebol.

É o estádio oficial do Bayern de Munique (substituindo o Olympiastadion) e sediou o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2006. Fomos lá porque queríamos tentar entender por qual motivo o Brasil perdeu para a Alemanha por 7×1, na última Copa do Mundo (2014) e, em nossa opinião, a lição que fica é formada por diversos fatores: organização, estrutura e competência, dentre outros. Para chegar até lá deve-se descer na estação de metrô Fröttmaning e andar cerca de 1 km. Logo na saída da estação já é possível avistar o estádio. Pegamos um tour guiado, que permitiu visitar as principais áreas do estádio: arquibancadas superiores e inferiores, vestiários, sala de entrevistas, túnel de entrada até o campo. O tour durou aproximadamente 1 hora e meia e valeu cada centavo.

A parte interna do estádio é maravilhosa.

A parte mais emocionante do tour é a entrada pelo túnel de acesso ao gramado, ao som do hino da “Champions League”. Ao término da visita guiada, se passa no Museu do Bayern de Munique, onde se tem uma idéia da grandiosidade do Clube, pela quantidade de troféus que o mesmo ganhou nos últimos tempos. Há a loja oficial do Bayern, que possui uma infinidade de produtos como camisetas, bolas, flâmulas, entre outros itens. Dizem que o estádio fica ainda mais lindo em noite de jogo, quando a iluminação passa do azul para o vermelho, e vice-versa, em tons “degradê”.

Englischer Garten ou English Garden, a praia de Munique.

Outro passeio de destaque foi ao Englischer Garten, muito próximo do centro de Munique (parque urbano, com cerca de 3,7 km²). Ficamos pouco tempo, mas valeu a visita. Pegamos um sábado de muito sol, em pleno verão europeu e aí foi aquela alegria. Eram crianças, jovens e adultos se refrescando no Rio Isar, que passa no meio do jardim. O parque é imenso e possui muitas paisagens interessantes, além dos famosos “Biergarten” (bares com bebidas e lanches). O parque é cortado por belos canais e habitado por aves e outros animais. Ficamos impressionados com a beleza do lugar. Simplesmente porque parecia um “Conto de Fadas”.

“Surf de Rio” ou “Eisbach Wave”, o riacho é raso e requer experiência e habilidade para surfar.

Acabamos retornando ao English Garten, no outro dia, para ver de perto o tal “Surf de Rio” ou “Eisbach Wave”. Já no inverno chama-se “Surf no Eisbach” (“riacho de gelo”, em alemão). O riacho é um braço do Rio Isar e forma uma onda “de respeito”, logo depois da ponte. Jovens (meninos e meninas) e até alguns mais maduros se aventuram surfando a céu aberto, em uma onda que se forma a partir de uma plataforma de concreto no fundo do riacho (a onda tem cerca de um metro de altura e 12 metros de largura). Fica na Prinzregentenstraße 1, ao lado do Museu de Arte. É de se “tirar o chapéu” para a criatividade dos alemães e até pela coragem para surfar com tanta destreza. O riacho é raso e requer experiência e habilidade. A exibição de cada surfista, manobrando em cima da onda, não dura mais do que 1 minuto, mas é um espetáculo que deixa todos boquiabertos, pois a maioria cai da prancha e retorna após uns 5 minutos, dividindo espaço com os colegas.

A cidade e seus jardins encantados.

Pegamos o ônibus City Sightseeing Munich, para dar aquela visualizada na cidade. É praticamente impossível conhecer a cidade em 3 noites e 4 dias, mas dá para fazer um agradável passeio de ônibus (descemos várias vezes durante o trajeto). Munique encanta pelos prédios majestosos e seus jardins, mas principalmente pelo centro econômico arrojado e tecnológico, sendo Sede de organizações importantes de renome e prestígio pelo mundo afora como: Adidas, Bayer, Dr. Oetker, Nívea, Puma, Henkel, Melitta, Siemens e Faber Castell, tendo, ainda, como principal produto de exportação, as empresas automobilísticas Mercedes-Benz, BMW, Volkswagen e Audi, entre outras. Acha isso pouco ou ainda quer mais? Foi neste tour que conhecemos um pouco sobre a Ludwig Maximilian University of Munich (LMU), ou popularmente Universidade de Munique, que é uma das mais antigas da Alemanha. Fundada em 1472 pelo Duque Ludwig IX da Bavária, estabeleceu-se de vez em 1826. Dividida em 18 faculdades – que vão de Teologia Protestante à Engenharia de Energia, passando pela Graduação e Mestrado em fabricação de cervejas –, é hoje a segunda maior universidade da Alemanha, com cerca de 50.300 estudantes.

Portão da Vitória, um arco do triunfo, coroado por uma estátua da Bavária.

Também visitamos o Portão da Vitória, um arco do triunfo coroado por uma estátua da Bavária. Muito danificado durante a Segunda Guerra Mundial, foi apenas parcialmente reconstruído, para servir como recordação da guerra ou, melhor, para lembrar o que nunca mais deveria se repetir. Muito significativo em termos de história, porém praticamente inacessível (tiramos foto de longe), devido ao intenso trânsito do local.

Enfim, Munique fechou com chave de ouro o nosso passeio pela Alemanha. Fizemos o voo de retorno de Munique até o aeroporto de Luton e voltamos para Nottingham maravilhados com a reconstrução que esse país de primeiro mundo conseguiu fazer em poucos anos de pós-guerra, com base em muito trabalho e na educação, além de conseguir apresentar picos de industrialização e de tecnologia ou, em outras palavras, progresso.

Finalizando este post, temos a dizer que restou a intenção de voltarmos várias vezes para Munique, porque simplesmente ela merece e nós também. A cidade respira alegria, diversão e muita cultura, além de ser muito bonita e agradável e possuir ótima gastronomia e excelente cerveja.

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